sábado, 31 de dezembro de 2016
FIM DO ANO
A brisa sopra de leste de mansinho
Pra anunciar qu' o ano 'stá acabar.
Há alguns restos, ainda, plo caminho...
Ouvem-se, ao longe, sinos a tocar.
Como pluma suave de um arminho,
Há ainda raios de sol a brilhar
E parece dizer adeus com carinho,
Pois outro ano está pra chegar.
Daqui a pouco, aparecem no céu
Vários foguetes a 'stoirar no breu,
Saudando o ano que se aproxima.
Em seguida, ao fazer a despedida,
Vai-se dormir com a lua colorida...
E é assim que mais um ano termina.
Modesto
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
DO ANO QUE PASSOU
Peguei no meu viver, pus nos dois pratos
Da balança que pesa a minha vida.
Ao ver a multidão de tantos factos,
Ficou a baloiçar, enlouquecida!
Desesperei! Quis ver quais os relatos
Qu' a deixaram assim enfurecida,
Plo turbilhão perverso de meus atos,
Ela terá ficado ressentida?
Eu fui só um ator que desfilou,
Que fez o seu papel, representou
E foi palhaço, herói e guerreiro!
Se errei, por vezes, no meu percurso,
Por certo, não houve outro recurso...
Terão de condenar o mundo inteiro!
Modesto
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
CONTAS DE FIM DE ANO
Durante o ano, não fui perfeito!
Fiz erros, omissões, pouco temor,
Tive desdém, fui árido no peito...
Na retrospectiva, é recompor.
O rito de se dar daquele jeito
Deixa fraca a fé no Criador.
Ao ter e ao prazer já fui afeito...
Há dias sem afecto nem calor!
Porém, também fiz algo bem feito,
S' o coração implorava respeito,
Dava sempre um raminho de flor!
Então, quem sabe ter crédito feito,
Que se vá doando sem preconceito
E aprenda a falar com amor!
Modesto
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
SONHO ASTRAL
Rasgam-s' as nuvens no céu estrelado,
Invade-m' a vontade de gritar,
O sol mantém-se ao longe, calado
Observando o brilho do luar.
A fada deixa seu sono encantado,
Pega na harpa e pões-s' a tocar.
O sol, dormindo, sonha deleitado
Com a lua que se irá deitar.
Ouço ao longe um galo cantar.
Está para nascer um novo dia.
A lua vai-s´embora a chorar,
Mas o sol desperta com alegria!
E a lua adormece, por fim.
O belo sol nada leva a mal,
Pois ama a lua tanto assim
Que vê-la-á num sonho de Natal!
Modesto
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
ESPÍRITO DE NATAL
Todo o amanhecer me sorri!
Sinto nele tod' a força do mundo
E lembro os dias que já vivi,
Assim, leve, num bem estar profundo!
Com esperança, sinto alegria,
Pode fazer sol ou 'star a chover.
Voo nas asas da melancolia
E nada na vida me faz sofrer.
Sinto a alegria de viver,
Já que o Natal me fez renascer:
Bebi o amor da felicidade!
Há dias que apetece voar,
Sonho acordado a flutuar,
'Spírito leve, plena liberdade!
Modesto
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
NATAL COM CARIDADE
No mundo, a caridade,
Contra o vício infando,
Da dor da humanidade,
Veio Jesus abrandando.
Nos mais sombrios horrores,
Por entre mágoa nefasta,
Tudo coberto de flores,
A caridade arrasta.
Semeada com carinhos,
Ela abre-nos as portas.
Ajuda os pobrezinhos
No 'scuro das horas mortas.
Faz dos tormentos a calma,
Ouv' os soluços do mundo.
Abrange todas as almas
Dentro do Amor profundo.
O céu d' estrelas se veste
Num fluído misticismo,
É sentimento celeste
Vibra em noss' organismo.
Alegria mais acesa
Nossas cabeças invade...
No seio da Natureza,
Glória à caridade!
Cantemos todos os anos
A festa da caridade
Dos sentimentos humanos
A solidariedade!
Modesto
domingo, 25 de dezembro de 2016
NOITE DE NATAL
Noite de Natal, tudo iluminado!
Brilham estrelas repletas de luz.
Reza-se a Jesus, bem acordado....
Hoje nasceu o Menino Jesus!
Há alegria e há esperanças.
As tristezas foram para bem longe.
São lindos os sorrisos das crianças.
Há Boas Festas na casa do Monge.
A família ao redor da mesa
Em confraternização perfeita
E reunidos na sagrada ceia!
Come-se de candeia acesa.
A fé leva à oração bem feita...
Casa pobrezinha, hoje s' asseia!
Modesto
sábado, 24 de dezembro de 2016
NATAL
Ó meu Menino Jesus,
Vem para o nosso colo,
Para ser a nossa luz
E ser o nosso consolo.
Mesmo num mundo agreste
Que nos envolve feroz,
Não faltaste, pois, vieste,
Com Teu sorriso, a nós!
Aqui, como em criança,
- Quantos anos já lá vão! -
Ficou-nos a esperança:
Fic' em nosso coração!
E... Pensativa. Mãe Pura,
Ouve, fitando Jesus,
Os rouxinóis na 'spessura
Dum cedro qu' h´-de ser Cruz!
Modesto
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
NATAL FRATERNO
Quem me dera que a paz reinasse no ar,
Que inspirasse a vida do ser humano,
Qu' em todos os cantos da terra foss' amar
Cheios de ternura, no seu quotidiano!
Plantado na alma um eterno natal,
Semeada, colhida a paz de Jesus,
Criando um mundo sem conflitos, real
E brilhando o resplendor da Sua luz!
Com o eterno espírito natalino,
Cada irmão dando afecto cristalino,
Todos eram amáveis no interior!
Assim. através do Filho, Jesus Menino,
Partilhariam as bênçãos do Criador
Que nos doou Seu imensurável amor!
Modesto
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
NOITE FRIA
Dia, não acabes, noite, não me leves
Nas asas das trevas frias, sem matéria.
Qu' a eternidade faça vidas leves,
Com um agasalho, nesta miséria!
Noite, esvazias-te na luz sidérea,
Dá-me dia, nos meus dias, sempre leve,
Que viva em cor-de-rosa sem miséria...
Tira-me a cruz negra do frio da neve!
Sob ondas das nuvens, 'stá meu conforto,
Nesta terra, cais da vida, o meu porto...
Leva-me pra lugar quente pra amar.
Noite fria, do meu mau dia, leva
Prá luz que vai surgir, alegre treva!
Do céu virá Estrela sem s' apagar!
Modesto
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
COMEÇOU O INVERNO
Amanheceu no cimo da colina,
O sol de madrepérola s' arqueia
Com um perfume de selva branquinha,
Bem limpo e, reluzindo, ondeia.
Uma luz virginal e cristalina
Da ribeira transbordante ou cheia,
Pingos de cristal na verde campina
Alegram a terra e a areia.
Um sol frouxo como gema de ovo
É tão antigo e parece novo...
É a frígida estação do Inverno!
E chilreiam nas árvores frondosas
Pássaros... E há geada nas rosas
Sem vigor... Como o tempo moderno,,,,
Modesto
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
O CICLO DA VIDA
A vida, luta e queda, queda e luta!
A morte, a mesma luta, o mesmo empenho.
É assim que Deus lapida a pedra bruta,
Ao menos é o que lembro de onde venho...
Na vida, a consciência diminuta,
Na morte, a mesmo mó, mas outro engenho.
E a dor a burilar-nos a conduta!
São estas as minhas lembranças que retenho...
A vida, a morte... O ciclo permanente,
São os aros desta roda que se pressente,
Os caminhos do futuro e nos convida
À evolução eterna e de tal sorte
Que se há, depois da vida, sempre a morte,
Há, depois de uma morte, a nova vida!
Modesto
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
DIVINO NASCITURO
Do alto, no infinito, alguém procura
Tornar à efervescência desta pira...
O espírito excitante que pedira
A chance de uma nova investidura.
Ele esforça-se, trabalha, se depura
Até que, na matéria, então, s' atira...
Já não há mais rancor, nem medo, nem mais ira,
No ventre, a paz da Divina Criatura!
Em breve virá ao mundo uma Criança,
Tão guerreira desta guerra interior
De imenso desafio, ao qual Se lança!
Cabe ao mundo adulto, então, transpor
A porta que o separa da esperança,
Na voz do bom exemplo, à luz do amor!
Modesto
domingo, 18 de dezembro de 2016
SUAVE ESPERA
Vem depressa, Criança,
Sonho do amanhecer:
Tenho grand' esperança
De ver o Jesus nascer!
Tu não esperas o tempo
Pró amor acontecer...
Trago-Te no pensamento
Em sonho d´alvorecer.
Tu não esperes à porta,
Arco-Iris de jardim,
Esperança não comporta
Não Te ter ao pé de mim!
Suave é a espera
Para Te ver renascer.
É sonho de Primavera
Que renasce pra Te ver!
Modesto
sábado, 17 de dezembro de 2016
IGREJA DE SANDE
Igreja-Mãe... e a Grei a acompanhá-la,
Um Éden ruralino que eu diviso!
Beja-a o sol nascente, ao acordá~la,
Tu és, Igreja rural, um Paraíso|
Teu despertar tem o fulgor da opala,
Quando te dour' a auror' em seu sorriso.
Saudades de ti leva quando abala
O sol da tarde, lento e indeciso.
Outra causa, porém, é que me induz
Chamar-te Paraíso, Éden de Luz,
A ti qu' a Luz de Deus tanto alumia.
É porque vejo que diariamente
Há no teu Sacrário quem s' alimente
Da Árvore da Vida - Eucaristia!
Modesto
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
VOLTAR A SER MENINO
De velho se volta a ser menino,
Encantos descobertos pela lua,
Meus brinquedos lúdicos empino.
Elevando aos céus minh' alma nua,
Retorno a rever o meu destino,
Aquele rapaz qu' andava pla rua,
Sonhando mil sonhos, em desatino,
Sem s' aperceber qu' a vida é crua.
Meu passado revejo num instante,
Meu presente englobo no futuro
Que se torna cada vez mais incerto.
Não lhe tira o brilho de infante
Que fazia claro o qu' era 'scuro
E plantava jardins pelo deserto!
Modesto
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
DEUS QUER OUVIR A NOSSA VOZ
Deus quer que Lhe falemos, quer ouvir
Nossa voz a sair do coração.
Adorá-Lo, dar-Lhe graças, pedir...
Pra isso foi feita a oração.
Mas, se eu peço e alcanço tudo,
Vou esquecer o filial dever
De O adorar e andarei mudo...
Pra pedir, humilde se deve ser!
Mas o Pai que ouvir a minha voz:
É a pedir que Lhe falo a sós...
Rezar, pedir humilde, com amor.
Adoro Meu Senhor, em oração,
Já aprendi, Pai do céu, a lição...
Abreviai, agora, a minha dor!
Modesto
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
VELANDO O MENINO
Sou peregrino do caminho santo,
Tenho na alma lâmpada de cego,
As invisíveis amplidões de pranto
Que iluminam negro sobre negro.
Eis o Amor no berço sacrossanto!
Eu, feliz, nas Tuas mãos me entrego.
Vou compondo as dobras do Teu manto,
És o Filho leal a Quem não nego.
Ao poeta, a Natureza fala,
Enquanto estremece ao escutá-la,
Transfigurado de emoção, sorrindo...
Sorrindo aos céus que se vão desvelando
A mundos que se vão multiplicando,
A portas d' ouro que se vão abrindo!
Modesto
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
ESPALHA O AMOR PELO MUNDO
Canta, vem par' o mundo da magia,
Escrev' a paixão da alm' inquieta,
Comove-te com trovões d' alegria,
Diz o amor como diz o profeta.
Ergue o teu pensar em linha reta,
Canta o que na vida tem valia,
E se ninguém se lembrar do poeta,
Lembrar-se-á, talvez, da poesia.
Mostra poesia feita a esmo
A quem ama fechado em si mesmo...
Fugir do amor? Quem o faz s' ilude!
Na folha de papel em que tu lavras,
Constrói o teu castelo de palavras:
Amor, poesia em plenitude!
Modesto
domingo, 11 de dezembro de 2016
PEREGRINOS À ESPERA
Aplanamos caminhos com peito a arder
Numa ânsia profunda e dolorida,
Esperamos o Menino que vai nascer
Para podermos conquistar a outra vida.
Derrubar montes, aplanar vales... sofrer,
Ter a alma tão sozinha e tão perdida
Que se esforça, aspira ainda ver
O Profeta que nos chama par' a subida.
E caminhamos por estradas dos desertos,
Olhando par' o longe de braços abertos,
À espera que venha o Deus do amor.
E vai chegar esse dia tão desejado!
E já temos nosso coração despojado...
Humildes diremos: "Aqui me tens, Senhor!"
Modesto
sábado, 10 de dezembro de 2016
O VENTO DO NORTE
Bates de frente, ó vento do Norte,
Afagas, sem carinho, nossa pele,
Como fantasma, voas, dás suporte
Ao frio dos que pla cidade zele.
Manténs fortaleza apreciável,
Suavizas os raios do sol quente.
Tua frieza é arrepiável
E tornas um abrigo atraente.
Trazes mais tristeza à nossa gente,
Arrepias todo o continente,
Afastas o calor . é tua prática!
És vento fera que vais na primeira
Aragem fria e alvissareira,
Tornas-t' antipatia emblemática!
Modesto
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
ADVENTO
Da raiz de David saiu a vara
Para dar sombra ao mundo inteiro,
Verdade que o mundo rejeitara,
Desfazer o orgulho altaneiro.
Em igualdade numa vida rara,
O lobo andará com o cordeiro,
Animais juntos na mesma seara,
Fraternal convívio verdadeiro.
E virá o Deus Menino à terra,
Com o Seu poder que na mão encerra
E mudará as coisas duma vez.
Porque será grande entr' os maiores,
Sendo Senhor de todos os senhores,
Rei dos reis!... E vizitá-Lo-ão três.
Modesto
A IMACULADA MÃE
Sou verdadeira mãe de Deus que é meu filho
E sou Sua filha,'inda ao ser-Lhe mãe.
Ele d' eterno existe e é meu filho
E eu nasci no tempo e sou Sua mãe!
Ele é o meu Criador e é meu filho
E eu sou Sua criatura, sou Sua mãe.
Foi um divinal prodígio ser meu filho,
Ser um Deus eterno e ter a mim por mãe!
E o ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe
E, também, foi a mãe que deu o ser ao filho.
Se, assim, o filho teve o ser da mãe,
Não poderia ter manchado o meu filho.
Por isso, eu sou a imaculada mãe!
Modesto
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
SILÊNCIOS E SILÊNCIO
Há silêncios que são agressivos:
Magoam como setas ou adagas.
Na vida, são representativos
De vidas hostis, de lutas amargas.
E há silêncio persuasivos,
Valem mais que mil e uma palavras.
Permitem reflexões com os amigos
Que vivem a vida sem agravos.
À medida que avançam os dias,
Vão-se tornando boas companhias,
Falam nas ocasiões oportunas.
Mas há silêncios desnecessários,
Por qualquer coisa ou motivos vários...
Tratam-se de maneiras importunas.
Modesto
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
A VIDA COMEÇA TODOS OS DIAS
Senhor, põe-m´outra vez, à Tua frente
E faz-me encontrar o Teu caminho.
Perdido andei e sou, de repente,
Sou eu mesmo, esgotado, sozinho!
Quantas vezes me sinto diferente,
Volto a ser. no tempo, descaminho!
Quantas vezes, na vida, sou descrente,
No tempo, sou um agreste espinho!
Oh! Mostra-me sempre o Teu amor,
Qual tesouro que guardo bem terno,
Vale mais que tudo, ele é vida!
Faz-me Teu filho, seja como for -
Esta vivência em tom sereno-
Fica em mim, no dia da partida.
Modesto
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
NÃO É FÁCIL POETAR
É difícil escrever.
Não é em qualquer momento.
A rima tem que dizer
o que sai do pensamento.
É bom ter inspiração
Para falar de amor.
Bate fort' o coração,
Mas não espanta a dor!
Não apago minh' história,
O amor já tem raiz.
Eternizo na memória
Que contigo sou feliz!
Nada pode apagar
Este amor qu' é bem-vindo!
O que sinto por t' amar
É um poema tão lindo!
Modesto
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
POR ACASO... UM POEMA
Hoje sem inspiração,
Esforçando-me agora,
Tento imaginação
Mas ela não vem, demora!
Mesmo pensando em algo
Que consiga fazer rima,
Querer acertar no alvo
Com a seta para cima!
Não acho um bom assunto
Que s' organize em versos,
Mesmo sabendo qu' o mundo
Tem mil assuntos diversos...
Isto é coisa bem chata,
Nem posso imaginar...
E isto quase me mata,
Porque já não sei pensar!
Mas... espero um momento:
Mesmo não tendo um tema,
Outros livros vou relendo:
Cada um é um poema!
Modesto
domingo, 4 de dezembro de 2016
CRISTO É O REMÉDIO
Real é o indivíduo existente
Que vence o imanente e panteísmo.
A Deus só encontra, pois, no Cristianismo
E a vida só é grave para o crente.
Para mim, ninguém me substitui perante Cristo.
Mas muitos há, "como os outros", querem ser
Alheios ao Bom Jesus, buscam seu viver...
Mas é NELE, que autêntico, eu existo.
Sou livre, a vida é possibilidade,
Angústia é sentimento que domina,
Angústia que seria a minha sina...
Mas como reconheço na profundidade
Que estou nas mãos de Deus contra o assédio
Do desespero, o Meu Cristo é remédio!
Modesto
sábado, 3 de dezembro de 2016
MUNDO CRIADO
S' o mundo, para Deus, é uma estrada,
Pecar é o que à terra nos remete
E faz ver a Criação assemelhada
À graça que par' o Alto nos convida!
Pró Criador, o mundo é Seu vestígio,
A Sua imagem n' alma 'stá presente.
S' o Alto Puro ocupa o fastígio,
É prova de que Ele é existente!
Os outros seres todos têm matéria
Possível porque recebem o seu acto
E recebem o Espírito Criado.
Princípio individual seria
Da forma e da matéri' a união:
Seria a morte, já, ressurreição...
Modesto
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
CIÊNCIA E ESSÊNCIA
Formosa catedral se edifica
Com essas pedras do saber antigo
E com o labor que torna mais rica
A Verdade, onde s' encontr' abrigo.
Fé e razão podem estar unidas,
Pregam o que é uma só Verdade!
Percorrem-se cinco vias prá vida
Com pés bem firmes na realidade.
No Ser -o acto íntimo do "ente" -
Que além de preciso é existente,
Descobre-s' o profundo da essência.
A vida que queríamos não temos.
É peren' inspiração do Supremo...
O incriado ser é da ciência!
Modesto
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
CONCEITO DE DEUS
Não partas do conceito, mas dos dados
Do Deus revelados na Escritura.
Plo sábio crente, é bem pensado:
Ele é Alto Ser, Sublime Altura!
Se Deus, pró néscio é negativo,
Pois, ao ser pensado na sua mente,
É maior qu' a ideia -- efectivo...
Forçoso é que exista realmente!
Claro que existe, é necessário!
Nem é razoável o ser contrário,
Pois que Deus é o Maior Ser pensável !
Assim, os bens sensíveis são cimento
E chega-se ao Bem plo argumento,
Mas, se alguém não crê, é escusável!
Modesto
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
DO CRENTE PARA O NÃO CRENTE
Confessa teu pecado e teu louvor
A Deus, Qu' a inquietude te acalma.
O homem deve ter por Ele amor:
Íntimo habitante da tua alma.
O Deus em quem tuas ideias não 'stão
Nem habitam, sendo elas a tua luz,
Ao Criador das coisas se dá razão,
Mostrando a verdade que te conduz.
Imagens que há em ti das três Pessoas:
Pai, Filho e Amor em que tu ressoas:
Memória, intelecto e vontade.
O Oculto faz a humana história
Na Sua luta plo bem até à glória,
Qual voz que te convida à caridade!
Modesto
terça-feira, 29 de novembro de 2016
APRENDER A VIVER
Não é na solidão, mas na escola
Fraterna, qu' o saber se alimenta.
Imerso no sossego, ele consola,
Contrário à vida barulhenta.
Número é princípio real,
É dele que vem a realidade
Do ser. Não se limit' ao corporal...
É cunho matemático - verdade!
Liberta a alma por "metempsicose",
Purifica a vida pela "gnose",
Culpa original é expiada.
Não se compar' à vida a correr,
Mas sim a contemplar o seu viver
Recto, consagrado à vid' amada.
Modesto
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
1º PENSAMENTO FILOSÓFICO
O mundo é, desde sempre, "Natureza",
"Princípio" dond' emerge o real,
Produz as coisas, multiplica a riqueza
E vai permanecendo sempre igual.
A "Água", fonte última de vida,
Em Tales, o princípio procurado,
Produz ser, repara a nossa vida,
Em Anexandro, O "ilimitado".
E predomina o individual,
Mas volta-s' à justiça original...
O mundo nasce de uma divisão.
E, segundo Aneximenes, também
Abarca o universo, o mantém...
O "Ar", que é da alma condição.
Modesto
domingo, 27 de novembro de 2016
DONDE VENHO, PARA ONDE VOU
Quão perto estou de entender tudo!
Quem sou, donde vim, vou para onde?
Acreditem, creio e não m' iludo,
É algo qu' ao olhar se nos esconde.
Mas Ele mora dentro de nós mesmos!
Algo qu' está connosco com' um tecto.
A poesia vai em outros termos:
Culto iniciático secreto.
Remexer as vísceras de um bode,
O ser humano busca como pode...
Como faziam Celtas e Romanos!
Bah! Falando em vão de tudo isso,
Habito caos secreto insubmisso,,
A conclusão que já tem muitos anos.
Modesto
sábado, 26 de novembro de 2016
AO ESPELHO
Sou eu um vulto na minha frente
A olhar numa visão exata
Que nunca viu o meu inconsciente
E vive em mim já há longa data?
É da minha vista ou minha mente
Esse outro eu que bem me retrata
De cara clara, pele rescendente...
Por dentro é ouro, por fora lata?
Ao olharmo-nos no mesmo momento,
Ao movermo-nos num só movimento,
Vejo-me outro eu, fora de mim!
Vou deixar que me dê o seu conselho:
- Vamos ser um só dentro do espelho.
- Mas... pra onde vou? Não cheguei ao fim!
Modesto
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
O RELÓGIO DO DESTINO
Um relógio no meu subconsciente
Toca no meu peito, dita meu destino,
Dá brilho à vida sem tempo dormente,
Faz-me voar como carrocei divino.
Vejo-o guiar, luzir à minha frente,
Qual áurea luz dum anjo paladino.
Abre portas, num mundo indiferente
E faz-me rei, como sonho de menino.
Se me assoma a mais erma solidão,
Vem tirar-ma o poder de sua mão...
Ando com ele e por ele sou levado.
Anjo bom - essa força que me conduz -
Põe-me no corpo o símbolo da cruz...
Vou seguir sua sombra e ao seu lado.
Modesto
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
UMA BELA PAISAGEM
Vejam que lago azul respingado de amarelo,
Pelo sol no poente que se está a esconder.
Para poder deixar este quadro ainda mais belo,
Há nuvens "rabo de galo" no céu a aparecer.
As árvores a desfolhar, reflectem-se neste lago,
Pelo sol amarelado, que aos poucos, vai descer.
Ao fundo dos campos contempla-se um verde gramado
E se observa esta paisagem linda de se ver.
Como vós, eu contemplo esta bucólica imagem,
Onde o sol, logo à noite, dará sua passagem
E vai deixar de brilhar com todo o seu esplendor.
Quando olhamos e pensamos nesta linda paisagem,
Chegamos a ter vontade de fazer uma viagem,
Pra ver ao vivo a imagem que estou a expor..
Modesto
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
VEM APRECIAR A PAISAGEM
Vê bem, ó gente, que belas aragens
Trazem das árvores a brisa fria,
Os tons de luz nas límpidas paisagens
E o sol rubro que traz alegria!
Bebe este ar, goza a paisagem,
Das brancas aves sent' a harmonia
Que resplandece, brilha na ervagem...
A Natureza alegra o dia!
Deixa que se estrangule o mundo...
Encara o céu, vê este profundo
Chão que produz as belíssimas flores!
Vamos, deixa ficar a Primavera
E, numa doce música sincera,
Canta balada terna dos amores!
Modesto
terça-feira, 22 de novembro de 2016
MINHA ROSA DE CRIANÇA
Cai o orvalho sobre a rosa do dia
Que se fecha. O jardim lembra um altar,
Onde s' espalha incenso de nostalgia
E os lírios fazem coro a cantar.
Cantam para mim com voz alegre e mansa,
Coisas doutrora, ond' a vida se perfuma,
Enquanto eu gemo nos confins da lembrança
Da saudade de um passado em perfume!
Adormeço como quando era criança
E vou sonhando qu' uma rosa me desperta
E que canta com a voz alegre e mansa
E eu já vejo a minha rosa aberta.
Lembra um velho recado que me dizia
Que não devia adormecer sem rezar.
Eu enchia meu coração de harmonia,
Desejo pueril de ser bom e cantar!
Modesto
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
FANTASIA
Voltaste, redentora fantasia,
Mudar um cenário tão sombrio!
Enfim, pensaste trazer alegria
Ao coraçãozinho deste vadio...
Durante muito tempo, eu sabia
Que andava cego, só e vazio.
Se tu me aquecesses, buscaria
Abrigo, pra fugir do vento frio.
Chegaste de repent' à minha vida,
Trazendo, com certeza, a saída
Que eu imaginava e sempre quis.
Agora, finalmente, consegui
E sei como é bom estar aqui:
Poder dizer a todos - Sou feliz!
Modesto
domingo, 20 de novembro de 2016
SONHOS VAGUEANTES
Os sonhos que sonhei sempr' acordado,
Sonhos que com meu sono não coincidem,
Na profunda brecha atormentado,
Meus versos aproveitam, incidem.
Conclusão inútil, inconclusiva
A que cheguei, depois de muitos anos:
Naveguei muitas vezes à deriva,
Sem rota, apesar duns portulanos.
No fundo, existe só a minha tampa
Onde m' abrigo do bicho papão
Que vai e volta e não traz meu pão.
Vagueio plas colinas dos delírios,
Aqui nesta cabana ond' acampa
A rosa dos meus sonhos que são lírios.
Modesto
sábado, 19 de novembro de 2016
BELEZA PLENA
Meu Bom Jesus, ao fitar este Teu céu bendito,
Minh' alma se acende em astral doçura,
Doçur' angelical vinda do infinito
Que salpica o chão com 'strelas de ternura.
Fico a cismar e com emoção reflicto,
É cintilante a paz da minha ventura,
Desperta-me a consciência, admito,
És Vale encantador, berço de cultura.
Dos bons filhos da Luz, retidos na memória,
Gentil, hospitaleiro, constróis a História -
- Fonte elevada a caminhar serena.
Abençoa o mundo, terra sacrosanta,
S' a Tua Mão Bendita, Jesus, se levanta
Da Matriz Majestosa e Beleza plena!
Modesto
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
ASTRO NO CÉU
Vi um astro no céu, resplandecente
Como nenhum, jamais, vira brilhar.
Roguei: - "Olha por mim. estou carente,
Preciso luz pra me iluminar!
Vê que caminho dolorosamente,
Sem ter espaço bom para pisar...
Andar, assim aos bordos, cegamente,
Não dá para seguir... Quero parar!"
Era lindo o céu d'azul profundo!
Eu era nada... o astro diamante
A refulgir em 'stojo de veludo...
Então sonhei... vi-me centro do mundo
Com o astro aos pés... mas tão distante!...
O astro nem me ouviu... ficou mudo!
Modesto
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
AMOR NUM SONETO
Ó poesia, dá-m' amor neste momento,
Dá-me o riso, não o fel da nostalgia,
Mostra no verso o brio de meu talento,
Quem fez a rima, fez também a melodia.
Guarda o amor bem dentro da poesia,
A poesia dentro do meu pensamento.
A dor do amor não resist' à alegria,
Desfalece sempre com seu deslumbramento!
Vai poesia, só te resta um terceto.
Revela-te em grande a quem te escreve
Com letras d' ouro caídas sobre a neve...
Quem gosta de amar, gosta do soneto.
Oh! perdoa-me se insisto neste tema,
Mas o amor eterniza-se num poema!
Modesto
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
AMAR A SÉRIO
Quem quer um grande amor tem que doar-se,
Abrir-se, mostrar o seu interior.
Sem iludir, sentimento de disfarce...
- O rosto brilha quando nasce o amor!
Amor é cais que vive a preocupar-se,
É lua, farol, apogeu de fulgor.
E não se rompe, por mais que se esgarce,
É sem costuras, sem o talo da flor.
Ele está em todos, feito contágio.
Quem tem, oferece sem dar o preço,
Pois, maior que o valor, é o apreço!
É imensamente forte, por ser frágil
Tem asas pra voar a alguém distante,
Vida eterna, mesmo em vão instante!
Modesto
terça-feira, 15 de novembro de 2016
NOITES DE LUA CHEIA
Minhas noites claras de lua cheia,
No vosso meio, noites luminosas,
Minh' alma canta como a sereia
E vive a cantar num mar de rosas.
Ó noites queridas que Deus prateia
Com a luz dos sonhos das nebulosas,
Minhas noites clara de lua cheia,
Como eu vos amo, noites formosas!
Sois como um rio de luz sagrada
Onde, sonhando, passa embalada
Minha esperança sem mágoa, nua...
Minhas noites claras de lua plena
Que encheis a terra de paz serena,
Como gosto de vós, noites de lua!
Modesto
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
POR TRÁS DO SORRISO
Eu sei que, por detrás desse sorriso,
Há enorme vontade de chorar.
Eu sei que, dentro de ti, há siso,
Há uma dor que t' and' a torturar.
Que por essa dor que trazes no peito,
Plas lágrimas qu' estivest' a chorar
E por quem tanto chorar te tem feito,
Tens que prosseguir, tens que caminhar.
Sabes? Meu coração está aberto.
Vai em frente. Não olhes para trás,
Apenas para a frente, pra perto.
Se assim fizeres, feliz serás!
Com este meu peito quente, eu penso,
Embora não saiba s' em mim confias,
Eu amar-te-ei a cada momento,
A todas as horas, todos os dias.
Modesto
sábado, 12 de novembro de 2016
SIMPLICIDADE
Eu vivi entre os humildes e pequenos,
Sempr' evitei o rico e o poderoso.
Meus dias foram sempre modestos, serenos,
Meus sonhos eram de tímido e medroso.
Eu nunca tive ambição de bens terrenos
nem desejo de nome ou posto honroso,
E agora, que já sou velho, muito menos,
Nunca, em moço, aspirei ao fausto gozo,
Olho - sinto na alma horror profundo -
Para os homens e as coisas deste mundo
Como para uma eterna palhaçada.
Todos os dias a doce paz eu bendigo,
Quando descanso no meu seguro abrigo
Da minha pequenez, que gosto, do meu nada.
Modesto
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
QUERIA UM MUNDO DIFERENTE
Eu queria ver um mundo diferente
Qu' houvesse lealdade, honestidade
E o homem fosse sempre coerente,
Existisse verdadeira amizade.
Queria que o homem fosse importante,
Qu' hipocrisia não foss' autoridade,
Que o dinheiro não fosse dominante
E o pobre recebesse caridade.
Que os nossos sonhos não fossem quimera,
Esses sonhos não ficassem à espera,
Que o amor conseguisse existir.
Que o homem vivesse com sinceridade,
Seus sonhos se tornassem realidade,
Com' o sonho de Deus irá persistir!
Modesto
Subscrever:
Mensagens (Atom)
HORA DAS TRINDADES
A noite está a cair sobre as flores. O céu cheio de Deus e harmonia! Silêncio! Eu rezo ao fim do dia. Voz do crepúsculo exala cores. Névoas...
-
Dá-me, Senhor, a alma simples, pura Para Te amar e para Te servir; Que o meu olhar vestido de candura Na luz do sol Te possa descobrir. Dá-...
-
Quando cheio de gosto e alegria, Este campo avisto florescente, Então vem-me uma lágrima ardente Com mais ânsia, mais dor, mais aginia. Aqu...
-
De alma doce, triste e palpitante... Que guitarras soluçam solitárias Pelas montanhas ingremes, visionárias E com sonho secreto e fascinant...