quarta-feira, 31 de julho de 2019

FÉRIAS NO CAMPO

















Mas como é bom passar férias no campo!
Passear, ouvir pássaros cantar d' amor,
Descansar o cérebro deixando-o branco,
Regozijar-s' em paz com perfume de flor...

Ouvir as águas a cantar entre rochedos,
No alto da montanha, admirar estrelas,
Ver rebanhos a pastar calmos e sem medos
Porque o pastor é como as sentinelas.

É bom viver o tempo em tranquilidade,
Lembrando tempos idos que deixam saudade...
D' espírito puro, pudemos recordar.

Breve vem o Outono e uvas também!
Há folhas coloridas aqui e além...
Minha linda terra, não te quero deixar!

Modesto

sexta-feira, 26 de julho de 2019

DEPOIS DA MADRUGADA









Desperta de novo a madrugada!
Estendo os braços prá Natureza.
Foge a lua de luz prateada,
Nasce o sol com sua beleza...

Ponh' a tristeza na sac' encarnada
E corro prá vida com a certeza
Qu' este dia não é feito de nada:
Venho alegre,  'spanto a tristeza.

O sol faz brilhar bosques complexos
E, com amor, abre-se em reflexos:
No lago, já nadam patos amantes!

Corre a bicharada em cortejo,
Tudo está alegre, eu bem vejo...
Buscam sombra em lugares distantes!

Modesto

quarta-feira, 24 de julho de 2019

MEDITAÇÃO

















Quando me sinto cansado e triste,
Ajoelho, olho para os céus,
Estendo os braços como em riste
E entrego-me ao Senhor Meu Deus.

Faço exame de consciência
Em silêncio, paz, recolhimento.
Só assim, sinto a Tua presença,
Consigo libertar o pensamento.

E procuro aniquilar, em mim,
A nefasta ofensa que domina.
Com os nervos cansados, mas por fim,
Reconheço qu' amar-T' é minha sina.

Sou fraco, Senhor, e eu bem lamento
Esta vontade que s' impõe à minha.
Sofro... mas cedo ao encantamento...
Peço perdão:  Salva a alma minha!

Modesto

sexta-feira, 19 de julho de 2019

NA ALTA MONTANHA

















Se eu fosse moço e não velho fosse,
Novas ilusões viriam-m' animar,
Com meu olhar, outrora suave e doce...
Minh'alma floria pra sempre amar!

Ouço gritos em mim, como um alarme:
É a ânsia de subir à montanha.
Mas todos os raios vêm desolar-me,
Sem brilho de paz, numa noite estranha.

Então uni ao peito a luz dos círios,
Mas deixei-me cair no caos dos martírios
E acordei dum sonho, em sobressalto.

Acordei no cimo de alta montanha,
Com um horizonte!... Beleza tamanha
E a paisagem qu' existe lá no alto!

Modesto

terça-feira, 16 de julho de 2019

PRECE















Pai, Criador do criminoso e do justo...
Fazei desta terra, esfera incandescente,
Morada de paz, aconchegante arbusto,
Sob os influxos do amor, eternamente.

É Teu o Alto Poder, Eterno, Augusto,
Esmeraldina estrela de luz clemente.
Limp' os corações que buscam o mal vetusto,
Dissipa-lhes o pecado 'inda pungente.

Pra isso, confiante,  aqui 'stou, abrindo
Meu coração das agruras emergindo,
Com a prece fervorosa e compassiva.

P'los lares terrenos, p'los milhões de irmãos,
Entrego, humildemente, nas Vossas Mãos,
As fervorosas flores em suplicativa.

Modesto

segunda-feira, 15 de julho de 2019

LINDAS ANDORINHAS




















Andorinhas voam no céu, quase luar,
Vão para seus ninhos num vai e vem constante.
Sigo-as, acompanho-as com o olhar,
Reconheço qu' o seu voar é importante.

Mas voam num bailar de serenidade!
Apanham materiais para seus ninhos.
É lindo vê-las diligentes, com bondade!
O seu chilrear alegra os meus caminhos!

É Natureza que as traz na Primavera!
Agradeço-Te, ó Deus, de alma sincera,
Encantado com a bela aparição!

Criam seus filhos e, eu feliz, os contemplo.
Peço-vos que pró ano, neste vosso templo,
Volteis de novo pra alegrar meu coração.

Modesto

terça-feira, 9 de julho de 2019

FIM DE TARDE



















Quando do campo as vadias ovelhas
Voltam, à tarde, joviais e bailando,
Surge o ocaso com nuvens vermelhas
E vem o pastor juntando-as, cantando.

Nos beirais das casas, por baixo das telhas,
As andorinhas esvoaçam em bando.
E o sol brilha nas últimas centelhas,
E o mar, tranquilo, fica cintilando.

O azul das serras, belo à distância,
Lá dos bosques sai uma doce fragrância:
Aroma vital que a tarde exala.

As andorinha voando na 'splanada,
Lua e estrelas já em desgarrada...
Tudo recolhe! - Silêncio de gala!

Modesto

segunda-feira, 8 de julho de 2019

O PASTOR NA SERRA

























Tu, já sobre o cajado te reclinas,
Venturoso pastor, cambaleando!...
Foges dos meus ais e determinas
Ir par' a serra, as cabras chamando...

Quero seguir-te, ver com' examinas
Vivamente, teu coração tão brando.
Sem razão nem causa me recriminas
Por gostar d' ouvir-te sempre cantando!

Que te fiz eu, pastor, que me condenas?
Sabes qu' as serras são as minhas penas,
Meu gosto sincero, meu amor puro?

Já te dei provas e não são pequenas.
Pergunta, ouvirás o que te juro:
Esse monte muito belo é duro!...

Modesto

quinta-feira, 4 de julho de 2019

MINHA ALMA, MINHA ESSÊNCIA

























Ó minh' alma, ó meu doce abrigo,
Meu sol e minha sombra peregrina,
Do velho sonho, meu fiel amigo...
Ó luz imortal qu' o mund' ilumina.

Caminho ideal, muito antigo,
Templo da minha fé casta, divina,
És meu consolo e eu te bendigo...
Donde é que vem esta mágoa fina?

Donde vem tanta esperança vaga,
Donde vem est' anseio que m´alaga,
Tão diluída e contínua mágoa?

Ah! Vem toda duma santa essência,
Duma misteriosa transcendência
Que me deixam os olhos rasos d' água!

Modesto

quarta-feira, 3 de julho de 2019

QUANDO FOR VELHINHO




















Se um dia for idoso,
Quero olhar para trás,
Sentir-me bem orgulhoso
Do que fiz e fui capaz.

E eu tenho a certeza
Que fui homem a direito:
É da minha natureza
O que faço ser bem feito.

Quando eu já for velhinho,
Vou recordar o que fiz:
Posso sentar-me sozinho
E dizer que fui feliz.

E podem ter a certeza
Qu' a vida não foi em vão....
Par' acabar em beleza,
Deixo-vos meu coração.

Modesto

terça-feira, 2 de julho de 2019

NÃO FECHES OS TEUS OLHOS

























Fiz da saudade sem fim
Que me ardia no peito.
Fina flor do meu jardim,
Só ela me deu um jeito.

Fiz da dor que é só minha
A esp'rança de um dia
Encontrar, amada minha,
A minha grand' alegria.

Já muitos anos passaram
E ficou uma certeza:
Teus olhos não desviaram
Da alma sua beleza.

Sei que me vens confortar,
Quando, breve, me afagas.
Sinto teu amor d´amar,
Se teus olhos não apagas.

Modesto

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...