quarta-feira, 29 de abril de 2020

PROCURANDO

















Procurei-Te, Senhor, não te encontrei,
Porqu' andei por caminhos sempr' errados.
Ovelha desgarrada não achei
Teus pastos verdejantes e sagrados.

É bem triste viver neste deserto,
Deserto humano sem qualquer sentido...
É terrível não ter um rumo certo
E nesta caminhad' andar perdido.

Os meus caminhos são encruzilhadas,
Meus dias são janelas encerradas,
A minha vida assim é noite escura.

Espera-me, Senhor, no Teu caminho,
Sê meu farol, pois sou triste ceguinho
Não tenho a Tua bússola segura!

Modesto

sexta-feira, 24 de abril de 2020

ESPALHEI A MINHA ALMA

















Espalhei a minha alma
Aos quatro ventos um dia...
A tarde ficou mais calma,
Difundiu-se a fantasia.

O céu pôs o seu vestido
De esmeralda e safira,
O poente era garrido,
Alguém tocava uma lira.

E não foi preciso o sol
Para a tarde embelezar...
Até mesmo o rouxinol
Pôs a arpa a descansar.

Quem 'spalha o seu amor
Entre gente e Natureza,
Faz mais presente o Senhor
E é do céu com certeza.

Modesto

segunda-feira, 20 de abril de 2020

SORRISO

















Espero, amiga, ver teu sorriso
A lembrar rosinha avermelhada:
És mensagem feliz do paraíso
Trazido por um anjo n' alvorada.

Recordas a lépida andorinha
Que traz luz, alegria à Primavera,
Uma túnica azul de manhãzinha,
Que veste aves pla imensa esfera.

No teu sorriso vejo o coração,
No teu olhar, descubro tua alma.
Assim acaba minha escuridão,
Bem dentro de mim renasce a calma.

És como flor que desabrocha bela,
Prometendo certeza da semente,
És como jardineira na janela
Que no tempo d' Inverno 'stá contente.

Continua a sorrir nessa janela,
Acaba com meu rosto de granito:
Ouvirei a canção da filomela,
Terei na alma bálsamo bendito.

Modesto

sexta-feira, 17 de abril de 2020

ROSAS ENTRE ESPINHOS

















As princesas mais belas do jardim,
Pacientes, esperam a chegada
Da Primavera que sorri, por fim,
Envolt' em luz e sons da madrugada.

Sorriem com seus lábios perfumados,
Pra aquelas inquietas borboletas,
Por causa dos espinhos aguçados
Que fazem, na roseira, piruetas.

Chegam depois abelhas aloiradas
E buscam o seu pão adocicado
Entre pétalas brancas, encarnadas...
E espinhos nesse caule acastanhado.

Espinhos tais que bem perto das rosas
Não as ofendem, como bons amigos;
Ao lado deles, sentem-se vaidosas
E também defendidas dos perigos.

Eu vi, nesta amizade natural
Um retrato do que devia ser:
Gente boa e má não se dar mal,
Ajudar-se naquilo que puder.

Modesto

domingo, 12 de abril de 2020

RESSUSCITOU!




















Sorri!O céu 'inda 'stá no seu lugar!
Aquele que o habita te conduz.
Entr' o sol e as estrelas eis Seu lar
E lá vive desde a morte na Cruz.

É o Verbo! Sua palavra seduz
 Has-de encontrá-Lo no teu procurar.
No peito , guarda o nome: Jesus!
Ele vive s' estiver no teu pensar.

Sangue e lágrimas unidas pla fé
Se não fosse Ele o Filho de Quem é,
Quem teria dois mil anos de história?

Quer jóias, quer castelos.. não valem isto
Qu' está na Mão direita de Cristo
Só o Seu Reino tem beleza e glória!

Modesto


sexta-feira, 10 de abril de 2020

SEXTA-FEIRA SANTA


















Lua absíntica, verde, feiticeira,
Pasmada com' um vício monstruoso...
Uivando par' o espaço fabuloso,
Um cão estranho fuça esterqueira.

É esta negra e santa sexta-feira!
Cristo está morto, com' um vil leproso,
Chagado e frio, na feroz cegueira
Dos homens... Sangue roxo e tenebroso.

A serpente do mal e do grão pecado
Um sinistro veneno esverdeado
A verter do Morto na nudez serena.

E da Sacratíssima Redenção de Cristo,
Nasceu grande Amor, puro, imprevisto,
Brotam gotas de sangue que se gangrena.

Modesto

terça-feira, 7 de abril de 2020

ESPERANÇA

















Quando tudo isto finalmente passar,
Ficará somente a pequena lembrança
E os motivos que me fizeram chorar,
Lá darão sentido à minha esperança.

E a ela me apeguei com tanta fé,
Num enorm' íntimo desejo de viver.
Mesmo abatido, continuei de pé,
Acreditando sempre que irei vencer.

Porqu' encontrei  a Luz par' a escuridão,
A Companhia prós dias de solidão,
O Caminho quando 'stava sem direcção.

E conheci Quem me ensinou a ser forte,
Quem comigo, mesmo indigno, se importe,
Que por amor a mim, venceu até a morte.

Modesto


AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...