terça-feira, 31 de dezembro de 2019

O RELÓGIO DO TEMPO
























Relógio, tu não paras de marcar
O tempo deste meu triste viver:
Quando será que tu irás parar
Pra qu' eu possa deixar d' envelhecer?

Não sei onde meu tempo vai chegar...
Só Deus qu' está no Céu pode saber.
Não quero, meu amigo, nem pensar
Em envelhecer a teu bel-prazer!

Neste teu correr... tic-tac - vão andando
As horas qu' eu um' a uma vou contando,
Suportando a dor qu' em mim não quero!

Não sei o que fazer pra acalmar
Esta angústia que teima em ficar,
Enquanto tu vais e eu desespero!

Modesto

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

NO ENTARDECER DO ANO




















Bom... Ancorados os sonhos
E perdidas as viagens,
Passando tempos medonhos,
O ano foi uma aragem!

Agora, aqui estamos,
Hospital da decadência
É o tempo em que vamos
Sentindo a advertência!

Sim... Ancorados os dias
Em aragens de magias,
Mas com dias bem tristonhos.

Um ano com muitas rotas
E leis nem sempre devotas...
'Stão ancorados os sonhos!

Modesto

sábado, 28 de dezembro de 2019

A FLOR E O POETA

















Se teu ramo verde fosse a porta
Do amor de um coração perdido,
A paixão seria a rosa morta,
Teu talo seria o bem sentido.

Se a pétala versejar suporta
Palavras belas com ardor vivido...
É perfume doce que me conforta
No teu jardim assim tão florido.

Os campos contam a nossa história:
Tu, ao renascer, trazes na memória
Tempos benditos de sonhos bonitos.

Esperança dum grand' amor floral,
Nossos caminhos são um bom ideal
Da florescência que já tem mitos!

Modesto

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

MANHÃ DE NATAL

















O dia em penumbra, 'inda cedo,
O sol já espreita no meu beiral,
Ainda havia cinzas do brasido,
Jesus abriu os olhos - é Natal!

No lar da casa há corações nobres:
Painel de alegria, seu costume,
Preparam uma refeição aos pobres
Qu' ouviam versos Bíblicos ao lume.

Árvores com luz, figuras em barro,
No meio do braseiro - tom bizarro,
Presépio feito por pais e irmãos...

Junto às brasas os meus olhos postos
Naquela bela expressão de rostos,
Dou graças a Deus, ergo minhas mãos.

Modesto

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

NOITE DE NATAL



















Noite de Natal, cidade iluminada,
Brilham 'strelas , o mundo enche-se de luz!
Mil canções soam no ar, Paz desejada,
Noite de festa, nasceu o Menino Jesus!

Noite de Natal: Renascem as esperanças.
As tristezas fogem, tornam-se velhos vultos!
Sorrimos inocentes, como as crianças
E esquecemos os problemas de adultos...

Chama d' amor, nossos corações incendeia:
Com fé, rezamos a Deus - Ele nos medeia.
Em surdina ouvem-se canções de Natal!

Feliz, senta-s' à mesa o pai que medeia,
Pede ao Menino que venha par' a ceia.
Todos estão felizes, - É Noite de Natal!

Modesto

sábado, 21 de dezembro de 2019

PALAVRAS
























As palavras que eu pressinto
A encher a minha mente,
Pra te expressar o que sinto
E falar-te docemente...

Há no mundo o necessário
Pró sentimento que tenho
E fazer-te um comentário
Pra te dizer ao que venho.

Quero dizer o bastante,
Pra te agradar num instante
Com expressões de antanho.

Quero dizer que te amo
Com as palavras em ramo
Que no meu jardim amanho!

Modesto

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

BOA AMIZADE

















Não há nada melhor do que a amizade:
Estar ao lado, acompanhar, tolerar,
E, não se empolgando na sua vaidade,
Ouvir o choro, dar conselhos, avisar!

Não há nada melhor do que a amizade:
Dar um ombro amigo a um desprezado,
Sendo apoio com empenho e lealdade,
Seguir em frente - Importa é ser doado!

É tão bonita assim esta amizade
Que, à distância, prospera com saudade,
Se, por perto, estiver um amigo pobre!

É tão sábia assim esta amizade:
Velhos e novos todos em fraternidade,
Como vinho velho em carvalho nobre!

Modesto

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

HÁ VALORES PARA SEGUIR















Ó pobre humanidade,
Porque sofre pra crescer?
Se já sabe a verdade
Do que é o florescer!

A ciência vai à frente,
Só usa a teoria...
Sabedoria? Pois tente
Porque há outra valia!

Mas tranca-se no escuro,
Vai errando mais e mais,
Vive só entre um muro
E não aprende jamais!

Queres mudar pra crescer?
Mas tens que pagar bom preço,
S' o outro te parecer
Que não faz coro ao começo!

Ah! pobre humanidade,
S' escutasses teus excêntricos,
Aprenderias com a idade
A ter valores autênticos!

Modesto


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

CRER - NÃO CRER




















- Há vontade de gritar:
Quem entende o desespero?
- Corres sem nunca parar,
Percebes isso primeiro!

A mente não te responde?
- Pois, tudo é ilusório...
- Mas sabes quando e onde
Há um sofrer compulsório!

Dizes que nada existe!
Fugir de tudo é triste,
Mas a mente não engana!

Deixa o mal que persiste,
Ouve Deus que não desiste
De ti e não te engana!

Modesto

domingo, 15 de dezembro de 2019

EU SÓ TENHO UM DESEJO


















Eu só tenho um desejo par' o mundo:
Que houvesse igualdade social.
Eu só tenho um desejo - EU profundo:
Paz d' espírito pra aliviar o mal.

Só tenho um desejo pra com os outros:
Pô-los a consertar todos os seus erros
E a serem receptivos com os outros
E a demonstrar como é bom ter zelos.

Acabava o egoísmo passivo,
Porque só ele nos traz perdição.
Ensinava sentimento perceptivo
E sem se ficar apenas na razão.

Mesmo que eu me tornasse irreal,
Não quereria ser um Ser que só finge,
Pois eu quero que tudo seja igual:
Abandono dos enigmas da Esfinge.

Começar do zero, ressair do ovo,
Fugir dos erros - o maior dos anseios
E, sem erros, refazer um mundo novo,
Com forte carácter - o maior dos desejos.

Modesto


quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

DILACERADO














Ó corpo que amei sofregamente,
Volúpias, carnes deliciosas,
Essência morna, tropical, quente,
Ausência de submissões rigorosas...

Corpo, procuras teu oriente
E sonhas com estrelas fabulosas
Tentadoras de ti intensamente
Nas carnes livres, sempre ansiosas!

Ó alma, dilacerada plos zelos,
Através de profundos pesadelos
Que t' apunhalam com mortais horrores...

Agora, vais desfeita em lamentos,
Em lágrimas, em prantos, em tormentos,
Em ais, em dilacerações e dores...

Modesto

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

FALAR DE SAUDADE
























Só por falar um pouco de saudade,
Escrevo, nesta folha, um poema,
Pois, já não domino a ansiedade...
Preciso desenvolver este tema.

Quando o silêncio me invade
E me faz refém de longa espera,
Aperta-me no peito a saudade
Tanto quanto cantava a Severa!

Saudade que aconchego ao peito,
Mas ela expande-se de tal jeito
Que já não cabe mais dentro de mim...

Repito-me ao repisar o tema
Que faz brotar de mim este poema
E o extravasá-lo não tem fim!

Modesto


domingo, 8 de dezembro de 2019

PADROEIRA DE PORTUGAL
























Em Alcobaça a memória
Chama-te Mãe da Vitória,
Ao relembrar Santarém;
E, mais além, na Batalha,
Que o Mestre quis por mortalha,
És da Vitória também.

Mas foi em Vila Viçosa
Que, Virgem Mãe Poderosa
Senhora da Conceição,
Abriste porta à coragem,
Abençoando a linhagem
Que resgatou a Nação.

És, Santa Mãe, Padroeira,
Entre as rainhas , primeira,
Das terras de Portugal,
D. João o decretou
E o povo todo aclamou.
És devoção nacional.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A PALAVRA DE DEUS É CRISTO



















Não me quis deitar para descansar,
Sei que estás aqui. É bom saber!
Estou aqui para Te adorar,
Sei que nenhum mal m' irá abater!

No Teu agir posso acreditar,
Todos os maus fogem ao Teu poder!
Tua Palavra tenho qu' estudar,
Estou a Teus Pés par' a perceber.

Fico aqui até amanhecer,
Ao raiar do dia, faz-m' entender
O que a Tua palavra me diz.

'Stou aqui até ao brilhar do dia,
Esquecendo a madrugada fria...
Faz-me conhecer tudo de raiz!

Modesto

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

ADVENTO - À ESPERA DE JESUS

















Quem espera Jesus neste Advento,
Com o coração cheio de fervor,
Tem que escutar, trazido plo vento,
O cântico d' hossanas ao Senhor.

Quem espera Jesus neste momento,
Não sente tristeza, angústia, dor...
Pois que tudo é beleza, Sacramento!
Val' a pena 'sperar o Deus d' Amor!

O tempo do Advento se traduz
Na 'spera do Deus Menino Jesus,
A grande Luz, das trevas vencedor!

A oração, conversão, penitência...
São armas que nos dá a Providência,
Pró Encontro-Luz com o Salvador!

Modesto

sábado, 30 de novembro de 2019

O SARAU DA NATUREZA

O sarau da Natureza
É festiva reunião:
Um momento de beleza
De alta inspiração.

O sol entr' a declamar
Um poema à aurora:
Ficam todos a 'scutar,
Como a fauna e flora.

Esperança é o tema,
O mais belo que se fez:
Os versos de um poema
Da lua, na sua vez.

As pedras ouvem silentes,
Os rios põem-s' a cantar
A cantiga das correntes,
Sem nunca desafinar.

A montanha aprecia
O timbre da sua voz,
Sua linda melodia,
Quando 'stão perto da foz.

E as aves também dançam,
Não ficam fora da festa.
E as plantas alcançam
Compasso da floresta.

Este sarau triunfante
O homem quer encerrar!
Da riqueza natural,
A ganância d' explorar!

Faz a desflorestação
Pensando nos lucros seus:
Extinção, poluição...
Não é vontade de Deus!

Modesto

terça-feira, 26 de novembro de 2019

NO DIA DE CRISTO REI
























- " Vê: O Reino dos Céus Eu te darei"
(Bradou a forte voz lá das alturas)!
" Vai! Segue o que diz a Minha Lei,
Prova a Hóstia das Escrituras".

"Quebra o cálice das amarguras,
Abre tua alma ao Novo Rei:
É Luz eterna nas noites escuras
O Sangue que na Cruz Eu derramei"!

- No Teu Coração fiz minha guarida,
Em mim sinto viver a Tua Vida
E hoje encontrei-me com o Teu Nome!

Teu Amor é novo, meu corpo velho,
O Teu Reino vive no Evangelho:
Dá o Pão do Amor à minha fome!

Modesto


segunda-feira, 25 de novembro de 2019

GOZA A VIDA LENTAMENTE
















Eu ando devagar e vou devagarinho.
Quem corre muito vive sozinho.
O mundo está cheio de coisas lentas,
Se corres sempre, não o sentes.
Vê como é belo o Universo!
Para um pouco e faz-lhe um verso!
Aprecia esta beleza,
Sente as virtudes da Natureza!
Acalma-te um pouco, acalma.te agora:
O que te acontece se parares uma hora?

Modesto

sábado, 23 de novembro de 2019

A MENINA E O POBRE

















- Ó pobre, em que meditas?
Porque vives triste assim?
- É qu' eu acho-te bonita
 e tu não gostas de mim!

- Pobre, tu' alma é nobre!
És triste... Que te desgosta?
- Amo-te, mas sou tão pobre
E dos pobres ninguém gosta!...

- Pobre olha pró espaço
E deixa de meditar...
- É qu' eu quero um abraço,
Não há ninguém pra mo dar!...

- Pobre, 'stás triste, bem vejo,
Porque cismas tant' assim?
- Comer é o meu desejo,
Mas ninguém olha pra mim!...

- Pois, os ricos são severos...
Vivem em ricas vivendas!
Pra eles, pobres são meros
Pobres: Sem rosto... São lendas!

Modesto

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

MENINA DO CAMPO
























As papoilas da saúde
Trouxeram-t' um ar mais novo!
Rosa cheia de virtude,
Ó bela filha do povo!

Do campo viçoso, rude...
Tu regressas renovada!
Por isso, eu nunca pude
Ver-te tão atarefada.

Viva o campo e seara
Que te deram pele clara:
São rubores d' alvorada!

E os teus beijos, agora,
Têm sabores d' amora
E de romã estalada!

Modesto

domingo, 17 de novembro de 2019

SECRETA HUMILDADE


















Fico parado, em êxtase suspenso
Quando, às vezes,vou considerando
O mistério bom do teu ser imenso,
Humildade simpática, no brando!

Tudo a que aspiro, tudo quanto penso
Das estrelas, dentro de mim cantando,
Num céu azul carregado e denso...
Tudo ao teu fenómeno vai dando!

De onde, não sei, tanta simplicidade!
Tão secreta e límpida humildade
No teu ser, como nos encantos raros!

Nos teus olhos, a alma transparece
E de tal modo qu' o Bom Deus parece
Viver, sonhando, nos teus olhos claros!

Modesto


sábado, 16 de novembro de 2019

HORAS DE SOMBRAS E SAUDADE



















Horas de sombras, silêncio amigo,
Quand' há o encanto da humildade.
Roga por nós, no seu perfil antigo
O Anjo branco, belo, da saudade.

Horas qu' o coração não vê perigo
De rezar, de sentir com liberdade
Aberta, sobre tumular jazigo,
Na hora imortal da Eternidade.

Horas de compaixão e clemência,
Segredos sagrados da existência
E horas de perdão, sempre benditas.

Horas fecundas, mistério casto
Que desce do céu profundo e basto,
No repouso das almas infinitas.

Modesto

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A CHUVA DE NOVEMBRO

Adicionar legenda
























Vento do Norte traz chuva manhosa
Que vai cair nos campos de Novembro,
Ela dá força à mais linda rosa
Qu' abriu sem tempo... Como me lembro!

Nos ramos secos resplende a luz
E a bravura do tempo transforma
A terra. E, na paisagem, reluz
Uma enchente dos rios sem forma!

Todo o trabalho fica suspenso.
O vento de Outono é intenso,
Vai varrendo os campos, em Novembro.

E há trovões, na tarde açamoucada!
Parecem cantar em breve balada
 De poesia... Como eu me lembro!

Modesto

terça-feira, 12 de novembro de 2019

FLORES DO NOSSO PASSADO



















Sem o amor, meu coração reclama!
Sei que tens a mesma sina de queixa,
Por amar e viver com quem se ama!
Viver só pra mim? Destino não deixa.

Pudera arrancar do pensamento
A lembrança que é sombra que sente!
Vai a saudade do esquecimento
Por caminhos onde não 'stou presente!

Sim, a lembrança do amor possível
Que ninguém sabe se irá embora.
Lembrar de esquecer é preferível,
Com um amor ao romper da aurora!

Tiremos da mente horas vividas,
Que leve o vento rasto deixado,
Lá, nas estradas por nós percorridas,
Fiquem as flores do nosso passado!

Modesto

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

A NOSSA SOCIEDADE

















Quando dos carnavais da raça humana
Forem caindo as máscaras grotescas
E se desfizerem no feroz Nirvana
Com as atitudes mais funambulescas....

Quando tudo ruir na febre insana,
Nas vertigens bizarras e pitorescas
Que riem da Fé Profunda, Soberana,
Neste mundo de emoções carnavalescas,

Vão ver passar a lúgube, funérea
Galeria sinistra dessa miséria,
Com as máscaras do rosto descoladas!

Tu que és o deus, o deus invulnerável,
Resistes a tudo,  ficas amorável,
Cairás, sim, numa noite de estrelas!

Modesto



domingo, 10 de novembro de 2019

COMO UM BARCO VELHO

















A vida é uma renúncia partida
Em pequenos fragmentos, a toda a hora.
E por um' ironia, às vezes, a vida,
Renunciando, aos poucos, vai-se embora!

A vida, hoje, é tão bela com' outrora,
Embora nos traga expressões comovidas.
O coração começa a sofrer, agora
Feito labaredas, chamas adormecidas!

No entanto,há uma Âncora no fundo!...
Hoje, com' um barco sobre o mar do mundo,
Onde está um marinheiro já mais torto...

Velas rotas ao vento, mastros aos pedaços...
Mesmo sofrendo, acenam-lhe com os braços
E deixam-no ficar, sem destino nem porto!

Modesto


terça-feira, 5 de novembro de 2019

VEM VER A CLARIDADE



















Deixa que te mostre a Fina Claridade
Que floresceu no fundo do coração,
Pois qu' eu já não sou a tua "divindade"
Que carregas nas redomas de paixão.

Oh! Deixa que te mostre a Luz do dia,
Na tela onde pintei a humildade!
Ela tem acordes duma sinfonia
E dá luz ao mundo com suavidade!

Se Ela alegra os dias sombrios
Nos espíritos mais tristes e mais frios,
Sossega-a: - Dá-lhe versos dum poema!

Diz-lhe qu' o sol é quente em tod' a parte,
Qu' a Terra  se ergue em cachos de arte
E cheira a relva, flor e... alfazema!

Modesto

domingo, 3 de novembro de 2019

JUNTO AO TÚMULO


















Eis o descanso eterno, doce abrigo
Das almas boas e da Terra despegadas!
Este repouso é mesmo sono amigo:
Veio tirá-las das vidas amarguradas.

Amarguras da Terra! E eu bem o digo!
Fostes embora pra sempre, almas amadas!
Daí do Céu, olhai por mim - eu vos bendigo -
Ó almas da minha alma, abençoadas!

Quando eu for daqui, ó meu Anjo da Guarda,
Ou quando vier a morte que já não tarda,
Guiai-me ao Bom Porto -  ao Eterno Cais.

Sem pranto, escrevei sobre a minha lousa:
"Acabaram-lhe as mágoas! - No céu repousa,
Quem muito aqui sofreu e amou bem mais".

Modesto

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

E VEIO O OUTONO!


















O Outono já deixou cair folhagem
Das árvores e as noites são compridas.
As folhas secam, caem, dand' imagem
De tapetes e com árvores despidas!

Os poentes são longos! E, na paisagem,
Os campos lavrados e terras remexidas,
Dão a impressão de coisas que reagem:
São eternas, vencedoras e vencidas.

Há mais serenidade e confiança
Na vida. A terra loira lá descansa
De florir com lírios e com trigais.

Oh! Mas não gosto destes novos dias!
Fico triste em frente das invernias,
Como se o sol não voltasse mais!

Modesto

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A VIDA COM AMIGOS


















Lá dizem os entendidos
Que há um dia pra tudo,
Até para os amigos,
Se for um dia sortudo...

Esquece por uns momentos
Tuas agruras da vida,
Sem tristezas e tormentos:
Melancolia 'squecida!

Se gostas da amizade,
Não tens mais em que pensar:
Sai e vive de verdade
Momentos que te vão dar!

Sent' o gosto d' amizade
D' amigos d' últimos tempos
Que te dão felicidade,
Aproveita os momentos!

Depois podes recordar
E sentir no coração
Um cantinho par' amar
Os que na verdade são.

Modesto

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

DE MANHÃZINHA NO CAMPO




















Ponho os olhos pelo campo fora:
Verdura, flores... o qu' a vista alcança!
Tanta saudade! Meu passado chora
Pla beleza, ond' a vista descansa!

Ouço, ao longe, uma canção sonora:
Será de mulher? Não, é de criança!
Cantam as aves ao nascer d' aurora:
É um hino cheio de esperança!

De manhãzinha, riso e folclore!
A Natureza desabrocha em flor,
Abrilhantada pelo sol risonho!

Fica minh' alma em amena prece,
Coração feliz  'inda estremece,
À luz fogosa do primeiro sonho!

Modesto

sábado, 12 de outubro de 2019

FELIZES 77
























Passam-se os dias, meses e anos,
Esqueces tuas ilusões da vida,
Entre compensações e desenganos,
Por amor, levas vida dividida!

Se a carne fica envelhecida,
Se se vão os bens e ficam os danos:
É melhor levar tudo de vencida,
Seguindo ideais, andar no plano!

Prefer' a ventura à aventura,
Tem paciência e me atura,
Enquanto o cabelo embranquece...

É grande meu amor e sempre dura:
É o meu modo de ser criatura...
Estamos a envelhecer... esquece!

Modesto

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

SONETOS DE OUTUBRO


















Tempo quente pelo ar,
As árvores amarelas,
Minh' alma a fotografar
As noites cheias d' estrelas.

A paisagem se esmera!
Dez meses 'stão a passar.
Esta Estação impera:
Beleza a desabrochar!

Outubro é bom aviso,
Qu' às vezes é impreciso...
Nada com' o ant'rior!

É novo ano que chega,
O aviso não me nega...
Eu só procuro amor!

Modesto

terça-feira, 8 de outubro de 2019

MINHA ALDEIA VENTUROSA

















Minha terra embalada pelo Douro,
Linda terra de belezas encantadas!
Tens castelos de lua -  tempo do mouro -
Onde se tece amor, lendas com fadas!

Ó meu Douro, eu quero que me escondas
Na bruma das majestosas alvoradas,
Onde durmo embalado pelas ondas,
Sempr' a sonhar com belezas encantadas!

Quando o sol emergir de trás da serra,
Aquele brilhante sol da minha terra
Fecunda os campos de agricultura!

Da serra ao Douro, aldeia querida,
Observo essa vida que me dá vida
E fico a pensar na tua ventura!

Modesto

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

SEGUNDO ANIVERSÁRIO DA FILIPA


Por tua virtuosa habilidade
E pelo modo lindo do teu ser,
Agradeço a tua amizade,
Teu carinho sempre a receber.

Neste dia da tua nova idade,
Com o tempo a te desenvolver,
Os teus talentos, na realidade,
São presentes da vida a crescer.

E que tenhas justa compensação:
Em cada acto brilhe uma bênção,
Contendo tudo o que todos desejam.

Neste dia de tanta alegria:
Parabéns! Cresce em todos os dias,
Abençoados por Deus qu' eles sejam!

Modesto

domingo, 29 de setembro de 2019

SONHOS DE OUTONO



Grita com força um sentimento no peito,
Pronúncio de frio! Mas 'inda há calor!
Caem as folhas, formando um doce leito...
E o coração bate ao prever amor!

Com tod' o respeito, corpo- alma se fundem
No querer pleno de amor e alegria!
Os olhos piscos, inutilmente, escondem
O que esperam até ao findar do dia.

O Outono prosseguirá sua memória
E haverá sonhos que moldam a história,
Com a Estação do renascer do sonho.

Sonho bonito conta um querer tamanho,
Capaz de recordar a vida de antanho,
Renunciando aos sonetos que componho!

Modesto

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

OS ROUXINÓIS


















No meu jardim, num cedro em qu' a frescura
e a flor da novidade vêm brotando,
Alegres rouxinóis, entr' a verdura.
Poisam muitas vezes, em ditoso bando.

Quando lá vou, tristíssimo, à procura
De sossego, de luz... de quando em quando,
Num doce idílio de paz segura,
Sinto-os vir poisar,  ouço-os cantando.

E, desditoso, lembro com saudade,
Esse flóreo jardim da mocidade
Que era também meu íntimo vigor.

Último brilho do meu peito ardente
Cantava a minh' alma alegremente,
Como, no cedro, os rouxinóis, o amor.

Modesto

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

FINS DE SETEMBRO
















Continuas como a Primavera,
Manténs as lindas cores de Setembro!
Confesso: Não estava à espera
De recordar o qu' ainda me lembro.

Manténs a luz do sol que t' apodera,
Clareias minh' alma qu' estava em sombra...
Vivo num mundo qu' é uma quimera,
Mas faz-me andar em suav' alfombra.

E vejo coisas que antes não via,
Como 'strelas claras 'inda de dia,
Belos pôr do sol, o nascer da lua...

No fim de Setembro!... Sei como é:
Tudo ganha cor!... É alta maré,
Belas paisagens a partir da rua!

Modesto

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

ADEUS VERÃO!

















Adeus auroras de Verão com lua loura,
Fugiste de mim... Deixaste clarão de morte.
Sol de afectos - sol qu' a alma doura...
Eras a minha estrela, único norte!

Fugiste e contigo foi luz consoladora
Deste clarão eterno e de alma forte.
Eras dia da vida - Vénus Redentora,
Astro da minha paz e Sírius da sorte!

Agora minha alma agitas as asas:
Vem o Outono com as nebulosas gázuas,
Num Pálio auroral, luz deslumbradora.

Ascende à claridade, ó dia claro,
Dia do meu bem-estar, irrompe preclaro:
Auroras fogem... Busco luz consoladora!

Modesto

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

MOCIDADE

















Andava pla vida errante e vago,
Como nauta perdido em noite 'scura,
Como cisne inspirad' em manso lago...
Uma mocidade peregrina e pura.

Cantava a vida num soluço mago,
Com minhas asas na brilhante alvura,
Ia plas nuvens com divino afago
E com voz erguida d' eterna doçura...

Acordei nas chamas de fervor profundo,
Esquecido de mim, de Deus - do mundo...
E voltei a afogar-me na mocidade.

Mas ai! Cedo fugiste, ó mocidade,
Numa queixa, numa ideia... Que saudade!
Hoje, imploro-te: Volta ao meu mundo!

Modesto

sábado, 14 de setembro de 2019

O NOSSO AMOR
















Somos amor enquanto a teu lado viva:
Nossas essências são d' alma e coração.
Teu amor é pleno de luz que me motiva:
Paz e sorriso, verdadeira emoção.

Vê meus ternos olhos que te amam festivos:
Laçam noss' amor na poesia e canção.
Beija meus lábios que sorriem emotivos:
Amor profícuo, leal, sem explicação.

Canta poemas noss' amor apaixonado.
Canta um soneto puro e delicado:
Sagrado amor, tão raro, - só teu e meu.

Cantarei poemas d' amor emocionado
E declaro-te o meu amor encantado,
Tão belo com' era Julieta-Romeu.

Modesto

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

ESTEJAS ONDE ESTIVERES



















Se tu estiveres lá,
Eu também 'starei aí.
Se nas sombras da manhã
Ou ao escurecer do dia
E no silêncio da noite...
Tu não sentirás alegria.
Nessa moldura do tempo,
Estás no meu pensamento!

Se estiveres além,
Eu estarei lá também,
Fascinado, fascinante,
À espera do instante
Em que chegam as saudades
Das tuas habilidades
Tão ternas e tão intensas,
Adivinhand' o que pensas!

E se estiveres só,
Eu sentirei muito dó
E corro pra t' ajudar
A encontrar o lugar,
Nem que seja à distância,
Que tenha a circunstância
Dos dias de emoção
Em que damos coração,
Lá no meio do jardim
E te lembraste de mim.

Modesto

terça-feira, 10 de setembro de 2019

REVENDO NOSSO AMOR

















Vamos tão abraçados, tão juntinhos,
Em tarde de calor e sol ardente.
Somos com' um casal de passarinhos
Trocando mimos dum amor nascente.

Tão devagar, em passos miudinhos...
Ficava a olhar-nos tod' a gente!
Nós, absortos, sempre aos segredinhos,
Sem a ver, à volta, atrás, à frente!

Só nós... o nosso mundo! Mão na mão,
Mil sonhos a brotar do coração
Qu' a vida construiria ou não...

Há quanto tempo foi!... E a saudade
Entra na alma, subjuga, invade,
Revendo nosso amor naquel' idade!

Modesto

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ACALMA-ME



















Junto de Deus, velando... Sonho e afago
Imagens belas, sonhos, versos, comovido...
Vejo-O olhar-me... Meu olhar é um lago
Em qu' um lírio alvorece reflectido...

Vejo-O olhar-me... E sonho! Só de vê-Lo
Meu olhar se perfuma e, à minha vista,
Há um céu de Amor a estremecê-lo
Com a devoção ansiosa dum artista...

Sol a nascer brilhante, aquece o vento
Das montanhas do céu - ó meu doce alento!
Plantas de jasmim, lírios, rosas, luar...

Perfume de flores, doçura, boa prece...
- Ó rouxinóis, calai-vos! Fonte, adormece,
Senão a minha alma pode acordar!...

Modesto

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

POESIA QUENTE E FRIA



















Dizem, por aí, que ninguém lê poesia,
Preferindo a ficção ou até ensaios.
Por ventura ou uma mera cortesia,
Olham pró poema apenas de soslaio...

Mas, livros de poemas são uma razia,
À laia de mercado, 'stilo papagaio...
É a que se faz em tarde de maresia!
Poesia séria? Dela eu não saio!

Poesia fria? Não! - Poesia quente!
Esta que me dá empenho incandescente,
Aquela a quem dou vida e coração!

As hodiernas tendência, por aí:
Frases curtas que dão dinheiro, alíbil...
Eu serei poético, mesmo d' ilusão!

Modesto

sábado, 31 de agosto de 2019

LÍRIOS QUE NÃO MURCHAM

























Numa bela manhã de sol ardente,
Cantam melros, perto, num limoeiro.
Que pena tu não estares presente:
Há lírios nas águas do ribeiro!

Colhi uns, pla saudade que me deste,
E dei-tos numa linda jarra d' ouro.
Pelo bem que na vida me fizeste,
Quero que fiques com este tesouro!

E quando, na nossa casa, os vejo
Dou-lhes sempre um demorado beijo
E fico em ti sempre a pensar...

É qu' adivinham os lírios do rio
Que te dei minha vida - sentem brio!
Beijo-os sempre, sem nunca murchar!

Modesto

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

PAISAGENS DO DOURO















Plas margens do meu Douro de águas claras,
Ando em viagem constante, sem descanso.
Vejo as paisagens que me são tão caras,
Admiro-as com prazer, nunca me canso!

É por elas qu' eu gosto de escrever:
Troco meus afectos e felicidade,
Até esqueço qu' um dia vou morrer...
Mas sei que nunca morrerei de saudade!

Tem flores, tem sol... e aves a voar!
Lá, Hinos de amor costumo entoar,
Consagrando meu tempo qu' é sempre novo.

Por lá, há luz, inspiração sem medida,
Perfume que dá vida à minha vida...
Agradeço a Deus - Aqui me renovo!

Modesto

terça-feira, 27 de agosto de 2019

PAISAGENS DE AGOSTO



















Paira o silêncio na folhagem,
As árvores tecem amor antigo,
Sobressalto vindo duma aragem
Qu' ao dia solarengo dá abrigo.

O coração, qu' é sombra na paisagem,
Dá às palavras vãs outro sentido:
Um murmúrio feito de passagem...
Ao entardecer, procura abrigo.

Ares assim fazem-se duma luz
Qu' o coração ao extremo reduz,
Com´o dia se dissolve, ausente.

Acolhem-se as palavras devagar,
Num dia, em fulgor, que nos vai dar
Vermelho crepúsculo no poente!

Modesto

sábado, 24 de agosto de 2019

TARDE DE VERÃO



















Fim de tarde, no campo da aldeia,
É tarde de Verão, iluminada.
Vem a família e gente alheia,
Par' a sombra da frondosa ramada.

Gente alegre, parece uma colmeia!
Surgem copos d' água com limonada!
Vem mais gente - mágica assembleia!
É a vizinhança aglomerada.

Da torre da igreja soa o sino,
Som que se junt' aos risos, com'um hino
Elevado ao céu, em pia prece.

Finda mais um dia alegre, quente.
Cansada a 'sfera incandescente
Cai por trás dos montes e adormece!

Modesto

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O SONHO REAL













É a luz que em nós mora em cada dia,
Sentir humano que nos enche d' esperança,
É o amor declamado, é poesia,
É alegria nos risos duma criança.

É o int'rior a saltar pró ext'rior,
É sentimento que esconde o sofrer,
É um ponto onde existe muita dor,,,
- A Verdade que não se consegue 'sconder.

É um viver nos bons sonhos, é alegria,
Amor cantado pela nobre poesia,
É amor dos amantes e dos seus amores.

Não se pode sofrer n' ilusão doentia,
Porque ninguém se engana nem há rancores...
- Sonho é horizonte de jardins com flores!

Modesto

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...