sábado, 30 de maio de 2015

MARCO, TERRA DE SERRAS ENCANTADAS



















Vivi numa pequena aldeia serrana
Tingida pelo verde intenso duma serra.
Este é o chão donde minh' alma emana,
É o meu lar e a minha querida terra.

Aqui revia verd' intenso dos pinheiros,
Refúgio de encantos e ilusões,
À sombra deles escrevi versos inteiros
De sonhos, fantasias e recordações.

Deitado no chão onde nascem as flores,
Sorvi o ar sempre leve, fresco e puro.
Este é o torrão maior dos meus amores,
A raiz do meu passado e meu futuro.

Aspirei o odor da terra ao luar,
O bom perfume dos jardins cheios de fama.
Toquei melodias qu' 'inda pairam no ar...
Ficou a saudade que m'  acende a chama.

Vivi numa pequena aldeia serrana,
Minha esperança, a luz do meu viver.
É ela o chão donde minh' alma emana,
Raiz de amor que jamais vou esquecer.

Modesto

sexta-feira, 29 de maio de 2015

UM JARDIM NA MINHA TERRA















Tantos jardins percorri,
Andei por terras inteiras...
Mas o mais lindo que vi?
- O jardim de Montedeiras!

É tão grande a surpresa
Que paira dentro de mim
Que minh' alma fica presa
Nest' encanto de jardim!

Por momentos eu pensei
Que era uma miragem.
Mas... nela me embrulhei:
Na magia da paisagem!

Montedeiras é lazer
Que me dá imenso gozo.
Continua sempr' a ser
Um jardim maravilhoso!

Modesto

quinta-feira, 28 de maio de 2015

«O CEGO GRITAVA CADA VEZ MAIS



Que todo o homem que conhece as trevas que fazem dele um cego [...] grite a plenos pulmões: «Jesus filho de David, tem misericórdia de mim!» Mas ouçamos também o que se segue aos gritos do cego: «Os que iam à frente repreendiam-no para o fazer calar» (Lc 18,39). Quem são estes? Eles estão ali para representar os desejos da nossa condição neste mundo, promotores de confusão, os vícios do homem e o seu tumulto, que, querendo impedir a vinda de Jesus a nós, perturbam o nosso pensamento semeando nele a tentação, e querem abafar a voz do nosso coração que ora. Com efeito, acontece frequentemente que a nossa vontade de nos virarmos de novo para Deus [...], o nosso esforço para afastarmos os nossos pecados através da oração, é contrariado pela sua imagem; a vigilância do nosso espírito afrouxa ao seu contacto, eles semeiam a confusão no nosso coração, sufocam o grito das nossas preces. [...]


Que fez então este cego para receber a luz mau-grado estes obstáculos? «Ele gritava cada vez mais: 'Filho de David, tem misericórdia de mim!'» [...] Sim, quanto mais o tumulto dos nossos desejos nos acabrunhar, mais insistente deve ser a nossa prece. [...] Quanto mais abafada for a voz do nosso coração, mais vigorosamente ela deve insistir até se sobrepor ao tumulto dos pensamentos invasores e tocar o ouvido fiel do Senhor. Creio que todos nos reconheceremos nesta imagem: no momento em que nos esforçamos por desviar o nosso coração deste mundo para o reencaminhar para Deus [...], são muitos os importunos que pesam sobre nós e que temos de combater. É um enxame que o desejo de Deus tem dificuldade em afastar dos olhos do nosso coração. [...] Mas, persistindo vigorosamente na oração, deteremos no espírito Jesus que passa. Donde a narração do Evangelho: «Jesus parou e mandou que o trouxessem até Ele» (v.40)  

(S. GREGÓRO MAGNO)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

BELEZA E AMARGURA















De um sonho matinal sai beleza rara.
Sou um sonho onde se cultiva a dor,
Como a nudez do mármore de Carrara
Que me faz despertar em sonhos de amor.

Há uma esfinge no céu a dominar,
Brancura de cisne como a neve fria
Onde se pode rir ou se pode chorar,
Ond' há movimentos de grande harmonia.

Se há no Universo atitudes fátuas
Donde parece sair as nobres estátuas,
Mostram noite e dia belezas ingentes...

A Natureza fascina dóceis amantes,
Os astros de cristal tornam-se deslumbrantes...
Minha imperfeição deixa olhos ardentes!

Modesto

terça-feira, 26 de maio de 2015

SER AMIGO















O amigo aconselha,
Não é tarefa pequena!
Escuta-o, faz parelha
Com voz suave, serena.

E é dar-se sem favores,
Ajudar, dar alegria.
Pode oferecer flores,
Qualquer hora, qualquer dia.

E se trabalho tiveste
A fazer ramo assim,
Foram flores que colheste
Nesse teu lindo jardim.

Riqueza é ter amigos,
É dar a tua amizade.
Riqueza faz inimigos,
Só por causa da vaidade.

Que lindo gesto amigo
Sem preço e sem dilema:
Dar a um pobre abrigo
E fazer-lh' um bom poema.

Modesto

segunda-feira, 25 de maio de 2015

PRESOS PELO CORAÇÃO
















Intimidade é lugar sagrado,
Encantamento, amor e paixão.
Mesmo num silêncio sussurrado,
Fundem-s' amor, lábios, coração.

Felicidade sublime ardente,
Na liberdade da alma é ode.
A volúpia torna-se clemente
E transportar mais amor, não se pode.

A restante vida torna-s' estranha,
O êxtase é como a montanha
Que abarca toda a amplidão.

Então, o coração rápido bate,
Um langor lento sobre nós s' abate...
Ficamos presos pelo coração!

Modesto

domingo, 24 de maio de 2015

PENTECOSTES


















Oh! Chama de Amor viva,
Quão ternamente Tu eras!
À minha alma davas vida
Em todas as Primaveras!

Oh! Espírito suave,
Sem alegria igual!
A minha alma já sabe:
És Verdade sem igual!

Oh! Santas línguas de fogo,
Sois grande resplendor!
Dai calor à vida, logo,
Com Luz do Vossa Amor!

Espírito Amoroso,
Inspira-me vida plena,
Dá-me Teu Pão saboroso,
Torna-m' a vida serena!

Nada pode ver o Vento,
Porém, minh'alma envolve!
Ilumina-m'o pensamento,
O Teu Amor me devolve.

Vem! os meus sonhos desperta!
Tua 'sperança m' envolva:
Deixo minha porta aberta
Que entre e me absolva!

Modesto

sábado, 23 de maio de 2015

NA CALMA DO JARDIM















Flores são flores vivas no jardim.
Flores são flores colhidas sem dó.
Pessoas boas florescem assim,
Como quem ama, não quer ficar só.

Sublimemos, amor, como as flores:
Não morrem no jardim, se o perfume
For essência de provas d' odores
E não misturem instintos com lume.

No jardim a essência defende
O secreto aroma que rescende
O amor decorado com alma.

No nosso jardim, já fiz um canteiro
Que de violetas está inteiro
Com borboletas a voar com calma.

Modesto

terça-feira, 19 de maio de 2015

ANTES DO PÔR DO SOL

















Tenho um poema pra te revelar,
Seara loura, à lua... quem me dera!
Era Junho, quand' encontrei teu olhar
Para me perder, de vez, na Primavera!

Transformei meu viver, procurei a sorte.
Provei o fel das mágoas e fracassos...
Pedi para te amar até à morte
E pedi-te pra matar os meus cansaços.

Para isso, encurtei nossa distância,
Como fazíamos na nossa infância:
Com um gesto, havia entendimento!

Seara loura, à lua... quem me dera
Vir perder-me em ti na Primavera,
Numa aventura d' haver casamento!

Modesto

segunda-feira, 18 de maio de 2015

«PARA QUE, EM MIM, TENHAIS A PAZ»

Senhor, a tua misericórdia é eterna. Cristo, Tu que és todo misericórdia, dá-nos a tua graça; estende a tua mão e vem em auxílio de todos os que são tentados, Tu que és bom. Tem piedade de todos os teus filhos e vem em seu socorro; concede-nos, Senhor misericordioso, que nos refugiemos à sombra da tua protecção e sejamos libertos do mal e dos adeptos do Maligno.


A minha vida está crispada como uma teia de aranha. No tempo da desgraça e da perturbação, tornámo-nos como que refugiados e os nossos anos esmoreceram sob a miséria e as infelicidades. Senhor, Tu que acalmaste o mar com uma simples palavra, apazigua também, na tua misericórdia, as perturbações do mundo, sustenta o universo que oscila sob o peso das suas faltas.


Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Senhor, que a tua mão misericordiosa repouse sobre os crentes e confirme a promessa que fizeste aos apóstolos: «Estou convosco todos os dias até ao fim do mundo» (Mt 28,20). Sê o nosso socorro como foste o deles e, pela tua graça, salva-nos de todo o mal; dá-nos a segurança e a paz, a fim de Te darmos graças e adorarmos o teu santo Nome em todo o tempo.

(SANTO EFREM)

domingo, 17 de maio de 2015

ASCENÇÃO









«Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida» (Lc 15,6)

No dia da tua ascensão, ó Cristo Rei,
Os homens e os anjos exclamam:
«Tu és santo, Senhor, porque desceste à terra e salvaste Adão,
O homem feito de pó (Gn 2,7),
Do abismo da morte e do pecado,
E pela tua santa ascensão, ó Filho de Deus,
Os céus e a terra entram em paz.
Glória Àquele que Te enviou!»
A Igreja viu o seu Esposo em glória,
E esqueceu os duros sofrimentos do Gólgota.
Em vez do fardo da cruz que carregava,
Uma nuvem de luz O carrega.
Eis que Se eleva, vestido de esplendor e de glória.

Cumpre-se hoje um grande prodígio no Monte das Oliveiras:
Quem o conseguirá descrever? […]
Nosso Senhor descera à procura de Adão
E, após ter encontrado aquele que estava perdido,
Pô-lo aos ombros
E em glória consigo o introduziu nos céus (cf Lc 15,4ss).
Ele veio até nós e mostrou-nos que era Deus;
Tomou um corpo e mostrou que era homem;
Desceu aos infernos e mostrou que morrera;
Elevou-Se aos céus e foi exaltado, mostrando toda a sua grandeza.
Bendita seja a sua exaltação!


No dia do seu nascimento, Maria rejubila,
No dia da sua morte, a Terra treme,
No dia da sua ressurreição, o inferno aflige-se,
No dia da sua ascensão, os céus exultam.
Bendita seja a sua ascensão!





sexta-feira, 15 de maio de 2015

SAUDADES DA MINHA ESTRELA




















Procurei-te, estrela do passado,
'Scondida no azul d' imensidade!
Foste sonho d' afecto 'stiolado...
Hoje 'inda vivo nessa saudade!

Já que foste para o céu, subindo,
Minh' alma, de longe, t' acompanhava.
Enquanto no azul foste sumindo,
Vi o adeus qu' o céu me enviava.

Vi a aurora - mágica princesa...
Vi o sol o céu iluminando
A Catedral da bela Natureza.

Mas veio a noite triste, sem ela!
Eu vi as negras sombras chegando...
E nunca mais vi a minha estrela!

Modesto

quinta-feira, 14 de maio de 2015

E... DE REPENTE...

























Ainda me lembro! Nada mais importa.
Aqueles dias de brinquedo intenso
Deixavam-me, dia a dia, em suspenso,
À espera de brincar de novo à porta!

Mas... um dia acabou a esperança!
Em vez de brincadeira, veio trabalho!
Pendurei todos os brinquedos num galho...
Desd' esse dia, deixei de ser criança!

Estrada fora, segui meu caminho.
Embora a idade foss' aparente,
Cravou-se fundo, no peito, um espinho.

Agora passei a brincar novamente:
Voltei a ser um pequeno menininho
Que ficou velho, um dia, de repente!

Modesto

quarta-feira, 13 de maio de 2015

ECOS DAS MONTANHAS



















Ouço um grito na surdez do vento
Que surge das verdejantes montanhas.
Eco que rompe o meu pensamento
E liberta as dores das entranhas.

Atordoado, ouço um lamento:
São cantigas que já soam estranhas.
É elo que liga meu pensamento
Aos ecos de antigas artimanhas.

O meu olhar avista o cinzento,
Cor e reflexo doutras tantas sanhas
E tons esmorecidos no momento.

São ecos que tiram dores tamanhas!
Busco quietude, central intento,
E encontro-a na paz das montanhas.

Modesto

terça-feira, 12 de maio de 2015

SÊ POSITIVO
















Olha, no teu jardim, as rosas abertas
E nunca olhes prás pétalas caídas.
Observa aquelas que 'stão mais despertas
E nunca as que vivem mais distraídas.

Vê as que vivem no brilho d' alegria,
Não as orvalhadas no véu da tristeza.
Observa pássaros que cantam magia:
Esses transmitem a voz da Natureza.

Cada manhã vê o nascer da aurora,
Guarda tod' o dia essa bela hora,
Conserva o teu sorriso, não o pranto.

Canta o azul das tuas Primaveras,
Guarda os tempos puros de quand' eras
Criança e suas mensagens d' encanto.

Modesto

segunda-feira, 11 de maio de 2015

AS ROSAS DO POETA
















Não t' aflijas com a pétala que voa.
Pode-se ser, sem deixar de ser assim:
Como a rosa vai ver cinzas à toa
Num mundo dif'rente que já foi jardim...

Eu deixo aromas, até nos espinhos.
Ao longe, o vento vai falar de mim.
Deixo-me perder, no vento, aos pouquinhos,
Para ser lembrado e não ter mais fim.

O poeta, irmão do vento e água,
Deixa seu ritmo, por onde passa mágoa...
Suas pegadas ficam pelo caminho.

Sua trajectória também tem céu:
No seu jardim, crescem rosas negro-breu...
Mas são só as rosas que lhe dão carinho!

Modesto

domingo, 10 de maio de 2015

AS BELAS ALDEIAS

















Nas aldeias sossegadas
Com aspecto pastoril,
Há colinas azuladas
E frescas manhãs d'Abril.

Há pessoas honorárias,
Doce paz e eminências,
P'las colinas solitárias,
Cultivam florescências,

Tem eiras- como eu gosto -
Com sol e vida sã...
Tem a luz do sol posto
E o brilho da manhã.

O campo é amoroso
Quand' o calor s' insinua,
Há aroma mist'rioso,
Há a solidão da rua.

Tem paisagem que s' alcança
E passarinhos no ninho.
Toda a vida é mansa
Como velas do moinho.

À noite ouvem-s' os grilos:
Zunem notas sibilantes,
Misturam os seus estilos
Por esses campos distantes.

Modesto

sábado, 9 de maio de 2015

O LUAR DOS POETAS



















Neste luar de emoção e beleza
Qu' ilumina a nossa noite escura,
Existe bondade que se faz grandeza,
E há dor sofrida que se faz doçura.

É muda a expressão da Natureza:
Há beijos d' amor, sorrisos de candura
Qu' aliviam a dor, levam a tristeza...
Mas, pró poeta, é mística tortura.

É um mistério o céu estrelado,
Reflectido num pântano estagnado,
A lua a raiar no negro da bouça.

O poeta escreve atarefado,
Os raios da lua são o seu fado,
Enquanto seu coração, d' amor balouça.

Modesto

sexta-feira, 8 de maio de 2015

ENLEVOS NO MEU TORRÃO NATAL


















Entr' as frestas do passado,
Meu olhar está distante...
Vejo-m' agora atado,
Mas ainda expectante.

Na linha do horizonte,
Vejo passado constante,
Se passeio pelo monte,
O tempo é delirante!

Ao tempo, apaixonado,
Entre amores, constante,
Eu cantava afinado,
Pró meu amor vigilante.

Lá do alto duma fraga,
Vejo ambient' agreste...
E o meu ego afaga
A coroa dum cipreste.

Olho para as campinas
Mostrando as suas flores.
Então desço as ravinas
E colho prós meus amores.

S' amanhã acontecer
Não poder contemplar
As paisagens de prazer...
Eu prefiro nem pensar!

Ninguém me tira da mente,
Tão-pouco do coração,
Esta visão permanente
Deste meu natal torrão!

Modesto

quinta-feira, 7 de maio de 2015

VIVER NÃO DÓI

























Viver não dói. O que dói
É a vida não vivida,
Tanto mais bela sonhada,
Ou triste se for perdida...
Deix' acontecer, mais nada!

Viver não dói. O que dói
É estranha lucidez,
Mistos de fome e de sede,
Não viver da fluidez
Onde tudo se constrói!

Viver não dói. O que dói
É o tempo, forç' onírica
Em que se criam os mitos,
Viver a vida em lírica
De qu' o prazer nos faz ricos!

Viver não dói. O que dói
É florir fundo, florindo,
É distância infinita
Entr' a vida que vai indo
E se torna mais bonita!

Viver não dói. O que dói
É o nosso pensamento!
E, nesse pensar vivido,
Não aproveitar o tempo
E deixar tudo perdido!

Modesto

quarta-feira, 6 de maio de 2015

ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO
























Viciados cad' instante
E cada dia que passa,
Nest' amor apaixonante
Que sempre se entrelaça.

Prendemo-nos sem saber
E sem ver qual a razão.
Nem queremos perceber...
Só nos int'reça paixão!

Nunca 'stamos saciados
Do amor fazer sentir.
Mas 'stamos amargurados:
Um dia vamos partir!

Mas enquanto durar,
Iremos viver assim:
Os dois vamos cultivar
As flores deste jardim.

42 anos casados
A viver nestes amores,
'Inda não 'stamos cansados
Dum ao outro darmos flores!

Modesto

terça-feira, 5 de maio de 2015

PELOS CAMPOS DE MILHO
















Passeava com os meus pensamentos
E poesia de inspiração,
Com recordações de tantos momentos:
Foram tantos, de tanta ilusão...

Viajavam as nuvens ao meu jeito,
Quando passava nos campos de milho
Verde... e apertava-me o peito
Um bom calor de sol em pleno brilho.

Via ,em redor, belo horizonte,
Sentia a vibração duma fonte
E um raio de luz no pensamento.

Era encantamento de magia:
A doce emoção da poesia,
Dona da inspiração do momento!

Modesto

segunda-feira, 4 de maio de 2015

ESTOU APAIXONADO












Senhor, Meu Deus, estou apaixonado
P'la beleza da Tua Criação!
Qu' eu viva nela sempre enamorado,
Trabalhe prá sua conservação!

Então, minh'alma canta com fervor,
Tu és magnífico, dás-m' alegria:
És o Meu Deus, também o Meu Senhor,
Que eu sorria ao nascer do dia!

É no silêncio da madrugada,
Que só o vento farfalha a folha,
Só um cãozinho dá uma ladrada
Diz às estrelas: "hora da recolha"!

Vão-s' as estrelas, recolhe-s' a lua,
Nasce o sol com tod' o esplendor!
Então eu rezo à grandeza Tua,
Vem o dia a cantar Teu louvor!

Os passarinhos põem-s' a cantar,
Começa agor' a abrir a flor!
Tod' a Natureza 'stá a louvar
A beleza do Teu grande amor!

E vem o povo todo apressado,
Para seu sustento, vai trabalhar.
E já que deitou a mão ao arado,
Nunca mais se põe pra trás a olhar!

Só em Deus coloco meu pensamento
E, por Ti, renuncio ao pecado.
Tu és glória, paz, contentamento,
Por Ti, qu' eu nunca viva descuidado.

Modesto

domingo, 3 de maio de 2015

A MÃE QUE ME DEIXOU




















A vida que eu gostava
Rompeu-se - ó desgraçado!
Há lembranças do passado...
Perdi tud' o que amava!

Nada foi como pensava:
Amor de mãe é sagrado,
Ao dormir acalentado,
Com seu amor me beijava!

Meu destino - treva densa -
Dentro de mim, não se finda.
Faz-me falta na doença!

Minha mãe, que noit' infinda!
Ao dormir, deste-me crença...
Mãe, eu amo-te ainda!



Modesto

sábado, 2 de maio de 2015

OS ELEMENTOS DA NATUREZA

















Muitos adoradores vos mostrou
A vós sábia Vénus, a formosa,
Com Diana, Juno - ó animosa!
Quantos continentes vos adorou...

Aquele saber grande que juntou
Espírito e corpo em generosa
Máquina mundana e lustrosa,
Os quatro elementos fabricou.

Mas fez grande milagr' a Natureza:
Criou sabedoria, ainda nua,
P'los quatro elementos repartiu!

Veio o esplendor do sol e lua,
Uniu-se vida, graça e beleza!
Ar, fogo, terra, água vos serviu...

Modesto



sexta-feira, 1 de maio de 2015

MONTANHAS DA MINHA TERRA

















Tudo nas montanhas me faz relaxar,
Faz ver o mundo de forma diferente!
Do encanto da beleza a pairar,
Ao amanhecer lindo do sol nascente!

Os animais encantam, dão alegria,
Os pássaros cantam, voam a correr:
Ao meio dia, há sombras de magia
Das giestas que debaix' os vão 'sconder.

O ar puro dá frescura harmoniosa,
A paisagem é beleza duma rosa,
O silêncio surdo faz meditar.

Montanhas da minha vida de criança,
Ainda me dão vida e esperança...
É o pôr do sol que mas faz recordar!

Modesto

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...