quinta-feira, 28 de julho de 2022

PECADOS MEUS

 Pecados meus sempre amarguraram
Minha vida - humana condição!...
Ficou amargurado o coração
E meus sonhos rosados acabaram.

Nos prados e jardins que me mostraram
Coloquei as sementes da ilusão...
Chegou a Primavera e o Verão,
Floriram ramos, frutos maduraram.

Porém, chegou o desabrido Outono
E os meus frutos ficaram sem dono
E não foram colhidos para a mesa.

Chegou depois o Inverno regelado,
Frio ventoso neste descampado
E comi as bolotas da tristeza.

sábado, 23 de julho de 2022

FOGO DE ARTIFÍCIO

 Fogo de artifício... Poeira iluminada!
Ramalhete de flores , irreais, reluzentes
Suspensas no espaço... Tão belas e trementes
Que apetece apanhar, guardar na mão fechada.

Quais pedras finas, soltas dum colar de fada
Nas mãos de anjos travessos, loiros, inocentes
Jogadas ao berlinde com 'strelas cadentes
Que riscam de corrida o céu da madrugada.

Fogo de artifício... Magia deslumbrante!
Sementes de ilusão num globo mal-parido,
Onde sonhar passou de moda e de sentido.

Talvez antevisão dum mundo flamejante,
Fictício e oco, que se acaba em espirais
De fumo, decepção, vazio... E nada mais.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

É TARDE PARA NÃO TE AMAR

 È muito tarde para não te amar. 
Tudo o que ouço é sopro do teu nome.
O que sinto é teu corpo, que consome 
-Presente, ausente- o meu corpo. Luar

Em que me abraso, morro: O teu olhar
Ofusca as memórias, onde some
Um mundo e outro se ergue. Sede, fome
E esperança, ah! para não te amar

É tão tarde que tudo já é distância, 
Que só respiro este luar que me arde,
Este sopro sem praias do teu nome,

Esta pedra em que pulsa e medra a ânsia
E esta aura, em fim, que me envolve ( é tarde)
O que és - presente, ausente- e me consome.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

CAVADOR DO INFINITO

 Com a lâmpada do sonho desço aflito
E subo aos mundos mais imponderáveis
Da alma o profundo e soluçado grito,
Vou abafando as queixas imponderáveis.

Sinto, em redor, nos astros inefáveis
Ânsias, desejos... tudo fogo escrito.
Cavo nas fundas eras insondáveis:
O cavador do trágico infinito.

Quanto mais pelo infinito se cava,
Mais o infinito se transforma em lava
E eu, cavador, me perco nas distâncias.

Alto levanto a lâmpada do sonho
E como seu vulto pálido e tristonho,
Cavo os abismos das eternas ânsias!

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...