quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

HORAS DE REFLEXÃO



















Nas madrugadas de silêncio amigo,
São horas do encanto da humildade.
E vem a nós o nosso perfil antigo:
O anjo branco e belo da bondade.

Horas em qu' o coração não vê perigo
De amar e de sentir a liberdade:
Toma o Manto de Proteção com' abrigo,
Sob asas imortais da Eternidade.

São horas da reflexão de excelência,
Nos segredos fechados da existência,
Com as bênçãos do perdão sempre benditas.

São horas profundas de mistério casto,
Já que do céu desce profundo e vasto
O descanso das nossas almas contritas.

Modesto

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

SEMPRE COM DEUS














Deus Eterno, dá-me a consciência
De depender de Ti continuamente.
Não m' abandone a Tua clemência,
Ensina-me a viver humildemente.

Não quero ser carro abandonado,
Sem piloto e perdeu sua rota...
Não me deixes, Senhor, abandonado,
Sem Ti, a vida é uma derrota!

Sei qu' há dias sublimes nas montanhas,
Que há desertos que só nos dão manhas,
Que há momentos tranquilos nos vales...

Qu' eu saiba também, Deus, que m´acompanhas,
Não deixes o mal vir-me às entranhas!
Ó minh' alma, qu' a Deus bem alto fales!

Modesto

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

AMANHECER MELANCÓLICO
















Eu preciso de voltar para trás.
Onde vou a correr desatinado?
O sol a nascer, um dia de paz...
Porque tenho que lembrar meu passado?

Já cantam, nos campos, os passarinhos.
Foi-se a noite... Há céu luzido!
Mas meus olhos cismam que são velhinhos...
E cá vivo nesta terra transido!

Vinde velhas primaveras! Chamai-as,
Para enfeitar o meu ser com maias
E eu ver o florir das macieiras!

Esfriai minh' alma d´ olhos febris,
De pensamentos assim tão senis...
Qu' eu volt' a cantar as canções primeiras!

Modesto

domingo, 28 de janeiro de 2018

O TEMPO PASSA SEM MEDIDA




















Tempo passa sem medida,
Sem retorno e sem fim
E leva a minha vida,
Deixando marcas em mim.

S' ele levasse as quimeras
Na passagem infalível,
Levava as coisas beras,
Minha beleza visível.

Vão os dias, meses, anos,
Segundos, minutos, horas...
Passa tempo sem enganos,
Sem delongas nem demoras.

E agora, ó meu tempo,
Que mais poderei dizer?
Vida não é passa-tempo,
Aprendamos a viver!

Modesto

sábado, 27 de janeiro de 2018

LINDA FLOR DA SERRA

























Numa serra, avisto, com certa surpresa,
Uma linda flor num tronco velho adusto.
Atraiu-me a meiga rústica beleza!
Esforcei-me para a colher, mas a custo.

Era uma bela flor com cor de turquesa,
Pétalas iriadas, pezinho venusto,
Coisa formosa- ideal da Natureza!
Quis guarda-la, mas apanhei um grande susto:

Um ramo vem e arrebata-a já morta!
Efémera visão qu' em seda se recorta,
Flor azul, minha linda flor desconhecida!

Ficarás em mim como grata lembrança
Daquilo que se perde e não mais s' alcança,
Como o que se vê uma só vez na vida!

Modesto

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

ACREDITA

























Vê com' a dor te transcendentaliza!
Tu, no fundo da dor, crê nobremente.
O que faz a beleza, diviniza,
Transfigura teu ser em força crente!

Tua crença seja celeste brisa
E o brilho que vem do oriente.
Então o astro do céu cristaliza
Teu sonho supremo n' Omnipotente.

Alma e coração ficam mais graves,
Inspirados por carinhos suaves,
 Na doçur' imortal, sorrindo, crendo...

Tod' a alma humana necessita
De uma esfera de luz bendita
Par' acreditar sem andar gemendo!

Modesto

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

AMO A VIDA

























Tenho muito pouco tempo
Para dizer que te amo,
Ó vida, meu sentimento
Cada momento te chama.

E amo-te com ternura,
Sem ti não posso viver,
Ó minha doce ventura,
Razão do meu bem querer.

Eu amo-te como vida,
Quero-te como a mim.
Tu és a minha querida,
Meu começo, meio, fim.

Já não sei o que dizer...
Viver nunca foi um sonho!
Sem ti eu não sei viver
No poema que componho...

Modesto

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A VIDA FOGE, A DOR FICA.

















Tudo foge, tudo desaparece
E tudo cai no vento da desgraça,
Gelando o ardor da última prece...
A vida é sopro que por nós passa.

O sonho sonha e desaparece
Do coração que o amor enlaça
A moça que foge se a idade cresce...
A rosa murcha em botão, sem graça.

Deus transforma, na Sua Lei pura,
Na dor d´alma qu' o ideal tortura
Com demência de pobres em loucos...

Mas se o rio para o mar corre,
 Se tudo cai, Senhor, porque não morre
A dor sem fim que devora aos poucos?

Modesto

VIDA SEM TINO















Foi sempr' assim e será mais tarde
Ao qu' hoje pensas chamarás quimera!
Esse 'splendor que nos teus olhos arde
Será visão de velha primavera!

Andas 'scondido como uma fera,
Em silêncio, sem fazer alarde.
Mas uma sombra, ali, te espera,
Com destino tenebroso... Verdade!

Nesse requinte de perversidade,
Ficas com a dor, a dor da saudade
Que te traz ilusão em cada sonho.

Quando t' olhares, notarás, então,
Qu' em vão sonhaste e vivest' em vão
E... vais vivendo com teu ar tristonho.

Modesto

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

AINDA QUERIA SER CRIANÇA










Quando eu era criança e tinha cheia
A minh' alma de sonhos bons e fugidios,
Como uma abelha que sai da colmeia
E voa livre pelo silvado bravio.

Quando, à noite, via o luar macio,
Vinha brincar no meu Douro com a areia,
Gostava, cheio d' enlevo, ouvir o pio
Da coruja que cantava lá na aldeia.

Que bendita foi essa primeira idade,
Já com os olhos abertos e felicidade...
Eu vivia como quem andava sonhando!

Ia prá cama e, enquanto não dormia,
A mãe rezava comigo o que sabia
E perguntava-me: «Amas-me até quando?»...

Modesto

sábado, 20 de janeiro de 2018

E SERIA DIFERENTE...



















Verdade qu' eu não queria
Ver o mundo decadente!
Há quem mostre alegria...
Vejo tristeza na gente!

E vejo tanta maldade,
Tanta falta de amor!...
E vejo muita vaidade,
Um vazio int'rior!...

E... Há tantas injustiças,
Até em nome da lei!...
Há, por aí, calculistas,
Parasitas... nesta Grei!

Há solidariedade,
Mas tudo sem compaixão!
Em vez de fé, laicidade...
Mas tudo sem união!

Porquê não paz, harmonia
Com um tempo de perdão?
Havia mais alegria
Em toda esta Nação!

Modesto


sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

OS MEUS VERSOS SIMPLÓRIOS



















Nos meus versos simplórios,
Falei do amanhecer.
Mas, s'eles foram inglórios,
Vou falar d' anoitecer,
Exponho meu sentimento
Com o meu conhecimento,
Como gosto d' escrever.

Veio-m' à inspiração
D' em poesia falar
E disse-m' o coração:
Fazer versos é amar!
Versejei "entardecer"
Para crepúsculo ver,
Antes da luz do luar.

Ao imaginar matizes,
Com' o lindo girassol,
Tive que ir às raizes
Dos mágicos pôr- do-sol!
Regressei às minhas fontes,
Donde se vê horizontes
Em tardes de arrebol.

Fui compondo minha arte,
Até chegar ao final!
Pus muita coisa de parte
Que não dava para tal.
Com um pouco de vontade,
Mantendo fidelidade
Ao poema natural.

Modesto

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O FENÓMENO DO AMANHECER















O sol traz consigo convit' a despertar,
Acorda sentidos do corpo e espírito,
Num sábio preparo pra ir trabalhar
A cantar d' alegria, a sair do sítio.

Oh! É maravilhoso o nascer do sol!
É como um milagre poder despertar,
Perceber a beleza de um arrebol,
Quando o belo amanhecer despontar!

Os raios rompem o silêncio da noite
E chega-nos cá um amanhecer afoite
Com um belo horizonte resplandecente!

Temos um novo dia par' agradecer
Ao Criador o f 'nómeno d' amanhecer,
Por isso, vamos vivê-lo intensamente!

Modesto

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

GOSTO DE COISAS SINGELAS

























Gosto de coisas singelas:
Arco-íris, suas cores,
Bris' a bater nas janelas
E dum ramo de flores.

E da chuva miudinha,
Das nuvens de algodão,
Orvalho na minha vinha,
Do cheiro que sai do chão.

E de ver o horizonte,
de ver o sol nascer.
Beber da água da fonte,
Do belo amanhecer.

Gosto da luz do luar,
Dum lindo anoitecer,
Das estrelas a brilhar
e do céu a 'scurecer.

Gosto d' ouvir o Meu Deus
E com Ele conversar...
Os Seus Preceitos são meus
E gosto de O amar.

Modesto

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

TRANSCENDI-ME E VOEI













Era o fim da tarde a chegar.
Estava à janela
E apetecia-me voar
Até à primeira estrela!
Com a minha pretensão
Veio-me a inspiração.

De repente, um passarinho
Pousa perto, num raminho
E diz-me em voz cantada
Que liberdade é sair do ninho,
Com destreza sintonizada,
Com pureza no olhar,
Transcender-se e levantar.

Pensando, as asas criei
E muito além voei,
Mais do que sempre sonhei!
Densas nuvens atravessei,
A cortina azul rasguei,
Momentos vivenciei
De total felicidade,
De êxtase e irrealidade
E a estrela encontrei!
Era farta a alegria,
Numa perfeita harmonia,
Meu corpo estremecia,
Minha alma embevecia...

Mistura de sensações,
Não sei descrevê-las...
Sei que só via clarões
Das muitas estrelas!
De repente, despertei
E a mim retornei
E voltei ao mundo real
Transportado pela irrealidade.

Modesto

domingo, 14 de janeiro de 2018

DEUS É MELHOR QUE O MUNDO

























Melhor O que 'stá em nós que no mundo
E, muitas vezes, andamos errados
A vacilar no caminho, cansados...
Mundo d' angústia e solidão,
Mas seguimo-lo com tod' a paixão!
Em vez d' aproveitar viver a vida,
Procuramos recompensa sem lida!

Andamos à procura do poder,
Mas há um Deus que nos mandou vencer!
Só queremos viver na confusão,
Zangados com o qu' é tribulação,
Esquecendo a ordem de amar
E pôr o espírito no lugar!

Gostamos de tud' o qu' é programado
E vivemos num agir pré-gravado...
A nossa consciência cessou,
A inspiração de Deus acabou
E levantamos a voz pra dizer
Que o que 'stá mal é o nosso ser!

Perdoa-nos, ó Deus, tanta fraqueza,
Tanta crueldade e impureza...
Porqu' em vez de ansiarmos o céu,
Cobrimos a vida com falso véu!
Ajuda-nos, ó Deus, a levantar,
A viver Teu Querer pra triunfar,
Que nossos olhos vejam o profundo:
Melhor O que 'stá em nós que no mundo!

Modesto

sábado, 13 de janeiro de 2018

NA LUTA DA VIDA























Mais um dia m' ajoelho aqui
Para agradecer ao Pai amado:
Tod' a graça que d'Ele recebi,
Tudo o que eu tenho almejado.

Muito procurei, muito batalhei,
Muito aprendi, com isto, cresci!
Todas as batalhas em que entrei,
Deus me ajudava, porque Lhe pedi.

Obrigado Pai! Só, eu não podia,
Vós me ajudaste todo o dia
E levei a luta até ao fim!

Obrigado Pai! Mais doce qu' o mel!
Fazei qu' eu seja justo, bom, fiel,
Qu' esta luta me garanta bom fim!

Modesto

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O SENHOR É MEU PASTOR



















O Senhor é meu Pastor, me sustenta,
Em prados verdejantes faz deitar-me,
Leva-m' à fonte que me dessedenta...
Que plo caminho recto me acalme!

Não temo mal algum, s' estás comigo
E se me guias com o Teu cajado,
Se m' ajudas contra o inimigo...
Eu, então, possa viver descansado!

Alegro-me com o meu cálice pleno,
Rejubilo bebendo alegrias,
Sob o Teu tecto sinto-me sereno...
Contigo possa viver longos dias!

Modesto

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

SEM ABRIGO

















Pobres rejeitados da dignidade,
Sem casa, sem cama, sem sabão,
Dormem nos escombros duma cidade,
Só a roupa vestida e sem pão,,,

Dormem no chão com trapos ou cartão,
Sob a nossa invisibilidade.
São lixo desta civilização
Condenados pela iniquidade.

Nem governo nem sociedade
Mitigam a fria realidade...
Só algum caridoso coração!

Vivem sem sorte... ou sem vontade,
Por uma ingratidão da verdade,,,
Seu fado frio não tem solução?

Modesto

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O FRIO DE INVERNO

















Nascer do sol... Razão da minha vida!
Gélidas nuvens na minha visão,
Arrasto meus passos na dura lida,
Espalho as saudades pelo chão...

Tenho as mãos nuas de esperança,
Mesmo qu' as luvas de lã as aqueçam.
Tenho memórias do ser criança...
Qu' alma e coração nunca esqueçam!

Tenho a face roxa pelo frio
E recordo as águas do meu rio
Quando corriam como enxurradas.

Senhor, escuta meu triste apelo:
Não me deixes caminhar neste gelo
Destas Estações assim tão geladas!

Modesto

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

PAISAGENS DA NATUREZA
















Paisagens da Natureza,
Tud' o que nela s' encerra...
Já não me causa surpresa
A beleza duma serra.

Brilham os raios solares,
Luz que reflecte a lua
São fenómenos milenares,
Deslumbre que s' insinua.

Delas, palavras não falam,
A não ser dentro de ti...
São lindas mas não igualam
Belezas que nelas vi

Só não a viu quem não quis.
A paisagem tudo disse.
É Natureza que diz:
Sou beleza, Deus predisse!

É chama exuberante
Qu' incendeia nosso peito.
Basta olhar um instante
Para ficar satisfeito!

Modesto

domingo, 7 de janeiro de 2018

NOITE FRIA NA CASA DO POBRE

























Frio enorm' a alma do pobre corta,
E encolhe-se lá no seu "edredão".
O vento soa forte à sua porta,
Passa e arrasta as folhas plo chão.

Nesta noite d' inverno fria e torta,
Com uma neblina que dá cerração...
Tudo isto seu espírito comporta,
Mas su' alma exaspera d' aflição.

As horas passam pelo seu abandono
E, em vão, tenta conciliar o sono
Entre os frios lençóis onde se deita.

Na cama fria, o quarto fica triste
Com este inverno cruel que persiste...
Vale-lhe seu amor que tem à direita!

Modesto

sábado, 6 de janeiro de 2018

SE EU FOSSE TROVADOR...



















Se eu fosse trovador,
Cantaria para ti
Belas rimas de amor
Que da tua boca ouvi!

Mas, se eu não sei cantar,
Qual será o meu destino?
Passar dias a sonhar:
Ser, no teu colo, menino!

Talvez um dia o caminho
Nos possa unir de mansinho
E tua boca me beija!

Oh! S' eu fosse trovador,
Me darias teu amor
Na canção que se verseja!

Modesto


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

DIAS DE INVERNO
















Chove na casa do pobre
E no meu coração chove.
Na casa envelhecida,
Mora gent' empobrecida.
Há frio pelos caminhos,
Dor nos velhos e meninos.
Dor dos pobres deserdados
E dos que são aldrabados.
Mágoa, ferida alheia,
Dor nos qu' estão na cadeia,
Nos que sofrem injustiça
Só por causa da cobiça...

Há, por isso, mágoa, luto:
Tanto pranto que escuto,
Com meu peito magoado,
Soturno, fundo calado,
Num rio d' amor se move...
Chove na casa do pebre
E no meu coração chove.

Modesto

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

VOU PELA NOITE...
















Vou andando plas margens do caminho
Arenoso, comprido, salutar...
Com verduras leves, tons de arminho,
Numa noite de límpido luar.

Nuvens brancas, como o alvo linho,
Cortam a doce amplidão do ar.
Um inefável, meigo passarinho,
Ao longe, entoa canção singular.

No céu vê-se a branda curvidade
Qu' a luz expand' em bela claridade
Com supremo, encantador afago.

Meu olhar vibrante de desejo
Vai decifrando trémulo arpejo
Do som dos astros que produz o vago...

Modesto

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

OS ANOS PASSAM



















Os anos passam, fica a lembrança
Dos ontens e dos tempos de outrora,
Foram balões no olhar de criança,
Sóis das manhãs rompendo a aurora.

Era mundo chamado esperança,
Ver, por dentro, o lado de fora:
O céu azul ond' a alma descansa,
Tear da vida que tece a hora.

Tudo passou, chama frágil ao vento
E janela no vão do pensamento,
Como relâmpago na existência.

Hoje busco o que deixei guardado:
O futuro com olhos no passado,
Na retina da vida-consciência!

Modesto

VONTADE DE TE BEIJAR

 Estava no meu quarto A pensar na minha vida... A minha vida sem ti,  Minha querida, percebi O valor do meu amor, Do meu amor por ti. É a ti...