A FRIA ESTAÇÃO

Ponho mais um cobertor, calor de momento
Conforta o corpo e a alma aquece,
O que era incómodo, torna-se alento...
É bom desfrutar o qu' a vida oferece.

Frio, arrepio... É... Sabe bem sentir!
Beleza, mistério, desejo, paixão,
Encanto do dia e da noite seguir
O clima d´ Inverno - a fria Estação!

Há pouco de cores, perfumes e sabores...
Então as vontades, os sonhos, os amores
Provocam, saciam, aguçam sentidos.

Espero a nova Estação qu' há-de vir.
Foram três meses pra despertar e sentir
Paixões e desejos sentidos e vividos!

Modesto

ESTÁ A CHEGAR A PRIMAVERA

Lindos campos verdejantes
Qu' a manhã faz acordar.
Vemos cores radiantes,
Na Primavera a chegar.

Já se prepara a festa
Com cor bem desigual.
Os pássaros na floresta,
Desafiam por igual.

Primavera triunfante,
Inverno fica distante...
A Natureza faz prece,

Pra tudo modificar,
Tudo mais lindo ficar...
Nossa vida refloresce!

Modesto

ESTRELAS PALPITANTES

Lá, nas celestes regiões distantes,
No fundo abatido da esfera,
Os sonhos e estrelas palpitantes
São caminhos d' austera primavera.

Quantos mistérios andam errantes,
Quantas almas à roda na esfera,
A soluçar  pelos céus distantes,
Lá, nas estrelas, numa paz austera...

Finas flores com pétalas de prata,
Das estrelas serenas se desata,
Como caudal das ilusões insanas!

Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
S´as estrelas não são os ais perdidos
Dessas antigas multidões humanas?!

Modesto

Ob.:Acreditando no Purgatório, este soneto significa que há muitas almas que ainda não encontraram o caminho do céu, pelas "safadezas" que fizeram cá, na terra.

POEMINHA PARA CRIANÇAS

Poesia pra criança
Tem que ter a fantasia,
Tem que ter a esperança,
Rimando com alegria.

E tem que ter muita cor
Para rir à gargalhada,
Colorida de amor,
Deixando alma lavada.

E tem que ter maluqueira
Que traga algum mistério,
Que sirva de brincadeira
Pra parecer qu' é a sério.

Mas não deve ter insulto,
Ou só o que for preciso...
Criança imit' adulto,
Julgando ser paraíso.

Poeminha pra criança
Tem que falar d' animais
Par' a fazer rir na dança
Dos bichos, que são demais!

Modesto

O AMOR

O AMOR É ALGO LARGO, ALTO, PROFUNDO.
MINH' ALMA ALCANÇA-O, QUANDO TRANSPORTADA
À VIDA INVISÍVEL AOS OLHOS DO MUNDO,
NO FUNDO DO SER, É GRAÇA ENTRESSONHADA.

O AMOR DE CADA DIA, HORA, SEGUNDO
SENTE A LUZ DO SOL, A NOITE SOSSEGADA...
MAS É DA SANTA PAIXÃO QUE EU ME INUNDO,
MOSTRANDO AMOR AOS QUE NÃO CRÊM EM NADA.

QUANDO SE SENTE A DOR OU AS VELHAS PENAS,
AMO, HUMILDE, AS COISAS MAIS PEQUENAS,
COM A FÉ DE CRIANÇA, INGÉNUA, FORTE.

COM SORRISOS OU LÁGRIMA FAÇ' UMA PRECE,
PARA VIVER BEM - ASSIM DEUS QUISESSE -
E AMÁ-LO-EI, MESMO DEPOIS DA MORTE.

MODESTO

DANÇANDO NA LUA

Eu sei que sempre venho à tua mente,
Quando a lua te lembra a canção
Que, um dia, nós dançamos docemente,
Num sonho de grande amor e paixão.

E é mesmo nessas horas certamente
Que teu corpo estremece d' emoção.
E, por mais que te faças indiferente,
A saudade vem sempre ao coração.

Inspiras-te neste breve recordar,
Enquanto suave brisa te chamar,
Num sopro de magia no belo mundo.

Sou teu verso, tua rima, teu poema...
A saudade no verso é sempre tema
Deste sentimento puro e profundo..

Modesto

VIVER SABIAMENTE

Hoje não penso em nada
Do passado: Par' a frente!
Não vou 'strgar a jornada
A pensar n' antigamente.

Vejo a cada instante,
Com olhar contemplativo.
Acredito, sou amante
Do que me faz sentir vivo.

Examino uma flor,
Procurando procedência.
É para mim um amor
Olhá-la com insistência.

E as aves com plumagem
De leda policromia.
Dão-m' uma bela imagem
Que será belo o dia.

Modesto

DOU-TE O AMOR QUE TENHO

Se te amasse mais do que t' amo agora,
Não teria a certeza que t' amo, que vivo.
Eu te amarei assim pela vida fora,
Guardando pra nós dois a causa, o motivo.

Se t' amasse mais do que te amo agora,
Eu sei qu' o meu olhar não te diria tanto.
Não t' amei de repente, mas 'scolhi a hora
E cuido deste amor, mesmo que haja pranto.

Às vezes, como hoje, só te sorriria.
Mas não importa: o amor não tem demora.
Se te amasse mais, talvez eu erraria,
Dou-te o que tenho, sempre, toda a hora.

Modesto

UM SONHO

Nuvens que plo céu correm,
Delas o sol emergindo...
São saudades que não morrem
Dum sonho que fora lindo.

Na penumbra de um sonho
Rompe também o futuro.
Era verde e tristonho,
Veio dar fruto maduro.

Sonhar tod' agente pode,
Não é coisa proibida:
A sonhar s' escreve a ode
Do sonho da nossa vida.

Modesto

SONHEI COM A VIA-LÁCTEA

Sonhei! Sempre sonho! No ar ondulavam
Uns vultos vagos, vaporosos, lentos:
Eram Anjos! No espaço desfilavam
Com formas brancas e perfis nevoentos

Vi alas de Anjos alvos que voavam,
Por entre hossanas de contentamentos...
Lá, os Anjos longas vestes agitavam,
Como sussurros dos celestes ventos!

Vi minha mãe, livre dos terrestres lodos,
Vestida do esplendor dos astros todos,
Nas auréolas do céu, engrinaldada...

E, na zona de luz flamo-radiante,
Uma Cruz, na Via-Láctea palpitante,
E, perto, minha mãe, já santificada!

Modesto

FÚRIA NA FOZ DO DOURO

'Stou na Foz, olhand' o mar,
Douro da minha cidade.
Não sei quem o fez zangar
Com tant' animosidade.

Ondula-se numa fúria
Sob as rajadas do vento...
Tem uma cor de penúria
Que lhe vem do firmamento.

Amanhã, já sem borrasca,
Nova planície será.
A alegria que nos dá,
Cada dia mais alastra.

Gosto da cor do meu Douro,
Desta Foz que é tão linda!
À beira do rio Douro,
Nasci e vivo ainda!

Modesto

VIVER POSITIVO

Simplifica a sorrir tua existência,
Vê em tudo um motivo de alegria,
Porque, assim, na paz da tua consciência,
Farás da tua fé, teu pão de cada dia.

Conserva o fim da tua adolescência,
Num halo de esplendor e de harmonia,
O teu coração e tua inteligência,
Bem dentro do sonho excelso que te guia.

Olha, repara como a luz da aurora
E tudo em redor, de júbilo s' aflora
Com grand´alegria, sem par na Natureza!

É, sim! Tudo nos desperta e nos convida
À grande festa espiritual da vida
Pró bem, para a paz e para a beleza!

Modesto