domingo, 29 de setembro de 2019

SONHOS DE OUTONO



Grita com força um sentimento no peito,
Pronúncio de frio! Mas 'inda há calor!
Caem as folhas, formando um doce leito...
E o coração bate ao prever amor!

Com tod' o respeito, corpo- alma se fundem
No querer pleno de amor e alegria!
Os olhos piscos, inutilmente, escondem
O que esperam até ao findar do dia.

O Outono prosseguirá sua memória
E haverá sonhos que moldam a história,
Com a Estação do renascer do sonho.

Sonho bonito conta um querer tamanho,
Capaz de recordar a vida de antanho,
Renunciando aos sonetos que componho!

Modesto

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

OS ROUXINÓIS


















No meu jardim, num cedro em qu' a frescura
e a flor da novidade vêm brotando,
Alegres rouxinóis, entr' a verdura.
Poisam muitas vezes, em ditoso bando.

Quando lá vou, tristíssimo, à procura
De sossego, de luz... de quando em quando,
Num doce idílio de paz segura,
Sinto-os vir poisar,  ouço-os cantando.

E, desditoso, lembro com saudade,
Esse flóreo jardim da mocidade
Que era também meu íntimo vigor.

Último brilho do meu peito ardente
Cantava a minh' alma alegremente,
Como, no cedro, os rouxinóis, o amor.

Modesto

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

FINS DE SETEMBRO
















Continuas como a Primavera,
Manténs as lindas cores de Setembro!
Confesso: Não estava à espera
De recordar o qu' ainda me lembro.

Manténs a luz do sol que t' apodera,
Clareias minh' alma qu' estava em sombra...
Vivo num mundo qu' é uma quimera,
Mas faz-me andar em suav' alfombra.

E vejo coisas que antes não via,
Como 'strelas claras 'inda de dia,
Belos pôr do sol, o nascer da lua...

No fim de Setembro!... Sei como é:
Tudo ganha cor!... É alta maré,
Belas paisagens a partir da rua!

Modesto

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

ADEUS VERÃO!

















Adeus auroras de Verão com lua loura,
Fugiste de mim... Deixaste clarão de morte.
Sol de afectos - sol qu' a alma doura...
Eras a minha estrela, único norte!

Fugiste e contigo foi luz consoladora
Deste clarão eterno e de alma forte.
Eras dia da vida - Vénus Redentora,
Astro da minha paz e Sírius da sorte!

Agora minha alma agitas as asas:
Vem o Outono com as nebulosas gázuas,
Num Pálio auroral, luz deslumbradora.

Ascende à claridade, ó dia claro,
Dia do meu bem-estar, irrompe preclaro:
Auroras fogem... Busco luz consoladora!

Modesto

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

MOCIDADE

















Andava pla vida errante e vago,
Como nauta perdido em noite 'scura,
Como cisne inspirad' em manso lago...
Uma mocidade peregrina e pura.

Cantava a vida num soluço mago,
Com minhas asas na brilhante alvura,
Ia plas nuvens com divino afago
E com voz erguida d' eterna doçura...

Acordei nas chamas de fervor profundo,
Esquecido de mim, de Deus - do mundo...
E voltei a afogar-me na mocidade.

Mas ai! Cedo fugiste, ó mocidade,
Numa queixa, numa ideia... Que saudade!
Hoje, imploro-te: Volta ao meu mundo!

Modesto

sábado, 14 de setembro de 2019

O NOSSO AMOR
















Somos amor enquanto a teu lado viva:
Nossas essências são d' alma e coração.
Teu amor é pleno de luz que me motiva:
Paz e sorriso, verdadeira emoção.

Vê meus ternos olhos que te amam festivos:
Laçam noss' amor na poesia e canção.
Beija meus lábios que sorriem emotivos:
Amor profícuo, leal, sem explicação.

Canta poemas noss' amor apaixonado.
Canta um soneto puro e delicado:
Sagrado amor, tão raro, - só teu e meu.

Cantarei poemas d' amor emocionado
E declaro-te o meu amor encantado,
Tão belo com' era Julieta-Romeu.

Modesto

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

ESTEJAS ONDE ESTIVERES



















Se tu estiveres lá,
Eu também 'starei aí.
Se nas sombras da manhã
Ou ao escurecer do dia
E no silêncio da noite...
Tu não sentirás alegria.
Nessa moldura do tempo,
Estás no meu pensamento!

Se estiveres além,
Eu estarei lá também,
Fascinado, fascinante,
À espera do instante
Em que chegam as saudades
Das tuas habilidades
Tão ternas e tão intensas,
Adivinhand' o que pensas!

E se estiveres só,
Eu sentirei muito dó
E corro pra t' ajudar
A encontrar o lugar,
Nem que seja à distância,
Que tenha a circunstância
Dos dias de emoção
Em que damos coração,
Lá no meio do jardim
E te lembraste de mim.

Modesto

terça-feira, 10 de setembro de 2019

REVENDO NOSSO AMOR

















Vamos tão abraçados, tão juntinhos,
Em tarde de calor e sol ardente.
Somos com' um casal de passarinhos
Trocando mimos dum amor nascente.

Tão devagar, em passos miudinhos...
Ficava a olhar-nos tod' a gente!
Nós, absortos, sempre aos segredinhos,
Sem a ver, à volta, atrás, à frente!

Só nós... o nosso mundo! Mão na mão,
Mil sonhos a brotar do coração
Qu' a vida construiria ou não...

Há quanto tempo foi!... E a saudade
Entra na alma, subjuga, invade,
Revendo nosso amor naquel' idade!

Modesto

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ACALMA-ME



















Junto de Deus, velando... Sonho e afago
Imagens belas, sonhos, versos, comovido...
Vejo-O olhar-me... Meu olhar é um lago
Em qu' um lírio alvorece reflectido...

Vejo-O olhar-me... E sonho! Só de vê-Lo
Meu olhar se perfuma e, à minha vista,
Há um céu de Amor a estremecê-lo
Com a devoção ansiosa dum artista...

Sol a nascer brilhante, aquece o vento
Das montanhas do céu - ó meu doce alento!
Plantas de jasmim, lírios, rosas, luar...

Perfume de flores, doçura, boa prece...
- Ó rouxinóis, calai-vos! Fonte, adormece,
Senão a minha alma pode acordar!...

Modesto

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

POESIA QUENTE E FRIA



















Dizem, por aí, que ninguém lê poesia,
Preferindo a ficção ou até ensaios.
Por ventura ou uma mera cortesia,
Olham pró poema apenas de soslaio...

Mas, livros de poemas são uma razia,
À laia de mercado, 'stilo papagaio...
É a que se faz em tarde de maresia!
Poesia séria? Dela eu não saio!

Poesia fria? Não! - Poesia quente!
Esta que me dá empenho incandescente,
Aquela a quem dou vida e coração!

As hodiernas tendência, por aí:
Frases curtas que dão dinheiro, alíbil...
Eu serei poético, mesmo d' ilusão!

Modesto

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...