Alguns anos depois da mocidade,
Deu-me o Senhor um cofre de cristal;
Tinha dentro um licor celestial,
Fermento da minha luz e santidade.
Acompanhou-me desde aquele dia
E, sedento, bebi desse licor...
Mudou-se em alegria a minha dor
E, mesmo na Quaresma, era aleluia.
Porém, quase no fim da caminhada,
Este meu cofre límpido e de luz,
Foi perdido por mim na encruzilhada
E levo agora esta pesada cruz.
Mas, apesar da minha escuridão
E desta sede agreste e sempre dura,
Suspiro pelo fim desta secura,
E de luz hei-de encher meu coração.