quinta-feira, 30 de novembro de 2017

AMAR




















Amar é ter um tesouro na vida,
É ter esperança, muito sonhar!
É ter paixão como alma perdida
E sentir com coração... É amar!

É ter cada dia a alma erguida
E ajudar quem não sabe amar.
Ver árvore seca e a florida
E é servir sem nada esperar!

É ter luz para ver na escuridão,
É ser verdade sem ter ilusão,
Enxergar sem medo do que vai ver.

Pra isso nos foi dada a razão
Para que possamos compreender
Que amamos para poder viver.

Modesto

terça-feira, 28 de novembro de 2017

SONETO DESEJADO
















Eu voltei, mas sem o ver
Esperado, desejado
Soneto pra escrever...
E eu estava cansado!

Assim, ó soneto meu,
Tão traquina - não se perca!
Pra t' escrever rog' ao céu...
Tu és levado da breca!

Antes de aqui chegar,
Pensava me inspirar...
Devia falar d' amor!

Mas eu vinha obcecado
Por um soneto amado
Que tivesse uma flor!...

Modesto

sábado, 25 de novembro de 2017

A FORÇA INTERIOR

























O ser que é ser e que nunca vacila
E, nas lutas imortais, entra sem susto,
Leva consigo a nobre fé tranquila
E o grande amor do seu Deus Augusto.

Apetites carnais da triste argila?
Ele vence-os sem ânsia, sem susto,
Enquanto tudo à sua volta oscila,
Fica sereno, com um sorriso justo!

As forças interiores de grandeza
Levam-no a enfrentar a Natureza
Com esplendor e com um largo eflúvio!

O ser que é ser transforma tud' em flores!
E, pra ironizar as próprias dores,
Verseja, entre as água dum dilúvio!

Modesto

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

ERA UM MUNDO DE DELÍCIAS

























Era o brilho nostálgico duma tarde
Cor de rosa que havia no infinito,
Num mar bravio que causava alarde,
Ao fim do dia que foi tão bonito!

E o mundo era uma formosura:
O céu parecia pintado de cores
Com plantas silvestres - famosa pintura,
Parecia o maior ser todo flores!

Era mundo todo feito de delícias,
Nas altas esferas, viam-se permícias
Exaladas das essências agrestes!

Eflúvios de perfumes eu sentia,
Fragrâncias da Natureza havia,
Quando, mesclados de flores, vós viestes!

Modesto

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

ESPERANDO NOVO DIA





















Deixa noite cair por si,
Com seu silêncio profundo!
Deixa o bréu vir a ti:
Tudo faz parte do mundo!

Madrugada vem aí,
Tu, no teu sono profundo,
Vê amanhecer em ti...
Renasce pró novo mundo!

O Sol ilumin' o dia,
Sua luz em ti radia...
Tu acordarás bem firme!

Deixa qu' a vida te leve,
Mas, segura bem teu leme...
Pede, que Deus te redime!

Modesto

terça-feira, 21 de novembro de 2017

PROCURAI-ME AO PÔR DO SOL

















Tendes tão ferrenha mágoa
De querer-me procurar...
Meus olhos se enchem d' água
Salgada com' a do mar!

Mas, se não me encontrardes,
O qu' é natural, enfim...
Interrogai estas tardes
Que irão falar de mim!

Até este arvoredo
Vos irá dizer: « Eu vi,
Passeava em segredo
Todas as tardes aqui!»

Ia alegre mas mudo
Sem saber dizer porquê...
Tão distraído de tudo,
Via como quem não vê!

Andav' a ver a paisagem,
Com ela me distraia...
O pôr do sol é imagem
Que me prolonga o dia!

Modesto

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

UM ARREBOL DE OUTONO


















És a luz d' entardecer que fech' o dia,
O afago, a ternura que dão vida!
És o meu sol e também minh' alegria,
Meu céu colorido, na paisagem lida!

És pôr do sol que me faz recolher
Prá noite amena que me acalenta!
Um bonito arrebol que me faz crer,
Impulso qu' arrebata, amor qu' aumenta!

Um sonho alegre numa ambição:
Bálsamo eterno no meu coração
E anseio maior da minha ventura!

Paisagem multicor que traz a saudade,
Leva-me a pensar na eternidade
E os meus males atenua e cura!

Modesto

domingo, 19 de novembro de 2017

AO SOL DO OUTONO

















É tarde d' Outubro. À luz, o orvalho
Doura as pétalas das flores tão belas!
Sobre o solo, recobrindo o atalho,
Há grandes montes de folhas amarelas!

Violetas ao pé do alto carvalho!
Lá, s' ouvem as narrações das pastorelas
E dum rapaz ingénuo, sem trabalho,
Junto das mais belas e virgens donzelas.

Narra-se o cair das folhas nos prados,
Contam, as mais velhas, aos seus namorados
'Stórias dos doces velhos barbilongos...

E ouviu-s' um beijo com pios ditongos
Duma amável pastora, qu' é lá dos Longus,
Com silábicos sons bem musicados!

Modesto

sábado, 18 de novembro de 2017

AMANHECER ALEGRE















Sol da manhã! Hoje nasceu no cantinho
Da alta montanha, com um vento frio,
Qu' abraça o dia, brinc' em remoinho,
Chiando nas frestas, com força e brio.

No cantinho de prata do céu, momento
De novo alvorecer em torvelinho,
Num ritmo trémulo, cheio d' elemento,
Prevend' o Inverno que vem a caminho.

O meu coração e minh' alma observam,
Suspendem os pensamentos e acenam
Adeus ao Outono, tinto de magia!

E é nest' amanhecer qu' o sol vem brando,
Nascendo no cantinho, dia formando,
Que minha alma sorri de alegria!

Modesto

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

FRESCA MANHÃ NO CAMPO

















Acordo de manhã cedo
Com luz de doces carinhos.
Há rumor no arvoredo,
Há rosas pelos caminhos!

Pró azul radioso, ledo...
Sobe, de dentro dos ninhos,
Cheio d´amor e segredo,
O canto dos passarinhos!

Voam as pombas nevadas,
Imaculadas d' alvura,
Sobr' os campos de verdura!

Pelas estreitas estradas,
Há femininas risadas
Perspicazes de frescura!

Modesto

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

CORPO E ALMA ACREDITAM

























Longe ou perto, unidos, separados...
Olhando sempre prós mesmos horizontes!
Gémeos, ardentes, novos, inspirados,
Presos, unidos como suas frontes.

Vêem cair as lágrimas prateadas,
Sentem o coro harmónico das fontes
E o renascer das frescas alvoradas,
Sempre fitando o desejo dos montes!

Sempre embebidos nos mesmos olhares
Prá claridade dos tão belos luares
E no louro Sol do crer se embebendo...

Vão, corpo e alma, brancos e floridos
Por horizontes azuis - tempos vividos -
Amando Deus sempre, no Seu Amor crendo!

Modesto

terça-feira, 14 de novembro de 2017

PORQUÊ O MEDO DE ACREDITAR?

























Perant' a eterna dor, do mal insano,
Não é tanta a ventura prometida...
Deus fez quase divino o ser humano,
Mas poucos crêem na vid' além da vida!

No rancor deste amargo oceano
De miséria contínua, repetida,
Cada alegria traz um desengano,
Cad' ilusão recorda uma ferida!

Porquê, meu Deus, esta tortura imensa
E esta noite profunda de descrença,
Onde as almas s' agitam com pavor?

Porquê, Senhor, tanta revolta obscura,
Nest' infeliz e humilde criatua
Que tem medo de crer no seu Criador?

Modesto

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

VIDA E FÉ
















Ainda que as sombras permaneçam,
Lembra-te dos teus sonhos mais bonitos.
Faz com que eles não desapareçam,
Pois são eles que unem os espíritos!

Mesmo velho, mantém a juventude,
'Inda que te levem prós amplos mares...
Desejas alcançar a plenitude?
Pois, procura Deus nos raios solares!

O cosmos - vácuo que nos separa
Ou vazio que nos une? Repara:
Mistério, dúvida... nesse lugar!...

Dentro do nada - a vida irradia!
Somos mensageiros da ousadia:
Herdeiros de Deus que nos quer salvar!

Modesto

domingo, 12 de novembro de 2017

FILOSOFIA E FÉ



















No homem, a fagulha projetiva
Não descansa no lume reluzente.
Na senda imortal, a alma vive
Firme na Potência que 'stá na mente.

Ânsia Ontológica 'stá no Ente.
Busca-o na aurora progressiva,
Põe o seu sentido no Ausente
Com força na Essência relativa.

Pela fé, é possível ver o Ser,
Lá longe, embebido no Seu Ser...
Descansa no Ente essencial!

Deus quis ao homem oferecer
A síntese d' Assombro essencial
Que nos guia na busca perenal!

Modesto

sábado, 11 de novembro de 2017

RAZÃO E FÉ

























A Mão de Deus, ao criar a Obra Divina,
Separa a luz das trevas em frontispício.
Uma exegese ao Génesis ensina:
É aí que esclarece o Seu Ofício.

Esta Obra que de Deus tudo origina
Ilustra-nos bem, com arte e artifício,
Num pergaminho a cores nos ilumina,
Mostra o Universo antes do início.

É um Códice cheio de alegorias
As imagens que nos dá das cosmogonias
E traz-nos as respostas d' Aquele que É.

E Deus elevou Seu Espírito aos longes,
Pelo medievo saber de tantos monges,
Pondo-nos a descoberto Razão e Fé.

Modesto

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

NO DIA DOS MEUS 75 ANOS



















Grande amor, grande graça, grande mistério
Que a minha alma, tão trémula, enlaça...
Neste dia de luz que m´ilumin' a sério,
O céu me beija, me seduz e me abraça.

Eterno êxtase dum desejo etéreo,
Bálsamo dos bálsamos me unge com graça
E deixa na minh' alma um clarão sidéreo:
A chama secreta dum Anjo que passa.

Eu canto com os Anjos e Arcanjos vagos,
Junto às águas sonâmbulas dos meus lagos,
Sob as estrelas que fazem de lampadário.

Dou graças a Deus por 'inda ser peregrino
Neste mundo tão belo que deu meu destino:
Louvar o Senhor por mais est' aniversário.

Modesto

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

PENSAMENTO

























É quem me deleita: o pensamento,
É quem me transporta ao fim do mundo!
Eu bebo o seu saber, meu sustento,
É nas suas memórias que m' afundo!

É ele o ideal mais profundo,
É, no meu sentir, o deslumbramento
Que me faz viajar cada segundo...
É ele que me dá conhecimento!

Realiza os meus próprios sonhos:
Uns alegres, outros medonhos...
Mas ele também é um sonhador!

Meus olhos prendem-se nos seus enredos
Feitos d' expectativas, de segredos,
Na criadora mente de factor.

Modesto

terça-feira, 7 de novembro de 2017

DA PRIMAVERA AO OUTONO

























Já sou como a folha que tombou
Ressequida, Voand' ao abandono
Pra longe do lugar que habitou,
Arrastada plos ventos do Outono!

Já sinto mais frio, durmo o sono
De quem já foi feliz, se alegrou
Na vida, entr' o mês três e o nono,
Na primavera que já me deixou!

Segui o meu caminho na rotina
Qu' a própria Natureza confina
Com uma variável duração.

No fundo, que importa se a vida
Pra uns é curta, pra outros comprida?
Importa é vivê-la com paixão!

Modesto

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

QUERIA TER ASAS













Asas! Como era bom tê-las!
Mais alto possível voar,
O próprio céu alcançar,
Voar no meio das estrelas
Como cortina azul celeste
E ver como uma se veste!

Num impulso deixar o chão,
Sentir o vento pelo rosto,
Olhar para cima por gosto.
Uma estrela dá-m' a mão,
Pra seguro permanecer,
Por cima das nuvens correr!

Do alto poder respirar
E poder ter liberdade
Par' amar a humanidade,
Com amor a cumprimentar!
Ser e viver na humildade,
Pra, depois, descer sem vaidade!

Modesto

domingo, 5 de novembro de 2017

TUDO COMEÇA POR AMOR















Tudo começa por um acto de amor:
Pequena semente vai ficar enraizada,
Pequeno embrião vai abrir-se em flor,
Nasce rosa ou cravo - que foi semeada.

Irá nascer num terreno fofo e lento:
Água, nutrientes...pra se alimentar.
Suavemente, lá se vai desenvolvendo
E certo dia vai, no mundo, despertar.

Prodígio natural s' operou - nasceu!
Chora por deixar o lugar qu' era seu céu,
Torna-se botãozinho, desfeito em lágrimas.

Geram-se tumultos - tudo tem um final!
A vida criada nunca vive igual...
É flor abençoada, mas com suas mágoas!

Modesto


sábado, 4 de novembro de 2017

SÓ FICOU DOR E SAUDADE













Quando a noite dec' e s' agiganta,
Fic' em silêncio tudo lá fora.
No coração a tristeza é tanta!
Sonho? Não há! A solidão aflora!

Recordações dão um nó na garganta,
Desconsolada a minh' alma chora.
Vem a lua mas a dor não espanta,
Pungente saudade, não é d' agora!...

Tudo findou! Já não faz mais sentido
Sem tuas conversas... cruel castigo!
Sem teus abraços... fic' empedernido!

Nada mais há, só lamento contido!
Sou barco sem rumo... a esmo sigo,
Encantos do ontem? Tudo perdido!

Modesto




sexta-feira, 3 de novembro de 2017

NOVEMBRO FAZ PENSAR !



















Olho dentro de mim, vejo escombros.
Olho em redor de mim... é um deserto!
Sinto um peso enorme sobr' os ombros
De um destino que já não tem concerto.

No meu caminho, negações e assombros...
Meu céu está sempre escuro, encoberto.
Porém, com persistência, desassombros,
Hei-d' encontrar, um dia, ´spaço aberto!

Mas não vou perder a fé, nem desistir.
Amanhã, um novo dia vai surgir,
Talvez perfeito com' um belo poema.

E... prossigo no espaço que me cabe
Entre as sombras e luzes... pois quem sabe
S' a vida vai entrar em novo esquema?...

Modesto

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

NO DIA DE FINADOS, PENSA!
















Sê homem e não vivas com vaidade.
Faz tudo o que deves, por dever.
Somente tua alma persuade,
Ajuda as almas déveis a viver.

Tua palavra ensine e brade
A todos que morrem sem viver.
Só assim tu terás autoridade
Pra falar d' amor e o descrever.

E não queiras ter glória combatendo
Aquele dia fúnebre, tremendo...
Ele virá quando tiver de vir.

Sê digno da vida, mesmo sofrendo,
Sem que da morte te vás desfazendo...
Ela cheg' oculta no teu provir.

Modesto

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

NOITE DAS BRUXAS

























É noite de Halloween, o medo impera!
Há muitas bruxas à solta em cada 'squina!
Seus rostos de menina escondem a fera
Nos seus modos ancestrais, ficam à bolina!

Tendo a fera na mão, tudo se altera:
Já deixou cair os seus ares de menina!
E, aos poucos, o nosso corpo dilacera...
Vai-se metamorfoseando de felina!

Minha bruxa, devagar, foi-me desmembrando,
E o meu coração foi aprisionando...
Feia esta feiticeira alucinada!

Mas, oh! De manhãzinha, eu fiquei surpreso:
Esta feiticeira má, à qual eu fui preso,
Era a mais deslumbrantes e linda fada!

Modesto

VONTADE DE TE BEIJAR

 Estava no meu quarto A pensar na minha vida... A minha vida sem ti,  Minha querida, percebi O valor do meu amor, Do meu amor por ti. É a ti...