quarta-feira, 23 de setembro de 2020

PASSEIO PELOS BOSQUES


 








Com versos viajo num mundo paralelo,
Pois a vida real nem sempre me agrada.
Lá, nos fascinantes bosques, há a grã fada!
Aqui julgam-me... Lá, me pertenc' o martelo!

Absolvo-me a cada frustração ideal,
Concedo à emoção uma nova chance
Que já não é a primeira, nem de revanche,
Experimento regozijos sem igual...

Assim, o poder transforma o final triste
Em sonhos belos e no que de bom existe,
Passeio vivo, livre passaporte tenho.

Ao recordar a purificante magia
Que m' alimenta a alma e poesia...
Então, volto renovado no meu empenho.


Modesto


terça-feira, 8 de setembro de 2020

ESPERANÇAS RURAIS



Naquela tarde de calor ardente

Fui-me sentar na margem do meu Rio;

As águas deslizavam mansamente

No leito largo, tépido, macio.


Um momento após, adormecia.

Anda sempre comigo um sono falho 

Que de noite não dorme, mas de dia

Até parece um gato no borralho.


Tiv' um sonho! Depois vi apeirias

Eram arados, jugos e cambões,

Ancinhos e sacholas, velharias...

Correndo Rio abaixo aos encontrões.


De repente, acordei sobressaltado.

Olhei aquelas veigas em redor.

Fiquei contente: Tinha-me acordado

O trabalhar ruidoso dum tractor.


Modesto


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

POESIA DE ONTEM



Voltei a ler-te, minha luz calmante,
Corcel alado que não tens parança,
Tu que foste tod' a minha esperança,
Hoje vagueias plo País, distante.

Noiva formosa de Camões e Dante,
Ninguém agora teu favor alcança;
Mas o teu rosto de gentil criança
Não tem carcomas de senil bacante.

Bela moça a 'xtravasar fragrâncias,
D' olhos afeitos a medir distâncias,
De lábios rubros com' o sol de Julho:

Voltei a ler-te, poesia d' ontem.
Por mais pedras qu' ao teu rosto apontem,
De ser tão linda, podes ter orgulho...

Modesto

 

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...