quarta-feira, 23 de novembro de 2022

INTERVALO

 Não digas nada, que eu também não digo.
Ando dentro de mim a procurar-me,
Pretendo finalmente encontrar-me
E não quero falar senão comigo.

Não tomes a minha ausência por castigo
Nem o meu silêncio por sinal de alarme:
As saudades, um dia, hão-de obrigar-me
A correr para ti, como um mendigo.

Desejoso de paz e de conforto,
Que ladrões vis deixaram quase morto
Sobre a lama dos córregos monteses.

De mim, desiludido, então verás
- Porque eu te chamarei - trazer-me a paz
E ajudar-me a vencer os meus reveses...

terça-feira, 15 de novembro de 2022

PRÍNCIPE LUSITANO DOS POETAS

 Como és grande, Camões, no teu destino,
Na grandeza dos versos que cantaste...
Deus quis pôr no teu estro algo divino,
Pois que ninguém cantou como cantaste!...

«Lusíadas», são Glórias! E são Hino!
Com que a Pátria bem alto coroaste...
Teus versos foram feitos de ouro fino,
Por Amor, tanto Amor, glorificaste!...

Nestes meus simples versos, eu te canto,
São meu singelo ramo de violetas,
Pois deixaste entre nós eterno pranto!...

Eu as deponho a ti de amor repletas,
A ti que és Portugal e te amam tanto,
- A ti, eleito Príncipe dos Poetas!

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

NO DIA DOS MEUS 80 ANOS

 Meus filhos, hoje chegou o dia
Da luz da razão, oh! qual tocha acesa,
Me vem conduzir á simples Natureza...
Pois é hoje que o meu mundo principia.

A mão que gerou meus passos, guia.
Desprezo ofertas de uma vã beleza,
Sacrifico as honras e a riqueza
Às Santas Leis do Filho de Maria.

Estampo na minh´alma a caridade,
Porqu´ amar a Deus, amar os semelhantes
São os eternos preceitos da verdade.

Tudo o mais são ideias delirantes.
Procuro ser feliz na eternidade,
Pois o mundo são brevíssimos instantes.

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...