quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

VONTADE DE SER CRIANÇA
























Oh! Onde vai a minha mocidade!...
Sinto saudades da minha infância!
Se eu fizesse alguma maldade,
Tinha, por mim, sempre tolerância!

Não 'stou desiludido com a idade,
Ainda vivo como em criança.
Comigo, vive sempre a saudade...
Fico feliz só com essa lembrança!

Queria ser criança novamente,
Para encontrar tudo diferente
Como nesse tempo - oh! que saudade!

Eu vivi num mundo bem diferente!
S' os adultos não tinham liberdade...
Como criança, não tinha maldade!

Modesto

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?



















Só a esperança de viver longa vida,
Disfarça a vontade de viver, mais nada.
É mais que a existência resumida
Que nos devorará a vida malograda.

O sonho eterno da alma desterrada
Traz-nos a felicidade embebecida,
Numa hora feliz, mas sempre adiada
E que não chega nunca nesta vida.

É a nossa felicidade que supomos
Toda carregadinha de doirados pomos,
Como árvore milagrosa que sonhamos...

Ela existe, sim, mas não a alcançamos
Porque nunca a pomos onde nós estamos...
Ela 'stá nos objectivos em que a pomos!

Modesto

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

PARA ONDE VAIS, PORTUGAL?

Meu querido Portugal,
Que me dás o dia inteiro?
Só promessa... E banal
Em dias de nevoeiro!
Afonso já não tem Dom,
Nem segundos nem penúltimos.
Agora sabes o tom:
Ser o primeiro dos últimos!
Como cantar tua glória,
Se derrota é vitória?...

Não acredit' em querer
Que possa acreditar
Na fé desse grande crer
Qu' 'inda te possas salvar.
Podes fazer tudo novo,
Filho de gente que sente
Gente e gente do povo!
Povo de Nação valente
Que anda pior que mal,
Na 'stupidez imortal..



Ó Portugal da mensagem
Já sem rosto de Pessoa,
De Camões não há linhagem...
Sem Porto - é só Lisboa!
É fantasma Viriato,
Sebastião morto-vivo,
O teu povo no 'strelato
Na Pátria nado-vivo...
Nem o velho do Restelo
Idolatra um camelo!

Foste Castelos e Quinas
E de Reis do Além.Mar.
Mas... deixaste as salinas,
Nem Língua sabes guardar!
Foste o Senhor da guerra
Em busca do além-mundo...
Ainda tens tua terra
Mas enterrada no fundo...
Pra onde vais Portugal?
- Miséria bestial!

Impera estupidez
E governa a ganância!
D' olhos fechados não vês
Qu' a prol é ignorância:
Quem vota, não vota bem,
Quem não vota só faz mal,
Quem vota, vot' em alguém
Sem conhecer Portugal!
Votos brancos, votos nulos...
Mas... são todos votos nulos!...

Ó Portugal moribundo,
Afogas-t' à beira-mar:
Tu deste mundos ao mundo,
Sem mundo nada te dar!
Agora de vent' em popa,
Vais prá morte com certeza.
Das migalhas fazes sopa,
Cozido à portuguesa...
Eis Portugal ao inverso
A quem faço este verso.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

MEDITANDO À BEIRA DO DOURO



















Lê, na posteridade, ó meu Rio,
Nos meus versos teu nome celebrado.
O sono do esquecimento frio
Vê-lo-ás numa hora despertado!

Não vês nas tuas margens o sombrio,
A frescura dum álamo copado?
Nas tardes claras do calmo Estio,
Passará um barco engalanado!

E, brincando nas pálidas areias,
Verás nas margens as belas sereias
E porções dum riquíssimo tesouro:

Nestas belas margens, tuas areias,
As lindas paisagens que tu asseias,
Mais tarde, o turismo será ouro!

Modesto

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

AMOR CONSTANTE















Todo o tempo eu te amei n' alegria
Das tardes azuladas, lindas de Setembro.
Enquanto a magia no peito crescia,
Tu também me amavas. Eu disso me lembro.

Amo-te como mais ninguém te amaria:
És o meu sonhar de Janeiro a Dezembro.
Há a suavidade do primeiro dia,
Sempre... na vida... ainda me lembro!

Agora vivemos como corpo e alma,
Como a tarde cai suavemente calma,
Conformados com tudo e...quase no fim.

E vivemos bem, no sofrimento até!
Agora sabemos qu' a vida bela é...
Só quero viver, tendo-te junto a mim.

Modesto

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O PRIMEIRO BAILE
















Era dia de baile, vinte de Janeiro,
Baile da minha vida: Que noite brilhante!
Lá fomos os dois, eu fui o teu par primeiro.
Dançamos... (Que bom lembrar aquele instante!)

Tu, tão linda, nem sei... Eu feliz petulante,
Um pouco petulante, sim, mas cavalheiro!
Dançamos sempre e eu fui teu par constante
E não fui só teu par - eu fui teu par primeiro!

Quantas coisas te disse, juntinhos os dois...
O mundo que havia de surgir depois...?
Com meus olhos nos teus, afinal, quem diria?!

Quem diria ao ver-nos naquele instante:
" Será prá vida inteira este par constante?"
- O par feliz foi mais constante cada dia!

Modesto

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

FRIO DE INVERNO















É manhãzinha... e tarde na vida!
Há ventos gelados de solidão
Qu' arrastam meus passos na dura lida,
Espalham as saudades pelo chão...

Com a alma cheia de esperanças,
Visto roupas quentes que me aquecem,
Com minhas dores e velhas lembranças,
A alma e coração não esquecem!

É manhãzinha, está muito frio!
Ainda que viva perto dum rio,
O vento frio traz águas 'sfriadas...

Senhor, ouve o meu triste apelo:
Aquec' as crianças qu' andam ao gelo,
Já com lágrimas na cara geladas!

Modesto

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

OCASOS FRIOS E GELADOS



















Morrem, no Azul, saudades infinitas,
Mistérios e segredos inefáveis,
As esperanças acerbas e benditas
E as vagas ilusões imponderáveis...

Há horas misteriosas, aflitas,
Há horas amargas intermináveis,
Com febres frias, trágicas e malditas,
Pensamentos de segredos insondáveis...

Cogitações de assombro e espanto,
Quando na minh' alma, num segredo santo,
Fulgem, d' outrora, segredos apagados.

E... há pingos brancos e tentaculosos
Nos sem-abrigo álgidos, nervosos
Que me pedem ajuda, torporizados.

Modesto

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

NO PRIMEIRO DIA DO ANO














Senhor Meu Deus,
Do ano que passou, quero agradecer-Vos,
Por tudo aquilo que recebi de Ti.
Graças pela vida e pelo amor,
Pelas flores, ar e sol,
Pelas alegrias e dores,
Por aquilo que foi possível
E pelo que não pôde sê-lo.
Entrego-Te tudo quanto fiz nesse ano:
O trabalho que pude fazer,
As coisas que passaram pelas minhas mãos
E tudo o que de bom pude construir.
Ofereço-Te todos os que amei,
As novas amizades que conquistei,
Aqueles que me pediram ajuda
E aqueles que ajudei,
No meio de trabalho, alegria e dor
E àqueles que dei menos amor.
Hoje, Senhor,
Quero pedir perdão
Pelo tempo perdido
E o que gastei mal,
Pelas palavras inúteis
E pelo amor desperdiçado,
Pelo tempo vazio,
Pelo tempo desperdiçado
E pelas obras mal feitas,
Pelo viver sem entusiasmo,
Pelas orações distraídas,
Pelos meus esquecimentos,
Pelos meus silêncios...
Senhor Deus do tempo e da eternidade,
É Teu o dia de hoje e o de amanhã,
Do passado e do futuro...
No início deste Novo Ano,
Olho no calendário para a vida
Que agora recomeça.
Ofereço-Te cada dia
Que só Tu sabes se os viverei.
Hoje peço que me dês a paz e a alegria,
A força e a prudência,
A caridade e a sagacidade...
Quero viver cada dia
Com optimismo e vontade,
Fechar os meus ouvidos à falsidade.
Que eu não diga palavras feias e egoístas
Que possam ferir alguém.
Abre o meu ser a tudo o que é bem.
Que o meu espírito se encha do Teu também
E abençoai cada passo e gesto.
Enche-me de alegria e bondade
Para dar aos que comigo convivem
E que eles vejam na minha vida
Um pouco de Ti.
Senhor, concede-me um ano de felicidade
E ensina-me a enfrentar a falsidade,
Em Nome de Jesus
Que é, no mundo, Tua Palavra e Tua Luz.

Modesto

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...