sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

HARPA E LIRA INSEPARÁVEIS

 Partida em noite de Janeiro frio
Gelou-me o coração, gelou-me todo.
"Novos Lírios de Maio" - último apodo
Da nossa lira, mortos num baixio...

A vida continua: e aquém-rio,
É para mim, nos laços dum engodo;
Além-rio, pra ti, libando o bodo
Que sendo eterno, não terá fastio!

A minha lira, tristemente pobre,
E a tua harpa harmoniosa e nobre
Hão-de este hiato converter em crase.

Cantar a Flor de Maio, a Flor de Lis,
Vai ser nosso labor - tu já sorris?! -
Da nossa Vida Eterna a eterna fase!...

Modesto


quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

TANTO SE ME DÁ...

 Acordei mal disposto esta manhã
E apenas vos direi qual o motivo,
Pra que não me oferteis o lenitivo
À dor que no meu peito alerta está.

Em minh´alma ora canta o sabiá,
Ora crocita o corvo vingativo
E qualquer deles, em definitivo,
Um dia certamente vencerá.

Se o primeiro me adoça e existência,
O segundo me ensina a intransigência
Com que é preciso enfrentar as feras.

Não escolho nenhum. Vença o mais forte
Qualquer deles me serve de consorte
Num mundo todo feito de quimeras.

Modesto

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

MINHA MÃE

 Beijo-te a mão que sobre mim se espalma
Para me abençoar e proteger.
Teu puro amor o coração me acalma!
Provo a doçura do teu bem-querer.

Porque a mão te beijei, a minha palma
Olho, analiso, linha a linha, a ver
Se em mim descubro um traço da tua alma,
Se existe em mim a graça do teu ser.

E o M, gravado sobre a mão aberta,
Pela sua clareza me desperta
Um grato enlevo, que jamais senti:

Quer dizer - Mãe - este M tão perfeito.
E, com certeza, em minha mão foi feito
Para, quando eu for bom, pensar em ti.

Modesto

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...