segunda-feira, 31 de outubro de 2011

TEMPOS LIVRES

Nas minhas horas paradas,
Faço sempre um atalho,
Por heras entrelaçadas,
Com esplêndido orvalho.

Volto ao tempo infantil
Que com a flauta ensaiava
Uma réplica subtil
Do pássaro que cantava.

Desse tempo tenho pena,
Tenho um sonho na mente:
Afagar uma açucena
Que perfuma docemente.

Quando venho da novena
A beleza se insurge,
Com um raio me acena
O nascer do sol que surge.

É a luz que irradia
P'la terra e a colora...
Desperta com alegria
A cotovia n'aurora.

Modesto

OS TROVADORES

Meu coração tem nostalgia imensa
Dos tempos antigos, longínquas datas,
Quand'o amor se cantava em serenatas,
Com a alegria virginal da crença.

Cantava-se debaixo das colunatas,
À luz da tocha, com alegria intensa.
Dentro, se ouvia de alma suspensa,
Com a candeia reflectindo as pratas.

Antigos estudantes medievais,
Ao fim dos ofícios nas Catedrais,
Faziam seus galanteios risonhos...

Erguendo espadas, disputando hastas
E com o desespero dos iconoclastas,
Quebravam imagens dos seus próprios sonhos.

Modesto

domingo, 30 de outubro de 2011

MANHÃS DE FANTASIA

Em cada manhã, procuro a fantasia
Que o meu coração me vai desenhando:
Cada sonho transformo em poesia,
Das paisagens, versos vou realizando.

Cada verso é uma estrofe vadia
Que a musa oferece ao pensamento,
Presentes qu'ela me dá em cada dia
E que incendeiam novos sentimentos.

Quando a manhã aparece faceira,
Vou ao jardim ver as rosas na roseira
Orvalhada, a anunciar o sol.

No romper sereno de cada aurora,
Douro o dia, embelezo a hora
E prendo-me aos raios do arrebol.

Modesto

LOUCO DA POESIA

Senhor, Tu que tens a luz d'alegria,
Vê este cego sem rumo nem emenda!
Vivo entre a tempestade e a tormenta:
Cego dos sonhos, louco da poesia.

Este é o meu mal: Sonhos e poesia
Que são força desta vida sofredora:
Carrego-os na alma p'la vida fora
E fazem-me viver em melancolia.

Cego e louco, neste mundo amargo,
Que até parece um caminho largo,
Na realidade, ele é muito curto!

Vivo entre alento e agonia,
Carrego as penas qu'apanhei num surto...
Ajuda-me a encontrar a alegria!

Modesto

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Á BEIRA MAR

Nasce o sol, a terra brilha de luz,
Com veste transcendente que reluz.
Serenidade calma que seduz,
Panorama de cores nos conduz.

Sonhos despertam nossa timidez,
O romance s'incendeia de vez:
Beleza corporal já é nudez...
Penetrámos no amor que nos fez.

Cai a tarde em acto de amor,
Com fantasias cheias de sabor,
À luz serena que nos acalenta.

Amámo-nos na praia junto ao mar,
Ao ritmo das ondas, vento a soprar...
Aventura qu'inda nos alimenta.

Modesto

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

DECEPÇÃO JUVENIL

Num jardim, sonhei contigo,
Jardim florido, tratado!
Ele era o meu abrigo...
Agora, está fechado!

Ouvia a ave que canta
No álamo, docemente,
Junto à fonte d'água santa
Que matava a sede à gente.

Nele, comecei a amar,
Com meus suspiros ardentes!
Sonho: corações a par
Que se fundiam bem quentes!

Eram sonhos e suspiros,
Sob copas verdejantes!
Até sentia arrepios,
Por ver teus passos errantes!

Na fonte, via beber
A gazela e o leão...
Outros não podiam ser:
O teu e meu coração.

Desde então, o meu amor
Não pensou em mais ninguém!
A decepção foi maior,
Quando te vi com alguém!

Modesto

MUSA DA MONTANHA

Lesta, desce do alto da montanha
A musa qu'inspira a poesia
E com seus ecos suaves apanha
A brisa! E... cantam em harmonia.

Em tarde amena, vibrações sentidas,
Vai deixar cair belíssimas rosas
E junta perfume das margaridas,
Colorindo as colinas airosas.

O crepúsculo vem, com ar sombrio,
Escondendo o sol, lá no poente.
Mas seus raios ainda têm brio
E há um por-do-sol resplandecente!

Desce a musa de semblante ardente,
Inspirando a bela poesia...
Às voltas, procuro rima candente,
Para um poema com harmonia.

A musa leva-me a uma fonte
De água fresca e cristalina,
Mostra-me as colinas e o monte
E diz qu'aqui há poesia fina!

Tarde amena no monte agreste,
Como noiva fantástica dos ermos,
A ninfa do rio, musa celeste,
Inspira poesia nestes termos!

Abre-me espaços ambiciosos,
À luz da lua, versejo bonito!
Estrelas - candeeiros luminosos
Transportam-me até ao infinito!

Doce musa do alto da montanha,
Eu canto a glória da Natureza!
Vem, toma meus versos e amanha
Cada poema: Que sejam Beleza!

Modesto

COMENTÁRIO:
Muito interessante esta sua relação com a musa, que, a maior parte das vezes, existe dentro de si, numa simbiose unificadora e é um vislumbre precipitante que dá o mote aos poemas que escreve e nos enfeitiçam pela sua harmonia e beleza!!! Aqui, ela está no monte... e escuta o apelo do poeta que quer inspiração e «amanho» para os seus versos.  Nada faltou a este poema: Nem mesmo os ingredientes de excelência do poeta, nem a magia da musa para o tornar sedutor! Gostei!!!
Raiana

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O MAIS BELO JARDIM

Tenho um jardim com flores,
Lavandiscas, passarinhos;
Tem borboletas às cores,
Lugar pra fazer os ninhos!

Também tem um formigueiro,
Cigarra com sua canção;
O sapo é jardineiro...
Cant'o grilinho no chão!

Há também um caracol
E um lagarto da hera;
Sardão que se põe ao sol
A pensar qu'é Primavera.

É belo o meu jardim
Todo cheio de beleza!
Conservando-o assim,
Respeito a Natureza!

Modesto

CHUVA É POESIA

A chuva traz poesia
E lembranças à memória
De quand'a sentia fria
Ao despertar da aurora.

Poesia disfarçada,
No mistério da vida:
Renova a terra regada
Que germina renascida.

A chuva é, na verdade,
Criadora poderosa.
Pena que traga saudade
D'outra vida vigorosa.

Quando cai, faç'um poema
Ao amor e à saudade:
Renovação é o tema,
Mote: Sensibilidade.

Modesto

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CHUVA MANSA

Chove ainda, chuva mansa,
Na beleza da paisagem,
Chuva que traz esperança
Prá verdura da ramagem.

A chuva traz solidão!
Cada gota derramada,
Lágrima que cai no chão
É sonho da minh'amada!

Chuva plo vento movida
É minha desilusão:
A chuva chora sentida,
Entristeç'o coração.

E fico silencioso,
Um pouco entristecido,
Num silêncio medroso
De me tornar esquecido.

Agora, a chuva cai mansa
E traz mais serenidade.
A minh'amada descansa,
Eu fico com a saudade!

Modesto

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SOU UM HOMEM MISERÁVEL (Rom.7,24)

Dá-me sabedoria e conhecimento,
Ó Meu Bom Deus, tão doce e generoso,
Pois sempre cumpri o Teu bom mandamento,
Confiei no Teu Projecto Precioso.

Tua bondade me sirva de conforto,
Pois vivo no meio de coisas idílicas!
Misericórdia me sirva de consolo
E Tuas leis sejam minhas delícias.

Na vida, faço aquilo que não gosto
E quero fazer o que é do Teu gosto
Mas é do mal que sempre habitou em mim!

Faz que viva como homem int'rior,
Que cumpra os Teus preceitos com amor,
Ajuda na luta que faço em mim.

Modesto

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

EU SEI, POETAS!

Eu sei que é a vida que me move,
Entre folhas brancas amarrotadas.
Quem quiser, que tire a prova dos nove
Aos poemas d'hoje... Pequenos nadas!

Eu sei porque me dói, quando escrevo:
Poesia é métrica rimada!
Estou fora do tempo... Mas não cedo:
Poesia tem que ser trabalhada.

Eu sei que há poetas na ribalta,
Com frases curtas, poesia alta:
Escrevem prosa em forma cantada...

É a poesia da liberdade!
Não há regras, também não há vontade...
Mas, POESIA tem que ser rimada.

Modesto


COMENTÁRIO
Bem-vindo ao CLUBE da poesia sem idade... velhinha, milenar, até, mas sempre jovem, virgem e bela!
A RIMA é um raio de luz, na alma do poeta, a dar cor e magia a um sufoco, a um soluço, a uma dor...  a uma alegria,,, a uma perda! A dar vida ao vácuo da condição humana em luta pela plenitude: do amor, da esperança, do bem... do Fim-Princípio: Eternidade!!!
Raiana Transmontana.                                      

terça-feira, 18 de outubro de 2011

OUTONO AMENO

O Outono amarelece a paisagem,
Os corvos grasnam, espalhados no ar,
Todo o verde muda sua ramagem,
Flores a morrer, a relva a murchar.

O crepúsculo cai manso como bênção,
As sombras aumentam, o sol desvanece,
Os rios murmuram, voz da solidão,
Pássaros emigram, frio aparece.

As folhas secam, no chão, em agonia,
O nevoeiro cinge a serrania,
A aurora anuncia o dia que traz.

O sino plange como voz em murmúrio
Que ench'os vales... horizonte purpúreo...
Tudo descansa... Natureza em paz.

Modesto

sábado, 15 de outubro de 2011

NATUREZA BENFAZEJA

Desço, por entre flores, a colina
Verde-azulada e com tons garridos:
A minha chama de furor declina,
Ao deixar os meus espaços queridos.

Revejo, uma vez mais, a paisagem,
Os cedros verdes, carvalhos frondosos:
Enlevado na serena imagem,
Observo horizontes majestosos.

Mas uma silva de haste esquiva,
Sem qualquer pejo, osculou meu dedo,
Com o furor de uma rosa viva,
Saída do meio do arvoredo.

Vem uma doce brisa e impéle-a
Para lá do meio do meu caminho.
Logo aparece uma camélia
Que ao meu dedo vem fazer carinho.

E é assim a bela Natureza
Que para tudo arranja remédio:
Além de nos mostrar sua beleza,
Nunca nos deixa a viver com tédio.

Modesto

VOU PARA O CAMPO

Vou pró campo buscar novas emoções
Que me tragam a paz e a esperança,
Onde a brisa entoa as canções
De ternura: Com elas, faço aliança.

Vou saborear frutos deliciosos,
Descansar à sombra de árvores belas
E apreciar os carvalhos frondosos...
Até ao anoitecer, pra ver as estrelas.

Quero reviver antigas emoções:
Ouvir melodias em ritmo suave
Dos pássaros qu'entoam ternas canções,
Descer ao rio, remar na minha nave.

E, tu, meu campo, verei com'explorar-te:
Ou cultivo o que for mais agradável,
Ou faço,em ti, um jardim cheio de arte...
Serei, pra ti, um amigo inseparável.

Modesto

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MAGIA OUTONAL

Entramos no Outono d'alegria!
Amanhece com coração aberto
Mesmo temend' um futuro incerto,
Gostamos destas manhãs de magia!

Há dias de nevoeiro mais denso!
Nostálgicos, vai mais uma canção,
Abrimos o peito, o coração,
Escutamos um musical intenso!

Se a alegria não vier, avisa!
Mesmo não sendo actor, represento
A lira a tocar ao ritmo da brisa.

'Stão as árvores de cor amarela!
Soltamos preocupações ao vento,
Voamos na cauda d'uma estrela.

Modesto

terça-feira, 11 de outubro de 2011

TENHO UM SONHO

Eu fui sempre a humildade em flor,
No outono da vida, amadureço.
A vida que vivi tenho em apreço
Vida que me deu alegria e dor...

Fui vivendo em outonos benfeitores!
Sou feliz porque nasci e envelheço:
'Inda sinto a alegria do começo,
A correr p'los campos, no meio das flores.

E, da minha terra, o eco escuto:
Boas recordações me levam a ti,
Quand'em ti corria, com passo astuto!

E, nest'outono, um sonho me sorri:
Beijar o teu chão, onde fui flor e fruto,
Morrer na terra em qu'amadureci!

Modesto

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

MEU CORAÇÃO

Meu coração, na incerta adolescência,
Delirava com os raios matinais,
Num prelúdio de alegre inocência,
Ao som dos melros cantores e pardais.

Meu coração, depois, pela vida fora,
Ia colhendo amores e paisagens.
Viveu tempos de lasciva demora,
Em volúpia, à sombra das ramagens.

Meu coração, hoje, em ânsia arde,
Em inquietações, na amena tarde,
Lembra com saudade em luta e... erra!

E mantém, afinal, os mesmos clamores
Dos montes, dos campos e das belas flores,
Recordando tud'o que amou, na terra!

Modesto

sábado, 8 de outubro de 2011

UM LÍRIO EM OUTUBRO!

Um lírio no meu jardim
Anuncia a Primavera!
Mas é pra se rir de mim,
Já que 'stá fora da era!

És flor "engana 'stações",
Mas és a mais perfumada!
Enganas os corações:
Com isso não ganhas nada!

Flor que libertas, transformas...
Semente renovadora,
Aparece noutras formas,
Não em flor enganadora!

Por ela, a abelha desliza,
Com'em delicada dança,
Dança ao ritmo da brisa...
A flor sugere temp'rança!

No silêncio, diz segredos,
Mas soment'ao meu ouvido
E fala-me dos seus medos:
Tempo que vai ser sofrido!

Eu, então, pedi-lhe calma,
Que visse meu coração:
Ela viu mais: viu-m'a alma
E ficou em aflição!

Flor que é delicadeza,
Esplendor desd'o botão,
Não sentiu só ligeireza
Que tinha meu coração.

Conhece o ciclo da vida,
Convive com a virtude:
Flor que suavis'a vida,
Já fora da juventude!

Modesto

VINDE A BEM VIVER

Vinde ver os vales de Bem Viver,
Vinde contemplar as suas colinas,
Seus frutos maduros vinde colher,
Deliciosos verdes... Coisa fina!

Vinde pisar as uvas no lagar
Que o sol e o clima douraram.
Vinde ver as cubas a transbordar,
Nos celeiros o pão já guardaram!

Vede a fonte qu'a terra regou,
Saboreai seus frutos saborosos
E o ar puro qu'o suor secou!

Vede o rio qu'a terra dourou,
Nutrido por ribeiros caudalosos,
Vede a paisagem qu'o céu nos doou!

Modesto

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

UMA NOITE NA ALDEIA

Que noite maravilhosa
Eu passei na minh'aldeia:
Rumor d'água saborosa
A cair pela ladeira!

E vi o fulgor dos astros,
Brilhantes constelações...
Cedros altos como mastros,
Escondem povoações.

Que belo cantar do grilo
A cortejar su'amada,
Cantando ao seu estilo,
Entre a erva acamada.

Sopra a ligeira brisa,
Na noite escurecida...
A lua na serr'avisa
Que não 'stá adormecida.

Trino das aves relaxa
A alma de quem observa
A rã qu'ao longe coaxa
E a lebre a pastar a erva.

O céu está tão brilhante,
Pejado de estrelinhas!
Ouve-s'o mocho cantante,
Cacarejam as galinhas.

Sente-se aroma das flores,
Cheiro da terra regada.
Já descansam lavradores
Pra uma nova jornada.

A noite me recordou
A pura suavidade
Qu'em pequeno me brindou
E qu'inda tenho saudade!

Modesto

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

POEMA ROMÂNTICO

Já não sei se é amor,
Ou se será só paixão,
Só sei que te quero, flor,
com todo o meu coração!

No céu brilham as estrelas,
Cobrem todos os espaços,
Não posso olhar pra elas,
Quando estás nos meus braços!

Este poema romântico,
Escrito com coração,
Tem a magia d'um cântico,
Faz-me perder a razão!

É mesmo amor que sinto,
É um amor generoso:
És bela com'o jacinto,
Contigo sou carinhoso!

Quero ser amor-perfeito
E brilhar como cristal,
Para encher o teu peito
D'amor incondicional!

Modesto

VONTADE DE TE BEIJAR

 Estava no meu quarto A pensar na minha vida... A minha vida sem ti,  Minha querida, percebi O valor do meu amor, Do meu amor por ti. É a ti...