VIAGEM SEM DESTINO

 Parti para viagem sem destino,
Carregado de livros de poesia...

Da minha inspiração e autoria,

Pois sou da poesia peregrino!

É, pra mim, sacerdócio alto e divino

Pelo mundo espalhar com alegria:

A mensagem gritante da poesia,

Como clarim, no esplendor de um hino.

Eu sei que é ousadia, que é loucura,

Que é voo pelo sonho e aventura,

Mas também é amor e é coragem!

- Deixem-me assim voar nestes espaços,

Enquanto tiver alma, tiver braços,

Quero continuar esta viagem...

TEMPO BREVE

 A terra dos meus sonhos de menino,
Dos tempos do babeiro e do calção...

Do eixo, das corridas e do pino,

Da bola de farrapos, do pião!...

Do meu velho e saudoso violino,

Companheiro do sonho e da ilusão...

Tempo de asas, «Candeia de Aladino»,

Corcel de vento, e bolas de sabão!...

Tudo lembro e recordo na distância,

Por dentro dessa terra onde nasci,

- Terra que foi o Sol da minha infância!...

Que foi cais donde prá vida parti,

Na primavera ardente, em abundância

De ilusões e de sonhos que acendi!...

SANDE - MINHA TERRA QUERIDA

 Foi por ti, que de alma levantada,

Ergui, dentro de mim, esta ansiedade...

Esta chama de esp'rança renovada,

Este grito, este sonho realidade!...

Foi por ti que empreendi esta jornada,

- Jornada de coragem e vontade...

Pra te ver de Poesia coroada,

Minha terra de amor, minha saudade!...

Foi por ti que os meus versos escrevi,

E que, dentro de mim, bem fundo abri

Um lugar para ti, Musa querida!...

Foi por ti que este canto levantei,

E que tudo o que sou, inteiro dei,

- Ó Sande, minha terra, minha vida!

MARGINALIZAÇÃO

 Eu sei porque está triste, e com razão,
A minha terra, outrora tão alegre!...

Tens no rosto marcada a solidão,

Desde que a indif'rença te persegue!...

Tu vives em contante agitação,

Sempre sonhando, ao teu destino entregue!

Tu sabes quem os teus amigos são!

Quem, sem razão, toda a razão te negue!...

Mas quem pode apagar a tua história,

Negar o teu passado, a tua glória,

Ó minha terra livre e sem algemas!...

Ninguém tente ferir-te de maldade,

Sou teu filho, com honra e com vaidade,

- Ergo, por ti, a voz dos meus poemas!