quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

REJUBILA, MARIA, MÃE

 

Rejubila, Mãe da Luz sem ocaso,

rejubila, reflexo da claridade de Deus,

rejubila, ausência total da corrosão da mentira,

rejubila, estandarte que nos mostra a Trindade.

Rejubila, porque expulsaste o tirano do seu reino,

rejubila, porque nos mostras a Cristo Senhor, amigo dos homens (cf Sb 1,6),

rejubila, porque destronaste os ídolos pagãos,

rejubila, porque nos libertaste das nossas obras vazias.

Rejubila, tu que extinguiste o culto do fogo pagão,

rejubila, tu que nos libertaste do fogo das paixões,

rejubila, tu que conduzes os crentes até Cristo, Sabedoria de Deus (cf 1Cor 1,24)

rejubila, tu que alegras todas as gerações. [...]

Rejubila, templo da imensidão de Deus,

rejubila, pórtico do mistério escondido desde todos os séculos,

rejubila, novidade inacreditável para os descrentes,

rejubila, boa nova para todos os crentes.

Rejubila, carro do que está sentado sobre os querubins (cf Sl 80,2),

rejubila, trono daquele que está acima dos serafins (cf Is 6,2),

rejubila, ponto de união de todos os contrários,

rejubila, fusão da virgindade e da maternidade.

Rejubila, propiciadora do perdão dos pecados,

rejubila, restauradora do paraíso,

rejubila, chave do Reino de Cristo e porta do Céu,

rejubila, esperança dos bens eternos. [...]

 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

E O VERBO FEZ-SE CARNE

 Das janelas da casa Nazarena,
Por entre vicejante trepadeira,
Um ninho temporão de escrevideira
Lobrigaram os dois, em tarde amena.

E, seus olhos, ao ver tão linda cena
- A mãe que aos filhos traz, alvissareira,
Alimentos colhidos na ribeira - 
Encheram-se de luz ultraterrena.

E viram uns olhitos de Criança
Que hão-de inundar de bem-aventurança
O ninho ora acabado de fundar.

Seus corações ficaram como em brasa
E julgaram ouvir por toda a casa
Vagidos dum Amor que há-de chegar.

sábado, 18 de dezembro de 2021

NATAL: SÃO SÓ PALAVRAS...

Ó meu Menino Jesus
Que és do mundo Redentor,
Carregaste em Tua Cruz
De nós sofrimento e dor.

Naquela gruta nasceste,
Nas palhinhas nada mais;
Como agasalho tiveste 
Só o bafo de animais.

Dos fiéis és confiança,
Dos pobres és maior bem,
Dos infelizes, esperança
Que a sua vida contém.

E, por ser Natal, dão prendas,
Por ser Natal, dão sorrisos,
Como se d' olhos com vendas,
Vão vivendo de improvisos...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

NOITE

 Noite escura que ficas entre dias
Como o vale, entre montes, apertado,
Não me contes histórias tão sombrias,
Pois tenho o coração amargurado.

Porém, ó noite, também ofereces
O riso das estrelas luminosas;
No silêncio noturno também teces
Os crepes perfumados dumas rosas.

De noite, o Deus Menino, em ti nasceu
E uma estrela esse Bem anunciou;
E, de noite, o Senhor ressuscitou
Para, dias depois, subir ao céu.

Ó noite, minha terna e doce irmã:
Afasta desta alma a solidão!
Que nesta vida, sejas essa manhã,
Sem poentes e sem escuridão.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

SEMPRE MAIS

 Dez anos se passaram tão depressa!
Como o ninho feliz de uma criança,
O sonho que se fixa na lembrança
E toma a cor azul duma promessa.

Qu' o sonho é realidade, bem no expressa
Nossa alegre presença na aliança
Do hoje que semeia na esperança
Ao ontem que da ceifa já regressa.

A nossa festa lembra um Bom Natal:
Família que bem cumpre o ritual
De unir-se mais a Deus, na paz do lar,

Para voltar depois fortalecida
Ao campo do trabalho, decidida
A vitória maior inda alcançar...

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

AS ÁRVORES

 Do homem são a riqueza,
Filhas da mãe natureza,
Suas grandes protectoras;
Nas belas copas frondosas,
Ninho fazem, cuidadosas,
As aves encantadoras.

E quem sob elas se deita,
A sua sombra os deleita 
E assombra em singeleza;
São puros pulmões da terra,
Irmãs do campo, da serra,
Filhas da Mãe Natureza.

Dão-nos frutos saborosos,
Seus sucos deliciosos,
Em vigor, consoladoras;
Quais rainhas da floresta,
Nelas a vida faz festa
Suas grandes protectoras.

Sem árvores, não mais há vida!...
Que não gema a terra f'rida,
Sob as mãos destruidoras;
Nunca as crianças transmitam
A dor que em silêncio gritam
As árvores encantadoras.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

MORRER DE SOL

Ó noite sem luar!
Donde vens? Aonde vais?
Não tentes, ao passar,
Nutrir-me de teus ais.
Não ouses nesta solidão
Verter a tua escuridão.

Passa, passa de largo,
Não me tornes amargo
O caminho em que vivo.
Nem me toques no sol; tenho-o cativo
E nele me regalo.
A ti nunca o darei
- Não sabes estimá-lo.

E, além disso, eu sei
Que o sol é o teu veneno.
Se ele surgir, não há galeno
Que te livre da morte.
Morrer de sol... Que triste sorte...

Modesto. 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

ÁGUA DA CHUVA

 Água da chuva a cair,
Quem me dera poder sentir
Teus orvalhos em minh'alma;
E em mim, poder conter-te,
Como arco-íris beber-te,
Em doce harmonia e calma.

Chuva que regas com verde
A esp'rança da minha sede
Na terra que me dá pão;
Água, meu puro alimento,
Essência do meu fermento,
Sangue do meu coração.

Não deixes de cair, não!
Sem ti, os homens serão
Infelizes, desgraçados;
Contigo quero sorrir...
Deitar-me, ficar, partir,
Beber teus olhos molhados.

Modesto

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

LIÇÃO DE MÃE

 Quando a angústia me apoquenta
E dói e fere como duro espinho,
Deixando tudo, vou-me de caminho
Aos pés da Virgem, sempre Mãe atenta.

Naquela tarde triste, friorenta,
Ave cansada demandando um ninho,
Lá fui, terço na mão, sempre sozinho,
Rezar à Virgem de labéu isenta.

Falei, desabafei, disse-Lhe tudo:
Narrei-Lhe a minha vida por miúdo,
Nada ficou, nadinha, por contar...

E vai Ela, sorrindo, com meiguice,
Ao meu coração triste apenas disse:
- O Céu na Terra não te posso dar!...

Modesto

domingo, 26 de setembro de 2021

APROVEITA O TEMPO.

 Aproveita enquanto o tempo
Te dá tempo pra brincar;
O tempo é como o vento,
Há p'rigo a cada momento
Do tempo o vento mudar.

Se o tempo em brisa se ajeita,
Guarda tempo pra sonhar;
Pode ele trazer maleita...
Por isso, amigo, aproveita...
Sempre que o tempo deixar.

Abre, amigo, tua alma,
Ventos há vindos por bem;
Se o tempo te trouxe calma,
Em ti o vento se acalma,
Terás bom tempo também.

Passa o tempo, não o p'rigo
Do tempo as suas fazer;
Como eu, sabes, amigo,
Está comigo e contigo,
Mas com todos vai correr!...

Modesto

quinta-feira, 22 de julho de 2021

LEMBRO-ME AINDA













Lembro-me ainda - ao lado de um repuxo,
Pela brancura de um luar de Agosto,
Teu maninho, um loiro pequerrucho
Brincava, rindo, afagando-te o rosto...

Lembra-me ainda - as sombras do sol posto,
Naquela saleta sem brasões de luxo,
De alguns bordados de fineza e gosto,
Lá delineavas o gentil debuxo...

E o gás que forte e cintilante ardia,
Iluminava-te, alagava-te... ria
Da luz. Ficavas num imponente abrigo.

E agora... Deixa que , ao cair da noite,
Esta lembrança dentro de mim se acoite,
Como andorinha no telhado amigo!

Modesto
 

terça-feira, 13 de julho de 2021

MARÉS...












Vinde, Senhor, mudar-me a noite em dia,
Tornar oásis este meu deserto,
Verter rocios no caminho incerto
Da minha extrema e funda discrasia,

Tenho medo de mim; perco a travia
Sempre que enfrento a peito descoberto
O mar que em mim marulha, atroz, diserto,
Com os raios em noite de invernia.

Quero fugir de mim e ir viver longe
Em sela abandonada de áureo monge
No escalvado sopé de serra esguia.

Que só assim encontrarei ao certo
O amor leal dum coração aberto
Que há-de livrar-me desta maresia...

Modesto
 

terça-feira, 6 de julho de 2021

A MONTANHA E O MEU CHÃO














Palmilhava infeliz o descampado
E mais triste fiquei por ver erguida
A montanha, rasgando o céu lavado,
Como alpinista alegre na subida.

Muitas vezes tentei sair do chão
E desejei fazer uma escalada...
Mas não criei asas de ascensão
E segui andando pela estrada.

Desejava ser neve ou luz do sol
Que brilham na montanha tão felizes;
Desejava subir como o arrebol
Que leva para o alto seus matizes.

Precisava de encher meu coração
Com asas de esforço e de coragem:
Deixaria de vez este meu chão
E faria a ascensão desta viagem...

Modesto
 

sexta-feira, 18 de junho de 2021

MADRUGADA SILENCIOSA








A noite calou-se e emudeceu
Por todo o canto dado à madrugada.
Minh' alma inquietou-se acordada
Sozinha ali, no quarto, entregue a seu breu.

Nem som de carros, passos, risos... nada!
Nenhum barulho se fez, transcorreu,
No tempo qu' o destino concedeu
Ao meu penar, na noite enluarada.

Tentei ouvir corujas ou latidos...
Mas, os minutos meus emudecidos
Fizeram-me da solidão cativo...

Só silêncio ouvi. Nenhum ruído.
Perguntei à madrugada, constrangido:
Será qu' este meu eu 'inda está vivo?!

Modesto
 

sábado, 12 de junho de 2021

CONSELHO À CHUVA











Bendita sejas chuva, minha amada,
Que alegras os cais tão prazenteira
Sobre os rúbidos cachos de videira,
Desta videira antiga, aqui plantada.

Vens à minha janela envidraçada,
Minha humilde chuva sorrateira.
Beijas, como o luar, a noite inteira
Os cachos rubicundos da latada.

Antes fosses cair, placidamente
Num gesto de ternura transcendente,
Nas ressequidas torgas de altos montes!

Não chovas no molhado, minha irmã!
Não imites os homens! Com afã,
Vai matar sedes onde não há fontes...

Modesto
 

sábado, 5 de junho de 2021

POESIA SEMPRE NOVA







Esta poesia nova tão cansada...
Que te disse a deusa na agonia?!
Sulca-te o rosto densa nostalgia:
Suspiras pelos risos da alvorada?

Já foste uma moçoila nacarada,
Leda e canora como a cotovia.
Agora, és lambisgoia retardia,
Refluxo de megera encarquilhada.

Despiram-te no teu véu da mini-saia,
Deram-t' um corpo oblongo de Himalaia,
Por alma apenas te deixaram sexo.

Minha velha poesia sem corcova,
Sorri de novo à gente! Manda a nova
Cobrir-se ao menos dum verniz de nexo...

Modesto


 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

PAISAGEM









Abri uma janela envidraçada
Que dava pra um campo ajardinado;
Depois assobiei todo animado
E ficou mais risonha a madrugada.

E descobri na encosta da colina
Um sereno rebanho esbranquiçado
E escutei, com prazer, quase em surdina
O violino de um melro empoleirado.

E mais longe chegou o meu pensamento...
Então vi sargaços, conchas, e baleias...
Mais  perto de mim ficou o firmamento
E entraram nos meus olhos luas cheias.

E senti que a alegria da paisagem
Entrava em mim como Divina Paz.
E encetei a fazer essa viagem
Que só a alma pura e humilde faz.

Modesto




 

terça-feira, 11 de maio de 2021

POESIA E MÚSICA














Depois da festa vem a poesia
Graciosa, simples, mensageira
Da alma popular tão verdadeira
Como o brilho do sol em pleno dia.

E vem também a música sadia,
Leve e doce, alegre pregoeira
De bondade viril, hospitaleira
Que se difunde em ar de liturgia.

Poesia e música, louvor do homem,
Alguém cujas riquezas se consomem,
Serve a Deus e consola o pobre.

Poesia, música, mãos em prece,
Louvam o Senhor que louvor merece,
Gente sem joio, tudo bom e nobre.

Modesto
 

domingo, 25 de abril de 2021

SAUDADE















O nosso lar harmonioso e tranquilo
Era um ninho de luz e de esperança
Que como abelhar irisadas, mansas,
Nos nossos corações tinham asilo.

Pois havia, lá por dentro, tanta crença
E tanto amor puríssimo cantando
Que parecia um raio de sol faiscando,
Como majestosa catedral imensa.

Agora o ninho está desamparado!
Sumiu-se dele o pássaro adorado,
O mais ideal dos pássaros do ninho.

Não se ouve mais a música sonora
Dessa força dentro do ninho, agora
Paira a saudade como bom carinho.

Modesto
 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

E É PRIMAVERA







Foi-s' a longa noite enregelada
Qu' obriga o ser vivo a recolher,
A seiva - vida a permanecer
Quieta, em repouso, bem calada.

Mas tão logo rompe a madrugada,
Nascendo o sol para aquecer,
Revive tudo o qu' está a sofrer
Com esta Estação tão esperada.

O canário vem cantar na ramada,
Canta pra chamar a sua amada
Que comparece logo sem espera.

E o calor chama a passarada
Que chilreia em plena alvorada,
Prenúncio da bela Primavera!

Modesto



 

terça-feira, 30 de março de 2021

CANARINHO




















Ouço um lindo passarinho
Que canta na sua prisão;
Na gaiola, coitadinho,
Chora a sua paixão.

Com certeza ele clama
Pela amada canarinha
A quem ele tanto ama
E também presa sozinha.

Ele não pode fugir
Nem da prisão nem do fado
De nunca poder sentir
O calor de ser amado.

Mas sua voz é tão bela,
Tão sentido o qu' ele canta
Que, mesmo na sua cela,
Vibra o céu na garganta.

Modesto

 

sexta-feira, 19 de março de 2021

TER SEDE








Se tens sede de paz e d' esperança,
Se estás cego de dor e de pecado,
Vai ao Amor, grande abandonado,
Sacia a sede com amor, descansa.

Volta pra esta zona fresca, mansa
Do Amor: Ficarás desafogado,
Verás tudo claro, iluminado 
Da luz qu' um' alma que tem fé alcança.

Coração qu' é puro e qu' é contrito,
Sabe ter doçura e ter dolência,
Revive nas 'strelas do infinito.

Revive, fic' imortal. Na essência
Dos Anjos paira, não desprende um grito,
Fica como os anjos na existência.

Modesto

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

A NATUREZA







É belo o sol a nascer,
É belo o céu azulado,
É belo o entardecer,
É belo o céu estrelado.

Em noites enluaradas,
Às vezes fico pensando:
Natureza engalanada
Com as nuvens vagueando.

Natureza colorida:
Nela seremos felizes,
Pois tudo nos dá a vida.

E viver nesta beleza
É para sermos felizes:
Conservai a Natureza!

Modesto

 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

CANÇÃO









Vou à procura dessa melodia
Qu' ouvi outrora, no meu lindo berço:
Quem a cantou, talvez, tem a alegria
Da cantar ao Senhor do Universo

A vida deve ser, desde a partida,
Uma canção perene de ternura:
E quando nossa dor é mais sentida,
Deve brotar da nossa alma pura.

Há canções na ramagem da floresta,
Há música no lar que tem crianças,
Há pífaros e liras numa festa
Que tem presente límpidas lembranças.

Mas há guitarras nas mãos da juventude,
E cavaquinhos entre mãos rugosas,
Cantam almas cercadas de virtude
E donzelas bonitas com' as rosas.

E tu que vens já desde a aurora,
Levando alguma luz e 'scuridão,
Põe o teu piano cá para fora,
Entoa para nós uma canção.

Modesto

 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

PINHEIRO MANSO








Olho o pinheiro manso arredondado,
Duro, esguio no tronco vertical
Um general austero no pinhal,
Com um fuste todo acastanhado.

Recorda uma coluna vegetal
Com base, fuste, um verde capitel;
Às vezes na ramagem em dossel
Moram aves com vozes de cristal.

Mas tem no topo muitos mealheiros,
Escondidos na rama aguda e verde;
Quando chega o calor moedas perde
E dá-as com amor aos caminheiros.

Na selva humana há também pessoas
Que se parecem ao pinheiro altivo:
Por fora têm aspecto esquivo,,
Mas por dentro são nobres e são boas.

Modesto
 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

QUANDO O CORAÇÃO É MESTRE








Às vezes é assim: Quero escrever,
Comunicar a alguém um pensamento,
Mas sinto-me vazio num firmamento
De estrelas mortas, sem luar sequer.

E é nessas horas turvas do não-ser,
Quando me tolda o véu do ' squecimento,
Quando mais se apura o sentimento
Da presença duma Luz no meu viver.

Quando tudo me foge e a Luz s' apaga,
Doce eflúvio de amor em alta vaga
Tod' o meu ser inunda, inconsumptivo.

E o coração feliz vai diligente
Dizer a tod' o mundo, a tod' a gente
Qu' é preciso morrer para estar vivo.

Modesto
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

SENHORA DAS CANDEIAS












Nosso partir é sonho alvissareiro
Que se veio albergar dentro da gente
E promete tornar-se de repente
Indomável navio madeireiro.

Vamos partir, bem firmes no roteiro,
Com Deus por Capitão. Confiadamente,
Partimos a cantar alegremente, 
Com fé pura de invulgar romeiro.

Mensageiros da Luz e bem queremos
Espalhar Luz no mundo, lá iremos
Distribuí-la por todos ,às mãos-cheias.

Vai ser de Luz, irmãos, nossa mensagem
- Que é nossa companheira de viagem
A Mãe da Luz, Senhora das Candeias!

Modesto

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

CONTRADIÇÕES








Como a abelha tira duma flor
O veneno e o mel apreciado,
Assim, do meu coração humanizado,
Eu tiro o ódio e também o amor.

Este cofre que sempre anda comigo
E espalha, às vezes, seu calor e luz
E pode também do mal ser um abrigo,
Colocar também os outros numa cruz.

Nesta minha infeliz contradição,
Lá vou caminhando pela vida fora...
Vai comigo meu incerto coração
Que algumas vezes ri, mas outras chora.

Porém o coração tem mais valor,
Se de noite e até ao fim da tarde
Espalhar amizade e mais amor,
É como essa fogueira que só arde.

Modesto


 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

MENINA BONITA


 










Tu que passas por mim sempre a cantar,
Mostrando nos teus lábios essa lira
Que vem da tua alma de luar
E por quem, na minha dor, tanto suspira...

Eu também, como tu, cantei outrora,
Quando tinh' o verdor da mocidade,
Trazia o coração feliz por fora,
Filho da primavera sem idade.

Mas o tempo desfez minha canção.
Um silêncio cruel entrou em mim,
Ficou paralisado o coração.

Mas tu não deixas de cantar, donzela!
Vejo-te como rosas no jardim,
Ouço tua voz da minha janela.

Modesto

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

É PÚRPURA VENUS


 










É púrpura Venus ao entardecer
No infinito do ar cintilante.
Na amplidão vai o sol esconder
Até qu' o véu da noite se levante...

O dia morre... Mil 'strelas vão nascer
No cariz do céu, no mesm' instante,
A lua tem um brilho de se ver,
Qual lustro da terra no céu distante.

Os bicho fogem...Nuvens de pardais
Revoam nas copas dos arvoredos
Louvando Deus com cantos triunfais.

Tudo dorme... é silêncio profundo.
A noite veste o manto dos segredos
E nesse abandono deita-se o mundo!

Modesto

AO RITMO MONÓTOMO DA MÓ

 Pôs-se o sol. Já a Ísis, vestida De luz plena, estes montes prateia. E a ribeira que de água vai cheia, A embalar-me, abstrai-me da vida. P...