Vinde, Senhor, mudar-me a noite em dia,
Tornar oásis este meu deserto,
Verter rocios no caminho incerto
Da minha extrema e funda discrasia,
Tenho medo de mim; perco a travia
Sempre que enfrento a peito descoberto
O mar que em mim marulha, atroz, diserto,
Com os raios em noite de invernia.
Quero fugir de mim e ir viver longe
Em sela abandonada de áureo monge
No escalvado sopé de serra esguia.
Que só assim encontrarei ao certo
O amor leal dum coração aberto
Que há-de livrar-me desta maresia...
Modesto
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