domingo, 28 de dezembro de 2014
TUDO JUNTO NO INVERNO
É Inverno: Vento e frio não trazem
O sol que abdicou de lutar, parece.
Sobem os lagos, alargam-se rios... fazem
Gelos tímidos da névoa que cresce...
O horizonte está triste, sombrio.
Vento frio vindo de todos os lados.
Encolhidos os animais, pelo frio,
Juntam-se, estão quase enregelados.
E somente sobrevivem abraçados,
Como se num só corpo se tornassem.
Pra sobreviver, tonam-se engraçados.
Lei da vida... Até a pessoas 'stão
Unidas. E, se Naquele Amor pensassem,
Repartiam tudo: agasalhos, pão!...
Modesto
sábado, 27 de dezembro de 2014
CHEGOU O INVERNO
Já cai o Inverno na minha mão.
A neve refresca meu coração
E a rosa que trago na mão,
Com pétalas que nunca o serão
Espinhos disfarçados d' emoção.
Vento assobia na Natureza
E nuvens desenham grande beleza!
Se o sol tarda a aparecer,
Chora a chuva ao amanhecer...
Espero a Primavera que,,, vai nascer:
Haverá amor ao alvorecer,
Amando, continuo a viver!
Modesto
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
DEIXAS-ME DORIDO, FLOR DA SERRA!
Linda flor, naquela serra agreste!
Como outras, te foi cruel a sorte:
A bela cor romântica te veste,
Mas só tiveste consolo na morte!
Foi uma bela lição que nos deste:
Abnegado heroísmo bem forte,
Ingratidão de quem a fé puseste,
Mantiveste tua alma, teu porte!
Tu és a flor de símbolo sublime:
Dada à paz e amor, nunca erra
E, connosco, o passado redime.
Foi terrível o teu longo suplício!
Fragrância qu' envolve a serra
E aroma da paixão - meu sacrifício!
Modesto
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
HOMENS, É NATAL!
É natal! Noite em Belém, noite bela!
O céu 'stá estrelado, deslumbrante!
E... poucos percebem a Luz daquela
Estrela singular e fascinante!
Quanta beleza tem aquela tela!
O Menino nasceu, povo errante!
Encontrai o Amor que Se revela
N' História: Amor edificante!
Grande exemplo, naquela estrebaria
Deu Jesus, Filho de Deus e Maria,
Ao pecador que Seu perdão implora!
Hoje é Natal! A Humanidade
Já não tem fé, amor, fraternidade,
Na ganância, tudo quer , explora!
Modesto
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
GOTAS ORVALHADAS DE AMOR
Cintilam no chão gotas de amor.
A Natureza doce de jasmim,
Em cada flor há um beijo de mim,
Num sol brilhante a dar-lhe calor.
Eu não quero guardar nuvem sombrias.
Quero qu' o céu azul-anil sorria
E acorde os sonhos d' alegria,
No encanto das manhãs brancas, frias.
Abro as janelas imaginárias
Que não estão assim tão solitárias...
Vou receber aromas de amor
A Natureza doce de jasmim
Guarda as flores belas no jardim...
Estou perfumado da tua flor.
Modesto
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
O CRIADOR DO MUNDO NO PRESÉPIO!
Tudo o que vejo, sinto, ouço, me fala
De Ti. No Teu Ser condensas o infinito!
Tu estás no esplendor do Natal em gala:
Nasces no meu coração e no meu espírito!
Todos os seres, na vastíssima escala,
Todo e em tudo está Teu Nome escrito:
Na tímida flor que seu perfume exala,
Até às colossais montanhas de granito!
E, por mim, quisestes agora vir ao mundo!
No pobre Presépio, Teu olhar profundo...
Só com estrela de luz, José e Maria!
Vem a Ti tudo o que no mundo existe!
Tu qu' és o Sol, viestes como sombra triste
Pra dar perdão e amor e muit' alegria!
Modesto
domingo, 21 de dezembro de 2014
VIVEMOS OU SONHAMOS?
Esta fera condição,
Esta fúria, esta ambição...
Será que a conhecemos?
Neste mundo tão singular:
Sonhamos ou vivemos?
Viver é sonhar
Que a vida nos imponha
O homem que vive e sonha
Mas se alegra ao despertar!
Há os que querem reinar:
Vendo que há despertar,
Só sonha com a riqueza!
O trabalho oferece
O bem que se agradece...
Mas sonha e padece
A miséria e a pobreza!
O rico o triunfo preza:
Sonha e pretende,
Maltrata e ofende...
Só se importa com a avareza!
No mundo, em conclusão,
Todos sonham o que são.
Parece ninguém entender
Que é o amor que faz viver.
Se sonho o que vivo aqui
E de lisonjas vivi,
Vou vivendo carregado
Com o meu próprio estado.
A vida não é ilusão:
Há uma salvação,
Embora haja viver tristonho,
A vida não é só sonho:
Há o amor dos irmãos,
Há vida que dá as mãos
E há a vida com perdão
Que ajuda a repartir o pão...
E os sonhos... sonhos são!
Modesto
sábado, 20 de dezembro de 2014
FLOR SERRANA
Há uma flor, na serra, pobre e singela
Que nasce no mato ao abrir do sol nado.
É uma flor sem nome, humilde aquela
Que sorri, meiga e bela, junt' ao coutado.
Um raio de luz a criou e tornou bela
E nela pousa um pintassilgo dourado
Ou a borboleta branca e amarela
E que vivem lá pelo mato orvalhado.
Jamais alguém ousou chamá-la pelo nome,
Nem em vaso de bronze ou fina porcelana:
Nasce, encanta, alegra e não consome.
Vive à luz do sol, resiste às noites frias,
Acarici' a lua e fauna serrana,
Dá à paisagem suas pétalas macias!
Modesto
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
SANDE - TERRA MATER
Meu carinho filial, sonho de poeta,
Ó doce, ideal... Sande dos meus amores!
Tens um lindo vale, entre colinas... quieta
Como o Éden, de encantos sedutores!
Os teus campos gentis, estrelados de flores,
Sagram-te como uma princesa dilecta!
O sol elege-te em íris multicores,
Na esmeralda dos pomares, se projecta!
Nenhuma outra aldeia assim nos fala!
E das tuas velhas tradições exala
Nossa História que em teu brasão reluz.
A tua honra, ó minha terra querida,
Paira, em mim, na História 'stremecida:
Nobre Bem Viver, Terra de pão e luz!
Modesto
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
SÊ SOLIDÁRIO
Faz a tua dor estranha e goza
Do destino dos outros irmãmente.
Tua alma s' incline piedosa
De todo o que sofr' injustamente.
Faz a tua vida mais amistosa,
Se souberes fazer dela somente
A paciência harmoniosa
Do amor constante, perdão clemente.
Se sofres, procura o teu conforto
Como Jesus, n' agonia do Horto,
Receb' a taça d' amargura cheia...
Amável te será a vida dura,
Se jamais aspirares à ventura
Comprad' à custa da desgraç' alheia.
Modesto
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
FIM DO OUTONO
Fim do Outono... Só folhas mortas.
A lareira substitui o sol ardente,
Porque tudo fecha as suas portas
E a neve faz as árvores tortas...
Fim do Outono faz o sol doente!
Fim do Outono... Não há flor nos montes.
Os rios dão-nos inquietação.
Aumenta forte o cantar das fontes
E é preciso cuidar das pontes...
Para não verter lágrimas no chão!
Fim do Outono e as folhas mortas,
Sol doente, neblina, nostalgia...
Frio! E tudo se perde nas hortas!
As tristes fontes abrem suas portas...
O sol, agora, 'stá em agonia!
Modesto
domingo, 14 de dezembro de 2014
ACOLHER AQUELE QUE VEM
Deus tem pra nós um projecto de salvação,
Propõe-nos a vida plena, vida de luz,
Apresent' a Boa Nova como missão:
Anunciar o Nascimento de Jesus.
Deus quer dar-nos a vida com felicidade,
Num Novo Mundo anunciou: Salvação!
Pede-nos prá 'colher a Luz da claridade,
Ouvir o que nos diz o Baptista João.
Deus 'stá interessado em nos acolher,
Oferece-nos Seu Filho pra conhecer
E propõe-nos uma vida de liberdade.
Enquanto esperamos o Senhor que vem,
Em atitude de adoração também,
Demos aos irmãos projectos d' eternidade.
Modesto
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
HUMILDADE
Cultiva simplicidade,
Flor que a alma ostenta.
Foge sempre da vaidade
Que ao néscios alimenta.
Sê sincero na verdade,
Valor que te acrescenta.
Mesmo na adversidade,
A verdade t' alimenta.
Ensina-t' a Natureza
Qu' humildad' é como água:
Não lh' interess' a grandeza
- Tudo acaba na frágua...
Cultiva a dignidade.
Sê modesto e sê justo.
A altivez da vaidade,
Nunca te fará robusto.
Modesto
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
VIVER COM ALEGRIA
No saber esperar 'stá a ciência,
Arte suprema que não é só gozo.
Apura-s' a límpida consciência,
Sem ganância nem mod' orgulhoso.
Alegria empresta à expressão
O sentido, beleza... o repouso.
A alma é alta quinta essência,
Fusão do bem, êxtase que eu ouso.
E quem ama a Deus, amor respira,
Pois tem em si harmoniosa lira
D' acordes celestiais... Sinfonia!
Esse compr'ende e crê na bondade,
Sublima a 'spiritualidade,
Em doc' emoção, perfeita alegria!
Modesto
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
A PAISAGEM E O SONHO
Minh' alma reflect' aspectos do ambiente.
A Natureza tem comig' afinidade,
Pois a paisagem cerca-me benevolente
No interior - única realidade.
E eu aprecio-a sempre com saudade:
Panorama encantado e envolvente!
O ar tem sedução macia da bondade:
A luz, a serra... deixam-me elanguescente.
Funde-se no meu ser estranha harmonia
Ao crepúsculo outonal de poesia
Da paisagem serrana, em doce tristonho...
E sinto em mim um desenvolver-se mudo,
Porque o pôr do sol me faz esquecer tudo...
Entro no meu céu, como infinito sonho!
Modesto
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
À ESPERA DO NATAL
Eu espero seguir devagarinho
P'la estrada da vida. Quem me dera
Ter, como Maria, Olhar qu' espera
E um coração que não 'stá sozinho.
Cada dia despertar no meu ninho,
Ao som da voz do Anjo, como era
Em criança, na linda primavera...
Sabia o destino do caminho.
Agora, estou admirado... e tudo
Se foi tornando cada vez mais triste
E eu ficando cada vez mais mudo...
Mas sinto que sou feliz, porque eu
Já sei que a esperança existe:
Verdade! Jesus vai descer do céu!
Modesto
domingo, 7 de dezembro de 2014
AMOR E BEM
O amor é lei da vida.
Quem não ama tem tristeza.
O amor ao bem convida
O 'spírito à beleza.
O bem ensina e clama
P'la luz, na terra acesa.
O sol, secando a lama,
Anima a Natureza.
Amor é ensinamento
A perdoar, compr'ender...
Ensina desprendimento!
O bem dá sentid' ao ser.
Ama, viv' integralmente.
O bem diz-t' o que fazer.
Amor ensina à gente
O sentido do viver.
Modesto
sábado, 6 de dezembro de 2014
PREPARAR O NATAL
Procurei o amor, lá por esses céus,
Luz que me dá vida e que me guia.
Busquei... Encontrei a Virgem Maria,
Pareceu-me piscar os olhos Seus!
Ergui alto a voz, orei a Deus,
Pedi-Lhe, repleto de alegria,
Que a doçura que junto sentia
Fosse para sempre os sonhos meus.
S' o amor me diz que a busca é finda,
Meu coração desperta pró Natal,
Com o sol a brilhar em cor tão linda!
Que o meu desejo seja igual
Ao que Maria disse... mais ainda,
Juro que prepararei o Natal!
Modesto
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
FLOR DA SERRA
No Alto do Facho, vejo, com surpresa
Estranha flor, num velho tronco adusto,
Meiga e rústica a sua beleza...
Baixo-m' e colho-a quase a custo.
Tem um azul de céu, a bela turquesa,
Como borboleta, rostinho vestuto,
Ilusão poética da natureza...
Ia guardá-la, mas apanhei um susto!
Com o vento, um ramo deixa-a morta!
Flor azul, flor linda e desconhecida,
Efémera visão, como seda se corta.
E ficou em mim esta grande lembrança:
Tudo o que se vê uma vez na vida,
O que se perde, nunca mais se alcança!
Modesto
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
SERRAS DA MINHA TERRA
Da serra onde estou
Vejo as montanhas belas
Que o sol acarinhou
E a casa que fiz delas.
É uma casa antiga,
Mas sempre acolhedora.
Recebo gente amiga,
Muita coisa se recorda.
Vejo pássaros no ninho
E ribeiros a correr.
Vejo tudo com carinho:
Ajudaram-m' a crescer.
E vejo que surge delas
A mais bonita pintura,
Formando telas tão belas
Que a saudade procura.
De manhã, dou-lhes bons dias:
Sorriem ao meu olhar,
Digo-lhes com alegria:
É tão bom aqui morar...
Modesto
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
ADVENTO: VIGIAI!
Vigiar não é estar à espera.
É estar atento com o coração,
É ter a força de quem persevera,
É 'star aberto para a missão.
Mesmo que apareça um dilúvio,
Tu tens que estar sempre vigilante,
Ultrapassar um perigo telúrio...
Mas saber o que é mais importante.
'Sperar assim a vinda do Senhor,
Ser útil, mesmo no inesperado,
Fazer em tudo um acto d' amor,
Prá Sua vinda, estar preparado.
Assim começa o nosso Advento:
É esperar o Nosso Deus que vem.
Sem desanimar, estar atento
Ao Menino que nasce em Belém.
Modesto
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
LINDO RIO DOURO!
Magoado ao crepúsculo dormente,
Ora nas descidas galopantes, ora
Com desmaios de espera e demora...
Meu Douro, choras amarguradamente!
Gostavas de ficar... Mas, p'lo leito fora,
Corres e misturas outros na corrente...
Amores e desgostos desd' a nascente,
Tudo levas par' a foz que te devora!
Sofres: de pressa, de tempo, de lembrança,
No teu clamor e sombra que te invade,
O teu pranto... tudo no mar se lança!
Rio triste, sofres de ansiedade,
Por todos os que vivem na esperança
De te rever, vão morrendo de saudade!
Modesto
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
NUM ENTARDECER NAS COLINAS
Numa tarde de céu azul na cordilheira,
Junta-se ao rubro do meu natal torrão
Aquilo que eu notei pela vez primeira:
A Natureza pintar a imensidão!
Há gotas de anil a voar pela mata,
O sol dourado foge, lá no horizonte
E ouço lindo murmúrio duma cascata
De um ribeiro que, lesto, desce do monte.
E o arrebol espreita já ao portão!
A lua já espera mostrar seu clarão!
O pessoal do campo volta para casa.
É um quadro singelo da Natureza
Que nos quer mostrar toda a sua beleza,
Trazendo-nos a saudade que nos arrasa!
Modesto
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
PORQUE ACREDITO...
Hoje sou paz, alegria... me perco
Em pensamentos, e sei o que posso.
A Tua presença fez-me um cerco,
Chamaste-me àquilo que é bem, nosso.
Hoje sou eu e conTigo mergulho
Na felicidade, de Ti partilho.
O doce motivo de que me orgulho
É Tua presença, eu ser Teu filho.
Assim sou feliz, disso estou certo.
Não quero fugir... Tu estás tão perto
De mim... Dia, noite... me dás maná!
Quando durmo, sei que estás perto
E ao meus sonhos lhes fazes cerco,
Pra qu' assim seja também amanhã!
Modesto
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
CRISTO QUER-TE AMAR
Eu amo muito Jesus
Que por mim muito sofreu
E por mim morreu na Cruz
E a salvação me deu.
Só Te quero contemplar,
Por Ti, ver o meu irmão,
Do Teu amor lhe falar
Tendo-Te no coração.
Se ainda não tens Cristo,
Começa a procurar.
Tenho a certeza disto:
Cristo só te quer amar!
Modesto
terça-feira, 25 de novembro de 2014
MUDAR DE VIDA
Sabes que o mundo não é maior
Que o vivo amor de Cristo Jesus
Que na Cruz morreu por nosso amor,
Foi elevado ao alto na Cruz?
É do alto do trono da cruz
Que convida a deixar a riqueza:
Disse-o com fort' e brilhante luz
Que não ofusca - é luz da certeza!
Disse qu' a nossa "arma" é o amor,
Pôs-nos no coração chama. clamor,
Para podermos os outros amar.
Muda por dentro! Semp' a combater...
Deus, para isso, te dá poder
Para te converteres e mudar.
Modesto
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
NOVO DIA PRA VIVER
Brilha o sol: É manhã,
Transparência do ser!
Tudo corre com afã,
Nasceu nov' amanhecer.
Voam aves barulhentas,
Em casa tud' almoçou...
Até corujas agoirentas
A floresta as tapou.
Todos vão às suas vidas,
Calcando raios de sol.
Trepam as altas subidas
E voltam ao pôr do sol.
Fios sedosos, brilhantes,
Qu' o universo envia,
Preciosos diamantes
Que a senhora urdia.
Punha fio entrançado...
Tanto! cobri' a montanha!
E será sempre lembrado,
Por Deus dar graça tamanha!
É a mensagem de paz:
Desce e sobe a serra,
A eterna luz que traz
Ao fim do dia qu' encerra.
Modesto
domingo, 23 de novembro de 2014
CAMINHOS DE ENCONTRO
Caminho, errante, no meio das trevas,
Procuro a verdade pra ter visão.
Encontro caminhos de luz que me levas
A Jesus que 'star no meu coração.
P'lo caminho, encontrei gente em desânimo:
Sem paz, sem sustento, sem luz, sem remédio...
Trouxe-lh' alegria, a paz de Deus, ânimo,
Dei-lhe a paz do Pai, por Seu intermédio.
Humilde, falei-lhe da fé, do amor
Como pão da vida que a fortaleça,
Disse-lhe que havia um Bom Pastor
Que ama e não deixa que desfaleça.
Na fome e sede o Senhor nos serve,
E, se nós quisermos, livra-nos do mal,
Desde qu' o noss' amor n' Ele se conserve
E transformemos em bom o qu' 'stá mal.
Teremos, então, direito que não fira
A nós e ao nosso próximos respeite,
Haja honra, concórdia, não mentira...
Qu' o Amor-Deus nos abrace, nos estreite!
Modesto
sábado, 22 de novembro de 2014
NÃO TRATEI DO MEU JARDIM
Encontrei minhas rosas andarilhas
No meu jardim que já não tem encanto.
Deserto infinito de gravilhas
E quase a morrer de desencanto.
Lá, nasceram muitas flores do campo,
Subiram às roseiras como filhas.
Meu jardim qu' era um terno encanto,
Passou a ser canto em redondilha!
Eu tinha a faina obrigatória,
Onde fazia a minha história,
Destino pra seguir sempre em frente...
Ma ai! Aquel' espírito da rosa,
Atrai uma paixão misteriosa:
Amor à erva que me provoca sempre!
Modesto
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
PRIMEIRO NEVÃO
O sol morno sobe entre os outeiros,
A tarde fria, com céu toldado e escuro,
O vento agita os ramos altaneiros
Que se debruçam sobre o velhinho muro.
Nesta hora crepuscular com nevoeiros,
Irradiam aromas que, em vão, procuro.
Amarelou-se o verde dos canteiros,
O perfume do jardim é mais leve e puro.
Por cima dos outeiros, agora sombrios,
Desc' o luar de Novembro qu' envolv' a terra,
Que se branqueia com floquinhos fugidios.
E a nuvem, além, o branco véu descerra,
Como que a cingir em longos arrepios
O flancos virginais da alt' e linda serra.
Modesto
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
PORTA DA VIDA
Ter vida é ter o impulso da certeza
De que, pra ser bom, tem de passar p'lo deserto,
Orientar-se somente pela beleza,
Seguir a luz p'la estrada do universo.
Nem pensem que minha alma é susceptível
De um breve pouso n'algum porto adverso,
Onde ancora por não ter força possível
Par' a loucura intangível que professo...
Nenhum barulho se levanta de noite,
Nenhum vento será pior que a brisa
Para que o corpo durma e a alma afoite,
Numa bonita canção sempre indivisa.
Não serei nunca a luz da sombra fugidia:
Minha alma acredita num Deus afim...
Estará comigo até à agonia,
Na exaltação do amor, dentro de mim!
Modesto
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
O CARRO DE BOIS
Brilha no céu escuro o primeiro lampejo
Da aurora. Começa o trabalho com arte!
Ao cimo da serra, o sol já dá o seu beijo
E o horizonte pinta-se de escarlate.
No doce amanhecer, vibra suave arpejo.
O meigo clarão, no oriente, de ouro mate,
Tinge no cariz do céu leve rubor com pejo,
Qual tinta que na tela húmida se dilate.
Animam-se nas árvores cantos matutinos,
Cantam os galos, mestres dos ermos campesinos,
Os campos e os montes luzem no seu fulgor.
Encangados os bois com canga em couro segura,
Segue o chiar do carro na sua faina dura,
Vai pelo carreiro entre os campos em flor!
Modesto
terça-feira, 18 de novembro de 2014
UM SUSTO AO LUAR
Noite, céu estrelado, murmúrio brando.
De trás da serra, quase insensivelmente,
A lua estende o seu manto, clareando
A colina e a solidão ambiente...
No alto, está a neve branca luzindo,
A lua plana no grande céu dormente,
A Via-láctea acende, refulgindo,
Estrelas, ao milhões, brilham docemente...
Tudo dorme! Há, p'lo espaço, aroma
Forte a bodum. Duma baixada assoma
Um vulto sombrio, à luz da lua cheia.
Ao vê-lo, o meu instinto é fugir!
Mas ele, com um urro, foge, por sentir
Que nesta clareira, o luar o prateia...
Modesto
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
TENHO UM TESOURO IMENSO
Tenho um tesouro imenso
Que queria proclamar a toda a Criação:
Amo o Meu Senhor que tem amor imenso
E quer ver cada homem Seu irmão!
Mas, o mundo está cego
E deste amor não tem necessidade!
Há ainda quem O ame, não nego,
Mas são uma raridade!
Deus quer precisar de amor:
Eu, pobre de mim, não Lhe dou o que Ele pede:
É grande o suplício, Senhor...
Eu vivo ao de leve
E não consigo,
Com a minha força, encontrar amigo
Que me siga e a Ti o leve,
Para viver no Teu amor.
Sou demasiado pequeno
Para chamar o meu irmão
E os meus amigos levar a Ti pela mão...
O mundo não Te quer amar!
Mas eu vejo
Jesus passar
Em cortejo
E um cego curar,,,
Vou seguí-Lo:
Ele vai-me curar!
Quero que tudo veja
Que O vou seguir em comunidade de Igreja!
Irei a trás dos que Te seguirão,
Serei o último e peço perdão,
Sou pequeno, mas chamarei a atenção
De que todo o homem é meu irmão.
Modesto
domingo, 16 de novembro de 2014
PELA TARDE, O ECOAR DOS SINOS
Vai caindo o sol para o poente,
Vem a sombra em véu, a noite cai!
Soa pelo espaço tristemente
Um sino qu' em lágrimas se esvai,
Com seu tom soturno e padecente,
Num ar choroso, ecoando vai.
E aquele tom triste e plangente
Que ressoa no meu coração,
É como se fosse um sol poente
Roxo que se esconde no chão...
E a solidão afunda e sente
Qu' a vida não passa de ilusão!
E, ao lusco-fusco, suavemente,
Outro sino toca mais devagar:
Já é um som doce e abrangente
Que parece que nos vem convidar
Para ir contemplar o sol poente
E ver o nascimento do luar!
Modesto
sábado, 15 de novembro de 2014
UM DIA À BEIRA DOURO
Nunca m' esquec' a beleza, a poesia
Da beira rio, verde, ao sol radiante!
Dias que passei repletos de alegria,
Na minh' adolescência em flor... distante!
O bonito rouxinol cantava, corria,
Como ia a cheia atroz, p'la vazante.
A safra da abelha lesta embebia
O ar a cheirar a mel puro e fragrante.
A encosta verde seu vulto delineia,
Praia fúlvida, ao sol, água ondeia,
O canavial, além, num belo pendor...
Contemplo d' alma inerte, lânguidos músculos,
Acender-s' o poente de rubros crepúsculos
E a baixar o luar todo esplendor!
Modesto
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
LIBERTA O ESPÍRITO DA ILUSÃO
Inútil procurar a salvação no gozo,
Na glória e ou na riqueza dourada.
Da vida de fruição - fumo vaporoso -
Tudo se foi! E da vaidade, ficou nada.
O viver mais feliz é o mais desditoso,
Pois, termina sempre numa falaz jornada...
E, cedo ou tarde, o dia temeroso
Faz adormecer sob a argila gelada!
Que resta à flor da santa sepultura?
E o que foi feito da famosa riqueza?
Só a lápide solitária, obscura!
A lição da vida é a Cruz invencida,
Símbolo do sofrer... amar a Natureza
E amar a Deus que da morte nos dá vida.
Modesto
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
TARDE CINZENTA
Estou sozinho, no meu quarto, na penumbra,
Um claustro onde a tristeza é o monge...
Olho pela janela, meu olhar vislumbra
Um céu cinzento...aves voando ao longe.
Tarde viúva de sol,sem azul celeste,
Razão para ver a paisagem que magoa.
Parece que o dia de luto se veste...
Não admira que a chuva pareça boa!
E, vens tu, tristonha e toda embuçada...
Ai, quem te viu de azul e ouro toucada,
'Inda circulas como esplendor de gala!...
A sós, no quarto, em tristeza diluída,
Grita, no silêncio, ave foragida,
Entra p'la janela! É azul vivo d'opala!...
Modesto
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
GRAÇAS A DEUS!
Graças, Meu Deus, pelos Vossos Dons e Amor
Com que incessantemente me cumulais!
Iluminais-me, como o sol em fulgor!
Por eles, o caminho certo m' indicais.
Eu Vos dou graças por me haverdes criado.
Deste-me a vida por Teu puro Amor!
Eu estou por Vossas marcas assinalado,
Chamastes-me à fé cristã, Meu Bom Senhor!
Graças, Meu Deus, pelas Vossas inspirações,
Com que a Vossa Vontade me quer encher,
Pelas interiores iluminações
Que o coração sente, sem saber dizer.
Graças, Meu Senhor, pelos Vossos Dons sem conta,
Com que cumulastes a vida sem cessar.
Gratidão p'lo fulgor terreno que desponta,
Já, de manhã, a Vossa glória vou cantar.
Modesto
terça-feira, 11 de novembro de 2014
VERÃO DE S. MARTINHO
Não há verão de S. Martinho,
Neste clima intemperado!
Há dias com nevoeirinho
E castanheiro molhado!
Esperava um céu azul,
Pra ter uma tarde dourada...
Mas o sol fugiu par' o sul:
Não pod' haver castanh' assada!
Como ainda temos flores
Bem coloridas e formosas,
Pudemos encher de favores
S. Martinho of'recer rosas!
Mesmo não havendo castanhas,
Inspiro-me a versejar...
Par' o ano serão tamanhas,
Vamos assá-las a cantar!
Modesto
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
SUBIR À MONTANHA
Arrojado, intrépido, ele procura
O alto do mont' abrupto. Já vai a meio!
Pára, contempla a desmedida altura,
Vê, à distância, aldeia donde veio.
E sobe, sobe mais a montanha, escura
P'lo nevoeiro que tornou o abismo feio!
E continua - entusiasta bravura!
Mas, não deixa de em seu peito, ter receio.
No alto, a glória, a conquista... Sonho
Efémero e fugaz, mas bom e risonho,
Vai prosseguir a escalada bem medida.
Pára, contempla o horizonte, olhando
A maravilhosa paisagem! Vai rezando...
Subir à montanha, alegra-se a vida!
Modesto
domingo, 9 de novembro de 2014
HOJE FAÇO ANOS
Hoje faço anos. Oh! Quem me dera
Ser todo poderoso e mandar
O céu s' encher d' azul, de Primavera,
Paisagens floridas, o sol raiar...
Quem dera ter poder pra, neste dia,
Regressar àqueles anos em flor,
Cobrir de flores tod' a serrania
E voar sobr' elas com meu amor.
Pudera mesmo ir ao Oriente,
Trazer perfumes, calma e... sorrir!
Correr pelos campos ao sol ardente
E deixar tud' em jardim a florir.
Mas o que mais queria... Ai! Quem me dera!
Ter todos os meus, num ramo de flores,
Dar-lhes o esplendor da Primavera...
Estais no meu coração, meus amores!
Modesto
sábado, 8 de novembro de 2014
SAUDOSO IRMÃO ANTÓNIO
Tu que vias tudo pelo coração,
Perdoavas, esquecias facilmente
E eras com todos sempre complacente...
Que estejas em paz, venturoso irmão.
Tinhas a graça como inspiração,
Amavas, dividias, davas ... contente,
Bondade qu' espalhavas, 'inda se sente,
Eras natural na tua compaixão.
Com' um pássaro, a maviosidade
Da tua voz cantava num belo tom
E consolava ouvir-te... Que saudade!
Deus, em Sua graça, concedeu-t' um dom:
De concentrares a vida na verdade...
Até creio que tu já nasceste bom!
Modesto
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
ÉS A MINHA FONTE
Mergulho em ti, como numa nascente
Sequioso, vou a sede saciar.
Tens na tua alma ternura clemente,
Eu, no corpo, o desejo a jorrar.
Fonte do amor, dás-me suavemente
Água fresca que transforma o meu ser,
Água qu' é mistério surpreendente,
Torna-se num auspicioso prazer.
Minh' alma entranha-se em ti contente
E meu corpo... Sinto-o a transpirar.
É como se bebesse numa torrente,
Cada vez mais se molha no salpicar.
Não há melhor água, font' apetecida,
Nem néctar fresco e límpido assim!
Fonte do amor és tu, minha querida:
Deus, em Seu Amor, fez-te nascer pra mim!
Modesto
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
ALICERCES DE FORMAÇÃO
Na firmeza e confiança se apura
O valor da alma, superioridade...
É no esplendor da força ou da ventura
Qu' o homem mostra a sua qualidade.
Na árdua batalha, na refrega dura,
Na força do trabalho ou adversidade,
É que mostra se é ou não sombra obscura,
Longe do mundo vil, perto da Divindade.
Para vencer é preciso municiar-se
Da tenacidade humilde, silenciosa
Do alicerce: O tudo pra educar-se.
É ter confiança e seus fundamentos,
Ond' assenta a edificação formosa,
Para desafiar a fúria dos ventos.
Modesto
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
A PALAVRA AMOR
A Palavra Amor, na Sagrada Escrita,
É superior ao tempo e à distância.
Ela sempre será a palavra bendita,
A única que sacia a nossa ânsia.
Fora dela, em vão o 'spírito s' agita
Em devaneios de glória ou arrogância.
E só ela tem a amplidão infinita,
Só ela nos torna firmeza e constância.
Longe do seu influxo, ódio somente!
Ela, no seu total ser, gera alegria,
Unidade, compreensão e harmonia.
Deus no-la ensinou pra, por ela, subirmos,
Com ternura e paz aos insondáveis cimos,
Onde a Luz-Amor não tem noite nem dia!
Modesto
terça-feira, 4 de novembro de 2014
DESLUMBRANTE PANORAMA
Quem vai do Porto, procurando minhas terras,
Antes de lá chegar, galga mont' elevado,
Donde avista os campos, rios e serras,
Aldeias com vivacidad' em tod' o lado.
É ele, o Monte de Arados, que descerra
Lindo panoram' aos viajantes cansados.
Numa doce visão, o Monte encerra
Restos de história, trechos palmilhados...
Monte de Santiago, de ti 'inda vemos
A iminência em que, com claridade,
Nos mostra o tempo, nos seus longos extremos...
Pureza d' infância, ardor da mocidade,
O suave fulgor dos momentos supremos...
Daqui se revive esp'rança e saudade!
Modesto
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
MOMENTOS DE TERNURA
Quando, em horas de ternura,
Recostas teu rosto em mim,
Fecho os olhos com doçura,
Num sonho lânguido, sem fim.
A tua voz torna-se linda,
Doce e carinhosa, assim...
Tua face rosada, ainda
Se tinge de leve carmim!
Sem palavras, sinto apenas,
Qu' esqueço este mundo ruim...
São horas tão doces, serenas,
Quando vens pró pé de mim!...
Modesto
domingo, 2 de novembro de 2014
DA TRIBULAÇÃO À GLÓRIA
A morte passeia-se p'lo firmamento,
Chora como voz dolorida das fontes,
Fala enternecida como o vento,
Atravessa ribeirões, rios e pontes.
Vem envolvida num capuz cinzento
E saltita pelos píncaros dos montes,
Esconde-se na sombra, a passo lento,
Espreita a terra e os horizontes.
Abre lúgrebe sudário da treva,
Na solidão do manto que se eleva
E, com isto, faz um vestuto altar.
Vem fazer do dia um sombrio rito...
Mas a ' strela aparece no infinito!
Um dia triste? Não! Nós vamos mudar!
Modesto
sábado, 1 de novembro de 2014
A ALMA EM VOO
Hoje é dia da alma pegar voo,
Abrindo asas, p'lo infinito fora.
Pelos meus antepassados, eu revoo,
Rompendo espaço, ao nascer d' aurora.
Quando o passado, a sós, eu remoo,
Esse passado já distante, agora,
O meu coração recorda e ecoo
Os diálogos com que vibrei outrora.
Saudade é a viagem que fazemos
Ao céu, visitar companheiros de vida
Qu' há muito não vemos, um dia veremos...
Com'é bom esquecer a realidade,
Como águia de asa estendida,
Mergulhar no infinito da Verdade!
Modesto
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