terça-feira, 31 de janeiro de 2012
O CAMPO É POESIA
O campo puxa-me prá poesia,
As flores são as musas que m'inspiram,
Seja boa ou má a fantasia,
Há poemas que do campo surgiram.
São bem-me-queres temas dos meus versos,
Mirando aquele céu azulado
E com os pensamentos mais diversos,
Versejo, quando estou inspirado.
Mas não estou só: 'Stou com minhas musas
Que se juntam a mim pra m'inspirar.
Às vezes trazem ideias confusas!
Então, tenho qu'as descodificar.
A vida é viveiro de tormentos,
Mas muita coisa bela tem pra dar
E são bastante férteis os momentos
Que dá vontade do campo amar.
Modesto
AO NASCER DO DIA
Nasce o sol, vem beijar as montanhas,
Seus raios despertam a madrugada,
Novo dia irrompe das entranhas
E faz cantar toda a bicharada.
Camponês, com enxada e gadanha,
Leva sementes prá terra lavrada,
Com duro trabalho, o dia ganha
E espera p'la espiga dourada.
É um novo dia! E cada vez
Mais se atarefa o camponês,
Porque é lavrador e operário.
Distribui pelos seus o pão que fez,
Com dois ordenados é um burguês!...
Bem caro lhe fica outro salário.
Modesto
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
A RAIZ DA MISÉRIA
Já não ouço a flauta dos pastores,
Que bem tocavam, mas estão cadentes,
Só vejo campos férteis sem sementes
E árvores velhas que nem dão flores!
Foi-se a agricultura, Senhores!
Acabaram os amores ardentes
Pelos campos que eram os docentes
Das crianças pelo amor aos labores...
Hoje, até o rouxinol suspira,
A boieira, na lavra, já não pára,
A vida, n' aldeia, já não é gira!
Que triste campo em manhã tão clara!
Colhia frutos, mas hoje nada vira,
Mais tristeza a terra me causara!
Modesto
domingo, 29 de janeiro de 2012
A NATUREZA ALIMENTA A VIDA
Nuvens carregadas passeiam p'lo céu,
Derramando as lágrimas da tempestade.
A sementeira põe os seus grelos ao léu...
Brisa suave anuncia suavidade.
Acalmad' a paisagem, há sol a sorrir,
A Natureza encena suas facetas...
Nas montanhas, arco-íris a reluzir
E já os pássaros cantam como trombetas.
A Natureza edifica o viver,
Produz alimentos para todos comer
E não há fome, se se souber dividir.
A riqueza natural é pra ajudar,
De mãos unidas, a todos alimentar
E, s'houver justiça, não se vai esvair!
Modesto
O IDIOMA QUE TODOS ENTENDEM
Deus não se conforma
Com este projecto egoísta
E de morte que o mundo informa
E o torna esclavagista.
Deus quer projectos de liberdade,
De vida plena, de felicidade!
E enviou o Seu Tradutor
Que escolhe quem O anuncia,
Como plano libertador,
Que renova e amacia
O sempre renovado Amor.
Deus convida o homem a ter prioridades,
A fazer escolhas nas suas realidades
E a comprometer-se na união
E no serviço ao irmão.
Jesus anunciou a Mensagem de Amor
A toda a humanidade.
E nós devemos incarnar esse Amor
No coração da comunidade.
Este é o idioma universal da fraternidade:
O Amor.
Modesto
DESCER RIO ABAIXO
Eu tinha um sonho, um pensamento manso:
Descer o rio, apreciar os outeiros...
E que o rio se convertess'em remanso
Para poder parar à sombra dos salgueiros.
E prá minh'alma dizia: Vou... vou e me canso
A remar nas correntes, escolhos saltar...
Fui... Passei a tormenta! Preciso de descanso,
Gozar a beleza e, em voz baixa, cantar.
Era a minha ilusão, mas era serena:
Curava meus males, m'alegrava a pena,
Com o reflexo e a sombra do lugar.
E a minh'alma me dizia: Vê, escuta, sonda:
Há lírios na margem, estrelas... A onda?!...
Alguém vem ao teu encontro pra te amar!
Modesto
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
PORTUGAL A RENASCER
Amor, contínuo amanhecer,
Em campos com a terra semeada.
Quando deles desfolhar... vamos ver
O amor em paisagem matizada.
Progresso virá! Há-de renascer
Nova luz, nova paz, novo sentido
Para a vida que 'stamos a viver...
Nascerá um amor enternecido.
Todos o vêem. Todos o recordam:
«Palavra d'honra»: Todos concordam.
É amor fraterno, quase divino.
Os homens voltarão a ter amor,
Farão dele um poema em flor
De mão na mão, como em pequenino.
Modesto
A ÚLTIMA FLOR DO MEU JARDIM
Hoje morreu uma flor! Uma flor que era
De doce aroma e pétalas fragrantes,
Como aquelas que só se dão aos amantes
E que nascem sigelosas e em quimera.
Fiquei triste, porque flor bela como ela,
Já não se cultiva num pequeno instante.
Sofro e sinto falta da agonizante,
Como se fosse a antiga Caravela.
Finou! E que beleza de flor er'aquela!
Das do meu jardim, era a mais inocente!
Ela foi-se! Mas ficou dela a história!
Pesa-me! Porque a perda de flor tão bela
Fez o meu jardim transformar-se de repente!
Agora, guardo-a na minha memória.
Modesto
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
SONHO
É p'lo sonho que o mundo avança!
Mas o mundo dos sonhos está exausto.
O homem perdeu-lhe a confiança
E vive com as ideias de Fausto.
O sonho é sublime e fecundo,
Vive do perfume, da luz... do hausto,
Atinge o imortal dum segundo
E entrega tudo em holocausto.
O sonho é amor, belo, esplêndido:
É função do homem, não da fera!
Nesta vida, é o melhor compêndio.
Está na visão que imaginou.
É no amor que ele mais espera...
O mundo 'squeceu... ou lá não chegou?!
Modesto
SENTIMENTOS
É por ti que me encanto,
E por ti vivo e sonho.
É por ti que sofro tanto,
É por ti que me exponho.
Por ti é que me desvendo,
Me arrisco no que faço:
Componho versos e vendo,
Parecendo ser palhaço.
É por ti que fico louco
Com esse teu jeito meigo,
Me embriago um pouco
De amor... Pareço leigo!
É por ti qu'a poesia
Ajuda meu crescimento:
És humana n'alegria,
És deusa no sentimento.
Nunca serás esquecida,
Enquanto eu viver:
Serás sempr'apetecida
Num terno entardecer.
Modesto
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
POETAS, POR ONDE ANDAIS?
Já não sentem a beleza da montanha,
Já não desbravam os morros, com'outro dia...
Já não apreciam as teias d'aranha
Nem ouvem os cantares da cotovia.
O chão já não fica pejado de rosas,
Os campos já nem servem prás sementeiras...
No céu não vêem estrelas luminosas,
Noites de luar não têm cavaqueiras.
Partiram no fogo das suas trovas,
Passaram noites e dias... mas sem provas
Da poesia com rima e com métrica.
Choram, cantam. amam... com os seus poemas
E morrem cantando amores sem lemas,
Com frases prosaicas... d'alguma poética.
Modesto
O CREPÚSCULO NA MONTANHA
Num céu brilhante, um poente de fogo,
Entr'auréolas brilhantes, o sol dormia.
As serranias douradas fazem jogo
Do purpúreo sol que se escondia.
O painel luminoso do horizonte,
Como cândidas velas alumia.
O reflexo da tarde não nos esconde
D'aventura que vivemos nesse dia.
É vermelho de sangue o céu da noite,
A luz do crepúsculo se faz afoite,
Onde as nuvens do céu voam dormindo.
As aves vão prá sua mansão dourada,
Como nau de glória esperançada
Num novo dia que logo vai surgindo.
Modesto
PIROPOS DE AMOR
Teu sorriso de crisol
Mostra nobres sentimentos,
És poesia aos ventos
Em tardes de arrebol.
Cabelos em caracol
Ressaltam teus pigmentos
Em baloiços de momentos,
Brilhando à luz do sol.
És pérola rutilante
Com olhos de diamante...
No seio, belos corais.
Como ninfa me fascinas
Com carícias divinas...
Resplendes como cristais.
Modesto
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
SUAVE AMANHECER
Que teu amanhecer seja encantador,
Como a magia das fadas a dançar.
Que o teu dia seja tão sonhador,
Como as mais lindas noites de luar.
Que os teus desgostos sejam tão pequenos,
Como a menor gota d'água do mar
E os teus caminhos sejam tão amenos,
Como sonho dum rio a deslizar.
Que as tuas angústias sejam tão poucas,
Como, agora, aves raras - as poupas -
Qu'alegravam as manhãs com seus poupinhos!
Tenhas fantasias de docilidade,
Com alma cheia de sensibilidade...
Que um Anjo ilumine teus caminhos!
Modesto
domingo, 22 de janeiro de 2012
VOAR PELO AMOR
Vou elevar-me, mas com algum receio...
Vou voar e sonhar perpétuamente,
Enlevar-me nos horizontes! Anseio
Ser diferente, no meio desta gente.
Vou ter o sorriso como passatempo,
Vou construir pontes sobre a escuridão,
Vou voar até ao amor, todo o tempo...
Da pureza das fontes, vou dar lição.
Vou procurar, sem medo, ser uma luz,
Passar tempo a suavizar a cruz,
Fazer qu'os corações sintam alegria.
Vou, p'lo Céu d'anil,à procura d'amor,
Despertar auroras, suavizar dor...
Vou ser farol duma vida d'harminia.
Modesto
sábado, 21 de janeiro de 2012
PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA MARIANA

No dia em que nasceste,
Anjos cantaram um hino
Harmonioso com’este:
«Glória ao Deus Menino»
Eram anjos transparentes,
Contigo a brincar no céu,
Anjos puros, sorridentes,
Beleza que Deus te deu.
Jamais ficou longe de ti,
Anjo da felicidade.
Desceu, ficou junt’a ti,
Pra tod’a tua idade.
No primeiro aniversário,
O Anjo prendas te deu,
Alegrando solidário
A festa qu’aconteceu.
É o Anjo da Guarda:
Brilha em luz ao teu redor!
Que sejas abençoada
E vivas cheia d’amor.
Parabéns, minha querida,
Que Deus t’acompanhe sempre,
Te dê uma longa vida,
Com saúde por presente.
AMO A VIDA
Amo a vida real,
Fascinante, incomparável...
Natureza sem igual,
Procura insaciável.
Do lugar donde provém:
Nuvens, céu, lua e mar...
A beleza se detém,
Como sonhos pra sonhar.
Procuro felicidade:
Fantasias cultivadas
E, usando a bondade,
Ficam tão valorizadas!
E... ao ver o despertar
Do amor sinceridade:
Paisagens, lua e mar...
Dão-me a felicidade.
Já se foi a juventude,
Mas é possível sonhar
Que beleza e virtude,
Aind'é bom procurar.
Como definir a vida?
Viver, olhar, provocar
A beleza definida
Em Deus que quero amar.
Modesto
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
CONTAGEM DO TEMPO
Deus, por certo, vai pedir-me contas do meu tempo
E eu, de certo, não vou saber dar-Lhe as contas...
É que eu gastei, sem conta, tanto do meu tempo,
Como poderei, sem tempo, dar-Lhe tantas contas?
Do tempo que me foi dado, não quis fazer conta:
Gastei-o, sem olhar ao tempo, em passatempos!
Eu sei, qu'enquanto tinha tempo, fiz de conta...
Agora, pra acertar as contas, faltam-m'os tempos.
Ó Vós, que na eternidade, não contais tempo,
Ajudai-me a tomar bem conta do meu tempo,
Pra que eu, naquele dia, possa prestar contas!
Vivi tod'a minha vida a contar o tempo:
Sempre apressado e, pra Vós, não tinha tempo,
Misericórdia, ajudai-m'a acertar contas!
Modesto
RECOMEÇAR
É sempre tempo de recomeçar,
Podemos sempre abrir nova porta,
Os nossos compromissos renovar,
Ter novos sonhos qu'encham a aorta.
Abre portas sem medo d'enfrentar
As adversidades que te levantam:
Tens razões pra poder acreditar,
Como tantos que caminham e cantam.
Ench'a alma de fé e d'esperança
E em novas aventuras avança
No caminho que lev'à liberdade.
Tem a simplicidade da criança,
Sê firme, resoluto... na mudança:
O prémio será felicidade.
Modesto
RENOVAÇÃO
Quero ser como quando nasce o dia,
Quero ser novo, puro, cristalino,
Desfazer a velha demagogia,
Ser alegria dum céu estrelino.
Cada manhã ser rosa em botão,
Surgir com'aurora no oceano,
Reviver a manhã da criação,
Ser sorriso aberto tod'o ano.
Engrinaldar o dia renovado,
Abrir asas em demanda do sol,
Chamar novos amigos pró meu lado.
Crer que surgirá uma nov'aurora
De felicidade pra ser farol
A guiar-me à criança d'outrora.
Modesto
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
AMOR É VALOR
O amor é para se entender.
Ele também é para se sentir.
Amor é para dar e receber,
É para eternamente servir.
Está na busca da belez'int'rior,
Toda a gente o pode encontrar.
Vive na suavidade da flor,
N'alegria de se realizar.
Sim! O amor vive na humildade,
Dá-se a toda a humanidade,
'Stá na verdade. Não tem perdedor.
Tem sempre present'a qualidade,
Desfaz toda a negatividade,
Tem pensamentos d'alegre valor.
Modesto
NÃO PODE HAVER SOLIDÃO
Áureos tons da Natureza,
Paleta nas Mãos de Deus!
Tanta cor, tanta beleza,
Preenche os olhos meus!
Não sinto a solidão,
Ao olhar pró horizonte,
Natural imensidão
Apresenta-se de fronte!
Tenho sol pra m'aquecer,
Por companhia, estrelas,
Plêiades belas do Ser...
Vivo na presença delas!
Crepúsculos com magia,
Colorido belo, breve...
Divino toque irradia
E torna minh'alma leve!
A paisagem tem magia,
Os seus tons são uma bênção,
Profusão de alegria,
Obra-prima em presença!
Imagens de mil palavras,
Como nos jardins em flor:
Camponês nas suas lavras,
Sementeiras de amor!
S'houvesse delicadeza
Na alma, bem e bondade,
Neste mundo de beleza...
Oh! Solidariedade!
Modesto
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
VIVER É AMAR
Quantas vezes pensamos em desistir
Do ideal, dos sonhos ou do caminho...
Batemos em retirada, sem pedir
Ao amargo coração, carinho!
Pelo peso da responsabilidade
E sem encontrar com quem a dividir,
Sentimos a solidão e a saudade...
Sozinhos, choramos em vez de sorrir.
Quantas vezes lutamos com sensação
De que uma lágrima teima em cair,
Na hor'em que nos of'recem consolação,
Vamos pra casa pensando em desistir.
Quantas vezes queríamos ser mais fortes,
Pedimos um pouco de força e luz...
Vemos um largo sorriso nos transportes,
Um olhar, gesto de carinho: Jesus!
E insistimos em não acreditar,
Em não deixar transformar o nosso ser!
E Deus... insiste em nos abençoar,
Mostrando-nos o caminho do dever.
Todos temos, no mundo, uma missão:
Sermos felizes, aos outros dar valor,
Sermos amados e, com convicção,
Reconhecermos qu'a vida é amor!
Modesto
domingo, 15 de janeiro de 2012
O RENASCER DE PORTUGAL
Na vida da nossa sociedade,
Quando, no seu despertar, renascer
O amor com sincera amizade.
Quando o Novo Sol iluminar
A sua cruz com fé e com sentido,
Uma nova fase vai começar
E viverá d'amor estremecido.
No seu espírito nascerá
O Amor qu'a todos recordará
O abraço que na Cruz Ele deu.
Será bem-vindo ao mundo doente,
Entrará no coração desta gente
Que olhará, feliz, para o Céu!
Modesto
UM OLHAR PENETRANTE
Cruzaste o meu caminho...
Nada tive pra dizer.
Mas o teu olhar mansinho
Penetrou bem no meu ser.
Eu segui o meu caminho,
Mas jamais pude esquecer
Aquele olhar piscadinho
Que se gravou no meu ser.
Procurei profundamente
De quem er'aquele olhar:
Entraste na minha mente,
Ficaste lá a morar.
Implorei por esse olhar,
Tu falaste ao meu ser:
- Também vais assim olhar,
Quand'o amor florescer!
Modesto
sábado, 14 de janeiro de 2012
INVERNO COM ALEGRIA
Junt' à janela vejo a chuva cair
E molhar tud'o que a minha vista alcança:
Refresca a Natureza... também quero ir
Saltar as pocinhas, brincar como criança.
Aprecio o ambiente refrescante,
Rodeado de sentimentos de sossego
Que me permit' um concentrar efusivante
Na água que vai correndo pelo rego.
É Inverno, vou acender a lareira,
Ficamos juntos em amena cavaqueira,
Tempo pra viver, recuperar energia.
Faço o que com calor não posso fazer:
O Inverno é bom para se conviver...
Nesta época, também se vive a alegria!
Modesto
SOU TODO TEU, SENHOR
Meu Amado Redentor,
Eis aqui meu coração!
É todo Teu! Por amor,
Concede-m'a Tua bênção.
Eis também minha vontade!
Este é o meu desejo:
Proclamar Tua Bondade
A tod'o Homem que vejo.
Outrora fui rebeldia,
Ofendi-T'através dela.
Hoje lamento! Queria
Dar-te primazia bela.
Energias despendi,
Perdi a Tu'amizade!
De tudo m'arrependi:
Eis aqui minha vontade!
Que hei-de fazer, Senhor?
Diz-m'o que queres de mim,
Dispõe de mim, por favor,
Faz de mim Teu benjamim.
De tudo aceitarei:
Eis aqui o meu espírito!
É todo Teu! Guardarei
Tua Lei: Sejas Bendito!

Modesto
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
O MEU BOM AMIGO
É bom que eu sinta a amizade:
Ajuda minha fraqueza infinda!
Sem Lhe pedir, exerce caridade,
Faz bem e não se contenta ainda.
É Ele que m'escora no caminho,
Traz a paz e a aventura boa,
Reconforta das quedas, com carinho,
Procura-me, auxilia, perdoa!
Faz-me ver o melhor e o perfeito,
Ensina a servir sem notar defeito,
Percebe o anseio de melhora.
Sana os erros e queixas que faço,
Conduz-me pelo bem, passo a passo...
Fica, ampara... Não Te vás embora!
Modesto
POETA DO RESPLENDOR
A fonte da inspiração é a Beleza,
Nela me sinto grato pela reflexão,
Testemunho que Deus criou a Natureza
Para podermos estar em contemplação.
Teologia da beleza percebida:
Tensão, presença imanente à Criação.
A noção de beleza é apreendida:
Imagem da "Sarça-ardente", oração.
A dinâmica do cosmos é a beleza,
Aspiração aberta a todos os seres.
Homem-poeta do 'splendor da Natureza,
Co-criador do belo, com seus afazeres.
Conhecendo a Criação em plenitude,
Cantando a Beleza do Meu Criador...
A gratuidade do Amor é juventude,
O diálogo com o Belo é Amor.
O Poder Divino contém o Universo,
P'la Natureza, contempl'o Divino Belo,
P'la ascética reconheço o qu'é diverso...
Poeta do resplendor é tud'o que anelo.
Modesto
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
PASSEANDO PELA SERRA
Na íngreme serra de trilhos escarpados,
Vi a pastora qu'entrou no meu coração
A serpentear por rumos alcantilados...
No seu silêncio, senti grand'emoção.
E, nos pedregosos canteiros sobranceiros,
Eu vi sua face, apesar da neblina.
Seus olhos pareciam penhascos inteiros,
Deles caiu uma lágrima cristalina.
- Estás tão triste, menina, silenciosa,
Coroa da criação, alma primorosa,
De corpo bem feito, de olhos encantados!...
Deixa que te beije, ó boca saborosa,
Participe da tua beleza briosa!...
Pois, perto do Céu, seremos abençoados!
Modesto
TRABALHO NO CAMPO

O trabalho no campo é duro mas bonito:
O canto das aves, o contacto co'a Natureza...
Há reunião, há canção, há tradição, há rito,
Formas de lazer variadas, de rara beleza.
Segundo o costume, homens e mulheres, à noite,
Vão, em grupo ordenado, ao sítio escolhido:
Chega a música, tem início o bail'afoito,
Todos saúdam as moças com o novo vestido.
Os amigos, velhos e novos, todos vão dançar.
Até ao raiar do dia, não há gente cansada.
Tod'a noite é rodopio, não param de cantar,
Logo de manhãzinha, recomeçam a jornada.
Ao pequeno almoço, já há coros a cantar
E há grande alegria, na casa do Lavrador:
Trabalho duro, comida farta pra compensar.
Quer faça sol ou chuva, trabalho é o valor.
Os versos exaltam a Dona e a sua roca
Que fia o linho pra fazer lindas toalhas,
Ao desafio, poemas passam de boc'em boca,
Todos trabalham até chegar ao pé das muralhas.
Entre o gesto e o desejo, subsiste a tradição,
Mesmo cansados, vão cantando a sua vitória.
Na hora da sementeira, espalha-se o grão,
Mantém-se a identidade e sua história.
Modesto
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
DESALENTO
Fui prá aldeia com trabalho pra fazer
E fí-lo com bastante desenvoltura.
Voltei-me para trás pró trabalho ver,
Constatei que 'stava à minha altura.
O 'spírito não permite hesitação,
Mas o cansaço vai forçand'a vontade;
O instinto revolta-se da sujeição
De 'star dependente de necessidade.
O rosto receb'o reflexo da luta,
Alternando com diversas expressões,
Mostrand'o excesso de dor da labuta,
Assumind'os desalentos e exaustões.
Então, interroguei-me com comoção:
Recolherei os frutos deste terreno?
Cocei a fronte branca de sessentão,
Senti a passagem d'Outon' ao Inverno!
Modesto
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
DESLUMBRAMENTO SERRANO
Na montanha, mora a musa que m'anima,
Pela claridade da luz e beleza.
Viver na montanha, ir até lá cima,
É pura alegria e sincera estima,
Na intimidade com a Natureza.
Subir a montanha é um belo quadro:
A lírica excursão de liberdade.
No sopé, de admiração não ardo,
Nem sei desenhar a compasso e 'squadro:
Lá cima, desenha-se paz e verdade.
Lá nasce um ribeiro, abundam ramagens,
Belo funcho cresce, seu aroma apraz,
Crescem ervas qu'alimentam as pastagens,
Refrescam os rebanhos, não são miragens...
E o silêncio qu' a serra nos traz?!...
As colinas brilham, qual lugar sagrado,
Belo com'oásis de salubridade.
Os pastores na mão levam seu cajado,
Guiam o rebanho que vai a seu lado...
Um belo quadro que me deixa saudade.
Modesto
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
À PROCURA DE UM OÁSIS
Canseiras, trabalhos... a vida é tão fria!
Tocada, trilhada... já não a percebo.
Há marés em que parece utopia,
Outras, sopro d'esperança que recebo.
Há dias em que aparece a saudade,
Outras em qu'àlegria bate à porta.
Acordo, de manhã, tud'é claridade,
À tarde, à escuridão se reporta.
Mas fico alegr'ao ver que no meu peito
Ainda há consolação a respeito
D'ansiedade não me deixar quebrar.
Vou até ao campo sorver a aragem,
Olho o horizonte, observ'a paisagem
E regresso pronto pra continuar.
Modesto
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
ORGULHO DE SER SERRANO
Nasci à beira do Douro,
Cresci na casa da serra,Vivi infância d'ouro,
Amei sempre a mina terra.
A casa era velhinha,
Mas tinha boa lareira.
Gostava duma vizinha...
Brincávamos numa leira.
Quando chegava a noite
Ou se 'stivess' a chover,
Acendia-s' a lareira,
Para lá nos aquecer.
Éramos todos amigos
E era bom conviver!
Havia sempre motivos
Para contos descrever.
E cada um lá contava
Um pouco da su'história.
Bem atento, escutava:
Muitas tenho na memória.
Eram tantas as histórias
Qu'havia na minha terra!
Contavam-se belas glórias
D'idas ao alto da serra...
Modesto
COLINAS NEVADAS
Cai neve devagarinho
Tão branca, dá gosto vê-la,
Pois fica tudo branquinho...
Cada floco, é estrela!
É um quadro natural:
Branquinha fic'a ramagem
Das árvores, sem igual,
Abrilhantam a paisagem!
As colinas vão ficando
Pouco a pouco transformadas,
Porqu'o sol as vai mudando,
Prá cor do rio: Douradas!
Recolho o meu rebanho
Que guardava no monte
E vejo encanto tamanho,
Ao olhar pró horizonte!
Na montanha fui feliz,
Mesmo em noites de breu:
'Inda sinto na matriz,
O viver perto do Céu!
Modesto
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
DEUS... ONDE ENCONTRÁ-LO?
Quis voltar a adormecer...
Lembrei-me: É mais seguro
Ver o belo amanhecer.
Saí para a brisa fria,
Fui para a relva molhada,
Apreciei a alegria
Do acordar da bicharada.
'Inda vi belas estrelas,
O extenuar do luar.
Constelações qu'ria vê-las,
Mas 'stavam-se a apagar.
Vi tud'o qu'a Natureza
Nos pode proporcionar.
Procurei Deus na beleza,
Certo qu'O ia encontrar.
Olhei bem pra tod'o lado:
Vi meu próximo acordar
E o belo reino alado
Se pôs todo a cantar.
Ouvi bem o que dizia:
"Ele 'stá dentro de ti!"
Sintam a minh'alegria:
Percebi o que ouvi!
Tud'o qu'o mundo nos dá
É a medida do Amor:
Ele em noss'alma 'stá,
Louvemos o Criador.
Modesto
TARDE DE INVERNO
Numa tarde cinzenta a chuviscar,
Abriguei-me na ramagem espessante,
Fugi ao vento qu'era d'arrepiar
E me açoitava de forma ultrajante.
Cai neve que torna espesso o lugar
E eu não tinha nada pra m'aquecer,
Nem um cachecol para m'agasalhar...
No meio dos ramos me fui esconder.
Perto, numa casa, alguém m'espiava,
Com lindos olhos, à janela, 'spreitava...
No rosto um sorriso largo, elegante.
Chamou-me, com coração a suspirar,
Agradeci e fui pra me abrigar...
Logo o céu ficou azul, exuberante!
Modesto
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
MENINA À CHUVA
Vai a menina vestida de seda,
Correndo pro seu amor que s'encerra,
fugindo da chuva fria em queda.
E corre a mamã com chapéu de lã,
Zangada com a pluviosidade.
A menina saiu pela manhã
E demorou uma eternidade.
O tempo passa quando a chuva cai,
Sem s'importar da moça molhada
Que na chuva vê poemas d'amor.
E a menina molhada lá vai,
Sem querer que sua mãe a traga,
Porque a chuva lava sua dor.
Modesto
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
À SOMBRA DO BOSQUE

Sentei-me à sombra dum bosque
Meditando em meu coração.
É remédio para quem sofre,
Para mim é consolação!
O murmúrio da brisa escutar,
Os pássaros ouvir chilrear
E o sussurro das ramagens...
Trazem ao coração lindas mensagens!
A cigarra ao sol sonoramente cantando
E o ruído do bosque acrescentando
Um córrego de água pura deslizante...
Neste ambiente de orvalho refrescante,
Entrego-me à meditação:
Que faço eu, neste mundo errante,
Onde o espírito não tem condição
De se deter nas coisas do Além
E se deixa envolver nas do Aquém?
Quem fui? Quem sou? Quem serei?
Claramente, responder não sei!
Envolto numa nuvem de sonhos
De tudo aquilo que desejo,
Os meus erros são medonhos
E nem o Céu azul vejo!
Sou uma parte de mim
Que já se foi...
Sou, neste instante, enfim...
Um pouco do que a vida foi.
Só sei que continuo a existir!
Mas nada é estável!
Assemelho-me a um rio turbulento
Que sempre avança e se deixa ir,
Sem que seja muito afável
E, no seu ir, é barulhento.
Existir é confusão,
Massa informe, mãe do túmulo.
A vida tende para a corrupção,
Que neste tempo está no cúmulo,
E vejo os anos do envelhecimento,
Sem que tenha colhido o bom alimento,
Para levar para o túmulo.
Desta vida, nada de meu tenho,
Como se não mudasse jamais...
Vivo o mal dos mortais
E é por esse caminho que venho,
Carregado de calamidade,
Derramando lágrimas de saudade
Da vida que vivi em alegria,
Quando a vida era segura...
Os bons frutos que degustei,
Os belos sonhos que sonhei
Converteram-se em amargura...
E tu, ó minha alma?
Quem és? Donde vens? Qual a tua natureza?
Já que falas a linguagem da calma,
Faz-me então saber
Quem é o Verdadeiro Ser!
Se vens de Deus, qual a tua natureza?
Ah! Preserva em mim a certeza
De um dia poder ver
A Trindade, Reino estável,
E Essa Realidade fiável
Meu espírito possa acolher.
E... quando ouvi os Anjos cantar,
A minha angústia serenou e comecei a acalmar!
E, no bosque sonoro, voltei a viver!
Modesto
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