segunda-feira, 31 de março de 2014
O AÇOR
Meus olhos vêem, pousado lá no alto
Pico da serra, o grande caçador.
Voa e caça sua presa num salto,
Com uma coragem de conquistador!
Nos altos espaços, árduo planalto,
Ou nas colinas coloridas em flor,
Vai contemplando o céu azul-cobalto
E voa imponente, pleno d' ardor!
Ao longe avista, como brilho d' estrela,
De beleza rara, um bebé gazela
E cai sobr' ela com' intenso clarão!
O veado viu-o a galgar os céus,
Corre para proteger os filhos seus...
Fica-lh' a bater o pobre coração!
Modesto
domingo, 30 de março de 2014
ILUSÃO E NOSTALGIA
Guardei os meus sonhos em trincheiras
A pensar qu' estavam em segurança.
Mas, tinham pretensões aventureiras!
P'la liberdade, fazem aliança.
Agitam-se os pássaros fermentes,
Co's sonhos proclamam interacção!
Um meu suspiro sai condescendente...
Solto-os ao vento, sem direcção!
E meus olhos assistem comovidos:
Sonhos livres em voos incontidos...
Ficam suspensos na minha memória!
Rio abaixo, rebolam na onda...
Meu coração parece uma sombra
Da veste sensível d' antiga glória!
Modesto
sábado, 29 de março de 2014
LÂNGUIDO AMANHECER
Despont' aurora d'alva, é madrugada!
Voam p'las árvores ligeiros cantores,
Murmuram lânguidas queixas da noitada:
A brisa soprou fria, fez suas dores!
Grande é a solidão qu'a manhã traz!
Voam passarinhos de várias cores,
Ao som dos cânticos que cada um faz...
Soluça o pisco por não ter amores!
Tudo é luz e esplendor que s' esfuma:
Vão carícias d' aurora... Céu tristonho...
Ficam flores e o jardim se perfuma!
Então, minh'alma s' alegra, tem um sonho:
Viver olhand' o campo, rio, espuma...
Oh! Mundo encantado, tu és risonho!
Modesto
sexta-feira, 28 de março de 2014
CAMPOS FLORIDOS II

Eu faço versos ao campo,
Pra recordar meu passado,
No meu lindo chão amado!
Enquant' houver quem me ouça,
Falarei daquela bouça...
Continuarei a sina
No campo que me fascina,
Do seu cheiro gosto tanto!
O campo não morr' enquanto
A minha voz não termina!
Eu canto floridos campos,
Naqueles dias chuvosos
Qu' os tornam vigorosos
E isso é importante!
Meu poema vos garante:
Mesmo nas dificuldades,
É melhor que as cidades!
O campo ainda tem
Gente qu' ajuda alguém
Que passe necessidades!
Eu canto floridos campos,
P'lo meio deles abalo,
Ao ouvir cantar o galo!
Contemplo-os lentamente,
Junt' à suave vertente
Da água da fonte pura
E da erva-chá que cura.
Vejo no campo beleza,
Mantenho a cham' acesa,
Par' a geração futura!
Modesto
quinta-feira, 27 de março de 2014
GOSTO DOS PASSARINHOS
Cada vez gosto mais dos passarinhos,
Qu' alegres, me contam o seu segredo...
Voam descansados pelos caminhos,
Cantam, à minha janela, bem cedo!
E vivem no meio do arvoredo,
Onde suavemente fazem ninho...
Até de os acordar tenho medo:
Vejo criar os filhos com carinho!
Mostram o seu amor sem pedir nada.
Tudo o qu' eu lhes dou é cois' amada,
Dádiva qu' é muito empobrecida!
E sofro por eles com desmedida,
Pois eles me dizem muito na vida
E de mim só querem amor, mais nada!
Modesto
quarta-feira, 26 de março de 2014
AMARGURA
Transporto meu pensamento
Par' os enlevos da vida.
Mas a vida traz tormentos
E vej' o mundo em f''rida!
Vou seguindo meu caminho,
Contemplo a Natureza.
Mas há sempr' um pobrezinho
Que não tem pão sobr' a mesa!
Tent' o mundo entender,
Renovando esperanças.
Mas tud' o que dá pra ver
É um mundo sem crianças!
Vou tendo perseverança
E procurando a Fonte.
Mas o mundo da criança
Vai perdend' o horizonte!
No 'scuro da incerteza,
Vou procurando a paz.
O mundo só tem 'sperteza:
Procur' o que satisfaz!
Modesto
terça-feira, 25 de março de 2014
SONHOS & SONHOS
Como sino que ecoa p'lo espaço,
Eu sinto o coração destro do peito
A bater e a pulsar sem embaraço,
Porque o meu sonho nunca foi desfeito!
Se sonho de dia, vou indo e faço.
Se sonho de noite, fico no meu leito.
Tem sempre cura e nunca é fracasso,
Porque sempre soube e sei dar-lh' o jeito!
Da minha janela, vej' um belo monte,
De noite, vejo 'strelas no horizonte
E tudo me dá força e esperança!
Tudo o qu' é alegre se manifesta,
Nesta vida descansada, só me resta
A saudade do meu tempo de criança!
Modesto
segunda-feira, 24 de março de 2014
DOS ANSIÃOS REFORMADOS
Senhor Deus dos desprezados,
Dizei-me Vós, Senhor Deus:
É loucura... É verdade
Tant' horror perant' os céus?!
Senhor, porque não apagas,
Cá, na terra, estas pragas,
Acabas co' a podridão?
Astros, noites, tempestades...
Rolai das imensidades,
Varrei esta corrupção!
São velhos e rejeitados,
Roubados por não ter voz!
Povo que sofre e se cala
E vota no seu algoz!...
Mas...Pobreza, não se cala:
Vem depressa e resvala
Por um Governo fugaz!
E... nesta vida confusa,
Diz-me tu, severa musa:
Quem virá ser mais audaz?
Trabalharam tempo certo,
Descontos fizeram jus,
Lutaram de peito aberto...
Agora deixam-nos nus!...
Foram guerreiros ousados!
Mas agora, são roubados
E vivem na solidão...
Ontem trabalharam: Bravos!
Hoje, míseros escravos
E não vêem solução!
Prometem a liberdade,
Pra chegarem ao poder...
Mas - cúmulo da maldade -
Sem dinheiro pra comer...
Vão aumentand' a torrente
Dos que morrem tão sós, gente,
Nas casas em solidão!...
E vós, zombando da morte,
Dançais na 'splêndida corte:
Mas... Viveis de ilusão!
Modesto
domingo, 23 de março de 2014
AS QUATRO ESTAÇÕES
Chegando a estação bela e florida,
tant' o pomar com' o jardim são todos flor!
Faz-me lembrar que um dia da minha vida,
Na Primavera, nasceu um grande amor!
Se o Verão faz mais azul o firmamento
E se o sol esplende raios de fulgor,
Eu sinto que o Estio é violento...
Mas traz um desejo febril ao meu amor!
E... Vem o Outono pálido, enfadonho,
Desfolha as árvores, deixa-me tristonho
E traz a decadência desse amor...
Porém, quando chegar o Inverno tão frio,
No peito, o coração ficará sombrio
Com um cortejo de tristeza e de dor!
Modesto
sábado, 22 de março de 2014
MÁGICO ENTARDECER
O crepúsculo que vemos,
Esse poema aéreo
É com' um sonho que temos
No íntimo... É um mistério!
Esses raios flutuantes
Dos coloridos que temos,
Nunca são cores constantes
Aquelas nuvens que vemos!
Em breve vêm estrelas
À procura... quem o sabe?
De terras inda mais belas?
Crepúsculo, não acabe!
Nest' horizonte tão belo,
Olhando, damos um grito
D' alegria e anelo
Qu' ecoa p'lo infinito!
Ver-te nunca dá cansaço!
É grand' a tua virtude:
Vais colorind' o espaço,
És sonho de juventude!
Modesto
sexta-feira, 21 de março de 2014
PRIMEIRO DIA DE PRIMAVERA
O sol tem novos fulgores!
Já chegou a Primavera,
A estação dos amores,
Perfumes na atmosfera!
Pássaros andam felizes
Pelas árvores floridas.
Flora com novos matizes,
Com flores 'inda despidas!
Borboletas beijam flores,
Os jovens juram amor!
Há a explosão de cores,
Serras mostram esplendor!
O amor anda no ar,
Trocam-se os longos beijos:
Natureza a despertar,
Beleza traz os desejos!
Ah! Primaveras d' outrora,
Revivê-las quem me dera!
Se eu pudesse, agora,
Voltar a ser primavera!...
Cantaria na aurora,
Como pássaro na hera!
Sorriria tod' a hora...
Mas... idade não espera!
Modesto
quinta-feira, 20 de março de 2014
OLHARES DA MULHER
Fiz estes versos d' amor, pra ti olhando,
Vi teus lindos olhos cheio de bondade,
O teu rosto compadecido e brando...
Existe, em ti, a luz da claridade!
Fi-los perto de ti, naquelas horas
De misterioso e enternecido enleio.
Em vez de fortes vibrações canoras,
Vi, em ti, o encanto de um gorjeio!
São os arrulhos e gorjeio sentido
Da minha alma feliz, enamorada,
Aquel' amor que me traz embebecido...
Oh! Bela juventude 'inda amada!
No meu caminho de humano afecto,
Sempre palpitaram alguns lindos versos,
Todos eles tinham a ti por objecto...
E estes não têm motivos diversos!
Em ti, vej' o enlevo da poesia,
Com os teus olhos cheios do infinito.
São poemas com brio e euforia
Que fazem teu lindo olhar mais bonito!
Modesto
quarta-feira, 19 de março de 2014
DIA DO PAI
O dia do pai ninguém esquece.
É o "Manto" paterno que nos aquece...
É um dia de homenagem,
Cada filho deixa sua mensagem...
É celebrado todo o ano,
Porque Pai é como o oceano!
Neste dia especial
É o momento ideal
Pra homenagear a família,
Honrar o caminho que o pai trilha
No seu trabalho e emoção...
Pai é doce satisfação!
Pai, na vida, faz saber
O nosso modo de viver
E como devemos ser.
Ensina-nos com seu amor,
Pois, pai é o revelador
De que a vida pode ser pobre,
Mas nunca deixar de ser nobre!
Modesto
terça-feira, 18 de março de 2014
CASA DOS SONHOS
Fiz uma casa dos sonhos
Com duas portas viradas
Prós canteiros do jardim.
Havia dias medonho!...
De cada um fiz meus sonhos
E... fui vivendo assim!
As borboletas em dança,
Junt' às rosas do jardim,
Traziam-m'a esperança
de viver quase sem nada,
Minha vida inventada...
Do nada, fiquei assim:
Alma nua penitente,
Com a calma doutra era!
Memórias dum jardim
E sonhos de Primavera,
Convivia co' a quimera...
Montanhas ao pé de mim!
Modesto
segunda-feira, 17 de março de 2014
POEMA DE ENCANTAR
Poetizar é dar cor, encanto à vida,
É extremar os sentimentos mais velados
E a emoção em estrofes traduzida...
Deixar os versos em sonhos ser transformados.
É arte de expressar o amor do poeta
Que de mãos divinas recebeu esse dom:
Toca-lh' a alma, reconforta, inquieta,
Inspira a versejar em suave tom.
Assim, o bom poeta tem que transmitir
O que o seu coração está a sentir,
No âmago do silêncio que é a fonte.
E o ecoar dos versos vai transportando
Pró cosmos, onde irá perpetuando
O encanto do que vê no seu horizonte.
Modesto
domingo, 16 de março de 2014
«ESTE É O MEU FILHO: ESCUTAI-O (Mat.17,1-9)
Eu sinto a Tua presença
Em mim a cada momento.
Inunda-me a Tua presença,
Num sopro de vida e alento!
Sinto-Te no ar que respiro,
No coração a pulsar...
Escuto-te na terra e no mar,
Nos regatos, rios e fontes,
No esplendor do novo dia
Que desponta nos horizontes...
Sinto-Te no azul do céu,
Nas nuvens que nele flutuam...
Nas florestas verdejantes,
Na lua que nos ilumina,
Nas estrelas fulgurantes...
Reflicto na tua aliança,
Escuto-Te no firmamento,
Quando nos dás a bonança.
Ouço-Te na inspiração deste verso
Que me sustenta o sonho da vida.
Escuto-te na imensidão do Universo...
Faz com que Te escute até à despedida!
Modesto
sexta-feira, 14 de março de 2014
ALMA ORANTE
Meu Amor Eterno que não se vê,
Como canção tangida pelo vento...
Minha alma ressoa. Como? Porquê?
Como flauta, tem som de pensamento!
A brisa, nos florais, passa e vê
Um feitiço de amor à flor do tempo
Que vem, sem precisar dizer porquê...
Oração de suspiros ao relento!
É oração do ser, tão docemente
Percebida e... leve se pressente,
E todos precisam de perceber...
Basta amar o próximo na vida,
Prá alma eterna ficar remida,
Com' abre a flor ao amanhecer!
Modesto
quinta-feira, 13 de março de 2014
A LUZ QUE DEUS ME DEU
Refém da solidão, andava a esmo!
Eu andava por caminhos sinuosos,
Durante os quais, nunca fui o mesmo...
Eram tempos sem momentos luminosos!
Sem respostas, segui caminhos estranhos
E percorri tantos, sem qualquer destino...
No silêncio, pensamentos castanhos,
Murmúrios, povoam meu desatino...
A Luz do Amor brilhou no horizonte!
Deus veio fazer parte da minha vida!
Vi as maravilhas de que És a fonte...
Renasceu em mim a esp'rança perdida!
Deste-me a paz dum imenso amor!
Encontraste-me na propícia hora!
À minha alma deste luz e calor...
E caminho Contigo, feliz, agora!
Modesto
quarta-feira, 12 de março de 2014
REENCETAR A VIDA
Quase no fim da vida ou dela a meio,
Que me fosse permitido reencetá-la!
Percorrer novamente toda a escala
Daqueles mil dias do meu passado cheio...
Recuperar da flor o viço e a gala
Dos dias em que se deixava tud' a meio!
Voltar ao rio, à fonte donde se veio,
Subir a montanha alta ou escalá-la!
Buscar, como a ave, o antigo ninho,
Tornar-se criança, idades descuidadas...
A doce infância do primeiro lar!
Absorver o cheiro das urzes do caminho,
Mesmo tendo aflições, mágoas passadas...
Quem é que não desejava reencetar?
Modesto
terça-feira, 11 de março de 2014
SINFONIA DA VIDA DESAFINADA
No tecido inicial do Universo,
Quando a vida começa a existir,
Forma-se um horizonte azul diverso:
Os elementos começam a construir.
A Força que rege essa imensidão
Mostra a cada elemento um caminho.
Cada um sabe qual a sua missão...
Actua, no sistema solar, com carinho!
Sempre existiu vida nas várias eras,
Com a terra cheia de pássaros e flores...
Viviam em paz as grandes mas doces feras,
Saciadas, livres... brincavam aos amores!
Milhões de anos vivem em harmonia,
Até que o Humano vai aparecer...
"Inteligente" desafina a sinfonia,
Para obter lucro... Começa a sofrer!
Começa a haver o rico e o pobre,
Cada um procura lucro acumulado...
Acomoda-se, indiferente, o nobre,
O progresso saudável fica de lado...
Desenvolvimento é destruir um lar?
Paraíso verde 'stá desequilibrado!
Já não há herança boa para legar!
Jardim de harmonia? Está degradado!
Tudo poderá mudar: Basta escutar
A Palavra de Jesus, por Deus enviado!
Ele assim pregou e veio-nos lembrar:
«Amar o próximo» tem que ser praticado.
Modesto
domingo, 9 de março de 2014
DESERTO
À réstia de sonho, chama-se vida.
A uma sombra maior, chamam-lhe morte.
A vida sim! Mas que morte não suporte:
Haja permanência, não despedida!
A treva escura, noite é chamada.
A uma luz mais clara, chamam-lhe dia.
Entre elas, há uma estrela guia
Que nos leva ao sonho da madrugada!
Tud' é silêncio, quando anoitece!
Mas o sol, no horizonte, amanhece!
Tod' a nossa vida vai pra um fim certo...
Na vida, muitas vezes, s' anda perdido!
Mas, com vontade, vence-se o ruído!
Porque vivemos, às vezes, num deserto?
Modesto
sábado, 8 de março de 2014
IDEIAS...
Tanta coisa 'screvo inutilmente,
Porque até sei que os meus versos
Não reflectem sequer palidamente
Estes ideais que andam dispersos...
Sei qu' a ideia - astro-rei sublime -
Não se consegue conter nesta forma:
Em vocábulos frios! Não s' exprime
O que se quer se sujeite à forma...
Muita coisa em nós indefinível,
Como ideia que é transplantada,
Perde a essência int'ligível,
Torna-se ideia a dizer nada.
Por isso escrevo e... nada digo!
E isso traz-me uma grande dor.
Vejo que nem ideia dar consigo,
Nem exprimir, pelos outros, amor!
Modesto
sexta-feira, 7 de março de 2014
O MUNDO INTERIOR
O mundo é uma sala iluminada,
Aberta a uma noite misteriosa.
Há também muito ruído na esplanada,
Onde s' espelha a luz do luar medrosa.
Estou só, de alma tristonha, desolada,
A sentir desgosto, com visão desditosa...
Vou contemplando a noite estrelada,
Na ampla sala deserta, silenciosa...
Ouvindo, na aragem leve que perpassa,
Vozes d' outrora... espelham-se na vidraça,
Com visões dum doce sonho enganador...
Porque, neste mundo, apenas vejo,
Na incerta névoa fosca do desejo,
Vagas formas de um mundo interior!
Modesto
quinta-feira, 6 de março de 2014
SÃO LOURENÇO DO DOURO
À hora doce em qu' a luz enfraquecida
Tem espasmos subtis, longos e sensuais
E um misto de saudade indefinida
Penetra a alma dos bons sentimentais...
Amo o teu silêncio, calma recolhida,
Bela terra de povos tradicionais,
Ainda com passado da antiga vida
De épocas que foram e não voltam mais!
São Lourenço... Teu nome evoca à mente
Tantas recordações! E, à tardinha, busco
Teu silêncio solene e absorvente...
És belo ao pôr do sol! Deixas-me tristonho,
Quando a luz se extingue no lusco-fusco
E aparece o meigo luar de sonho!
Modesto
quarta-feira, 5 de março de 2014
PERCURSOS
Quero o meu ser a florescer na lua.
Deixem-me plantar canteiros d' esperança,
Nem que seja na berma do fim da rua...
Quero ser uma estrela na bonança!
Longo horizonte não me extenua,
Porque vivo com os olhos de criança.
Que a Palavra do Meu Deus retribua
E encurte os extremos da esp'rança!
Sim! A calma dos jardins só faz sentido,
Se a flor aberta assim o consente:
Ser flor posta na jarra, por ser bonita!
Deixem o meu coração sonhar perdido!
E, se se perder, que meu amor aumente,
Tanto quanto a alma é infinita!
Modesto
terça-feira, 4 de março de 2014
QUÂNTICA LOUCURA
Debaixo dum véu de calma,
Uma luz faz com que veja,
No oculto de su' alma,
O qu' um poeta almeja.
Um poeta concebível
É um mago da loucura,
Ond' o eterno é possível
Na dimensão da ternura.
Entre sonhos e quimeras,
Vive no meio das flores.
Passa suas primaveras
Na esp'rança dos amores.
Com sua ansiedade,
Ferida que cura a dor...
Del' é a eternidade
Prá conquista do amor.
E com a alma repleta
Duma saudade qualquer,
Tem líbidos de poeta:
O coração da mulher.
Modesto
segunda-feira, 3 de março de 2014
DE QUE SÃO FEITOS OS DIAS?
De que são feitos os dias?
De tão pequenos desejos
E de mágoas sombrias,
Momentâneos lampejos!
São vagarosas saudades,
Silenciosas lembranças?
São vagas felicidades
E naturais esperanças!
São loucuras em cadeia,
Feitas pecado e glórias...
Ou o cantar da sereia
Que nos diz que são vitórias?
Mas dentro deles vivemos
E dentro deles choramos...
Alianças que fazemos,
Desenlaces que criamos!
E há tristeza vadia!
Matizada, extenua...
Quer de noite, quer de dia,
Não é só minha ou tua...
Modesto
domingo, 2 de março de 2014
SONHOS AO FIM DA TARDE
Todos os sonhos que temos
São uns poemas aéreos!
São como fumos que vemos,
No íntimo dos mistérios!
Poesias flutuantes
Dos sons e ecos constantes
Da vida que nós vivemos!
Sonhos... vendo as janelas,
À procura... Quem o sebe?
De borboletas mais belas?
Sonho que em si não cabe...
Vai... voa... sem dar um grito,
Através do infinito...
E a alma vai com elas!
E há sonhos de abraços,
Sonhos com solicitude!
Embalados em cansaços
Mas cheio de juventude!
Só uma alma feliz
Faz o bem, como se diz,
Ao desbravar os espaços!
Modesto
sábado, 1 de março de 2014
NO RIBEIRO DE SANDE
Pequeno bosque. Sol? Apenas s' insinua
Numa réstia d' ouro entre a ramagem!
À beira Douro, o nevoeiro flutua,
Numa gaze de luz, em suave paisagem!
Perfume de flores anda no ar, actua
Em nós, elanguesce os sentidos... aragem
Passa. Sente-s' a água, ouve-se a sua
Doce, suave voz, no meio da folhagem...
A água sonora e cristalina,
Aqui, p'lo ribeiro vai cantand' em surdina,
Ali, pequena cascata com luz ardente...
E mais além, numa ânsia pressurosa,
Vão prá mata, escura e silenciosa,
Os seixos do leito a rolar docemente!
Modesto
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HORA DAS TRINDADES
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