segunda-feira, 31 de julho de 2017
VIDA COM CARÁCTER
No fecundo jardim da existência,
Encontrei belos campos, belas flores,
Cada qual com a íntima essência:
Ou d' alegrias, ou de dissabores.
São coisas da vida - da caminhada -
É preciso não perder a esperança,
Deixar escrita para ser lembrada
História que nos dê confiança.
Confiança de um bom cavalheiro,
Qu' em su' alma tem alma de guerreiro
E de fé... viveu a vida real.
Uniu força à determinação
Venceu toda a triste emoção...
Viveu duma forma especial!
Modesto
domingo, 30 de julho de 2017
VIVER NO MUNDO
Já consigo, depois de tanta luta,
Dar descanso e paz ao coração.
O bem do mundo a sorte disputa,
Cai na conta de tudo o qu' é vão.
Limpando minha fronte, não enxuta
Desses pensamentos de ilusão,
Treva, pó... tudo matéria bruta,
Só encontrei a dor e confusão.
Não é no grande mundo, por imenso.
Qu' a alma sacia amor intenso,
Como era na nossa mocidade!
Na alma invisível, intangível,
Paira o Espírito impassível...
Sou um deserto, vácuo... saudade!
Modesto
sábado, 29 de julho de 2017
UM MUNDO DE AMOR
Estendo as minhas mãos,
Até aos meus inimigos:
Faço um mundo d' irmãos
Sem guerras e sem perigos.
Todos vivem com' amigos:
Seria um mundo em flor,
Sem maldades, sem castigos,
Só amor, muito amor.
Um mundo só de amor,
Mas daquel' amor profundo.
S' eu pudesse, sonhador,
Só queria esse mundo.
Viveria nesse mundo
A espalhar alegria,
Sendo fraterno profundo,
Com amor todo o dia.
Modesto
sexta-feira, 28 de julho de 2017
A CAMPONESA
De manhã tu vais ao gado
A cantar entre as giestas.
A correr, saltas no prado
Com tuas graças modestas.
Veiga, rio, o cercado...
Todos dormem suas sestas.
Canções do teu peit' amado
Acordam as mais honestas.
As aves nos ares gozam,
Com abraços se desposam
Num amoroso enlace.
As abelhas matinais
Voam pelos roseirais,
Acarinham-te a face.
Modesto
quinta-feira, 27 de julho de 2017
SONHO ORIGINAL
Como gota d' água da nascent' agreste
Se formam oceanos d' imensidade,
Teu coração, que é livre e bom, reveste
Grande encanto, singular majestade.
Sobes até à Luz como Ser celeste,
Vês novos astros de grandiosidade,
Teu Ser fica como uma branca veste
De divina e serena claridade.
Vem, ó Consolador, Tu que és supremo,
Lava minh' alma com carinho extremo,
Pra atingir as estrelas da pureza.
Eu preciso de tornar meu ser liberto
De tudo e transformar o meu deserto
Num sonho original da Natureza.
Modesto
quarta-feira, 26 de julho de 2017
VAMOS PELOS CAMPOS FORA
Vamos, Querida, pelos campos fora,
Braços abertos à doce luz da vida,
Entoando canções à bela aurora,
Sentindo-a terna, meiga... absorvida!
Vamos! É tempo: A Naturez' inflora
Nos montes, vales, campos... embevecida!
A ave canta, brisa que se adora
No amor por uma rosa: Vem Querida!
Vês? Alegre manhã e o arvoredo
Tão fresco e bom, alegre e sem medo,
Enche a terra de mágico rumor!
Pois cantemos também e vamos risonhos
Sorver a vida em turbilhões de sonhos,
Abramos os braços ao sol do amor!
Modesto
terça-feira, 25 de julho de 2017
O NINHO E O SONHO
Foi um passarinho da montanha que fez
O seu ninho num ramo, ao sol matinal.
A árvore danç' à música qu' ele fez,
Como se tivesse coração musical.
O belo pássaro entre ramos assoma
À árvore da serra - a minha paixão -
Para beber o orvalho, sentir o aroma
E de lá voa, cantando ao coração.
Assim prossegue sempre audaz e errante,
Vendo o que mais procura, mais adiante...
E, sem ter nada, tem tudo o qu' eu já tive!
E eu lanço as vistas lá pró meu passado
E julgo a vida um sonho bem sonhado...
O pássaro sonha! E a sonhar se vive!
Modesto
segunda-feira, 24 de julho de 2017
ROSAS UNIDAS
Há duas flores unidas
Nascidas no mesmo galho,
São duas rosas nascidas
Ao absorver o orvalho.
Unidas como as penas
Dos passarinhos do céu,
Com suas asas pequenas
Juntinhas no mesmo véu.
Unidas também no pranto,
No suspiro e desgosto.
Em parelha crescem tanto,
De suas pétalas gosto.
Unidas! Ai quem me dera
Viver como uma flor,
Num' eterna primavera,
Num ramo de verd' amor!
Modesto
sexta-feira, 21 de julho de 2017
NÃO ME SEPARAREI DE TI
Se me separar de Ti, Deus de Bondade,
Cairei numa solidão impossível!
Seria infeliz em humanidade,
Cairia num abismo bem temível!
Livra-me, Senhor, desta iniquidade
Que despedaça meu coração sensível!
Viveria sem ter visibilidade
E, por Tua Cruz, seria desprezível!
À suave esperança m' entregaste,
Agora sei que não me abandonaste,
Com o preço do Teu Sangue Precioso!
Se, para eu Te amar, Tu me criaste,
Sei que dos meus males Tu me perdoaste,
Faz que vá habitar no Teu Céu Lustroso!
Modesto
quinta-feira, 20 de julho de 2017
HÁ QUEM ESPERA SEM ESPERANÇA
Há muita gente que sofre mal sem cura,
Com infinita e má desesperança,
Sem direito a esperar a ventura,
Vivendo só e apenas da lembrança!
E eu chamo angústia, amargura
Minha saudade ingénua e mansa,
Só porque espero com grande ternura
Que me faz sentir como uma criança!
E digo que a minha vida é má,
Sou infeliz s' a esp'rança não está...
Como quem 'spera um bem que não alcança!
Mas há gente a esperar comovida,
Sem a doce esperança nesta vida...
Que tenho que fazer pra dar esperança?
Modesto
quarta-feira, 19 de julho de 2017
MONTE QUE FOI MEU BERÇO
Já lá vão sete lustres que daquele monte
- Que foi o meu berço - de lá, já não sei nada,
Porque fui viver para outro horizonte,
Onde mais de meia carreira 'stá passada.
A mão já treme, já se enruga a fronte,
Já branqueia a cabeça... Vida passada!
A juventude... vai-se secando na fonte...
Considero a vida já muito gastada!
Pouco mais me resta que ir passar agora,
Depois de tantos anos, só vê-l' uma hora...
Oh! trar-me-ia verdadeiras sinfonias!
Vãs paixões e desejos, ide-vos embora!
Não há esperanças de ver-te, por agora...
Seria favor dar-me essas alegrias!
Modesto
terça-feira, 18 de julho de 2017
MANHÃ EM SINTONIA
Foi-se a madrugada, o sol nasce,
Aos poucos, ilumina os caminhos!
É uma luz bem-vinda que renasce
Terna, cálida... cheia de carinhos!
A claridade bate-me na face,
Abrem-se as flores do meu jardim,
Feitas grinaldas em doce enlace...
Dá-me os bons dias o alecrim!
Há uma grande ternura e calma,
Vou, em silêncio, toc' uma palma,
Sinto o verde, esqueço as mágoas!
É a Natureza em sintonia...
Eu faço parte desta harmonia...
Sento-me no lago, mexo as águas!
Modesto
segunda-feira, 17 de julho de 2017
ÀS HORAS DAS TRINDADES
Horas de sombra, silêncio amigo,
Há todo um encanto de humildade.
Abre-s' a porta do abrigo antigo
Pró anjo branco e belo da saudade.
Horas em qu' o coração não vê perigo
De gozar, de sentir com liberdade.
Abre-s' a porta a todo o amigo
Com asas imortais de eternidade.
São horas de compaixão e de clemência,
Dos segredos sagrados da existência,
De ânsias de perdão sempre benditas.
Horas fecundas de mistério casto
E que do céu desce fecundo e vasto
Nesse repouso das luzes infinitas.
Modesto
quinta-feira, 13 de julho de 2017
À MINHA FLOR DE AÇUCENA
És o melhor que tenho nesta vida,
Minha pequena flor de açucena
Com corpo de menina distraída,
És minh' amada, doce flor morena!
Minha porção melhor, a mais querida,
Melhor parte de mim, mesmo pequena,
Um sonho d' ilusão que me convida
A ver que a vida vale a pena!
A força que me vem do teu sorriso
É tudo e mais do que eu preciso,
Quando m' encontro só na multidão!
S' a dor da solidão me bat' à porta,
Tua presença é que me conforta,
Já que te plantei no meu coração!
Modesto
quarta-feira, 12 de julho de 2017
HIPOCRISIA E VERDADE
É melhor hipocrisia que consola
Que a vã sinceridade que magoa.
Importa-nos a vida "aqui, agora"!
Hipocrisia, mentira... tudo voa!
É melhor fazer sorrir alguém que chora,
Pois é razão duma alma que perdoa;
É sol que expande luz, é nova aurora:
Vai além dum sorriso dado à toa!
O hipócrita mente, mas é humano,
Embora perdido num grande engano...
Pod' alegrar corações, enxugar pranto!
O verdadeiro fugiu dos desenganos,
Passa dias de sol a fazer seus planos...
E percebe que a vida tem encanto!
Modesto
terça-feira, 11 de julho de 2017
PRECISAMOS DE PAZ
Meu Deus, se a crença é que nos une,
Também temos algo que nos separa.
Se angústia e febre nos pune,
Um monte altaneiro nos separa.
Não pode haver um acto impune
Das brigas que travamos, em qu' a rara
Pureza duma vida se resume
Às sombras com qu' o corpo se depara.
Não devia haver indiferença,
Em nome da razão da nossa crença,
Criando nossos filhos entre guerra!
Meu Deus, põe-nos acima da vaidade,
Longe do rancor da humanidade
E faz Tua Paz reinar sobr' a terra!
Modesto
segunda-feira, 10 de julho de 2017
ALMA PALPITANTE
Ó alma tão doce e palpitante!
Que cítaras soluçam solitárias,
Em sonho secreto e fascinante,
Por terras longínquas, visionárias?!
Quantas zonas de luz purificante,
Quantos silêncios e sombras várias
Falam contigo, alma cativante,
D' esferas celestes imaginárias?!
Que cham' acende teus faróis nocturnos
E veste mistérios taciturnos
Ao esplendor do Arco d' Aliança?
Por qu' és assim, melancolicamente,
Como um Arcanjo adolescente,
Caminhante pla vida d' esperança?
Modesto
sábado, 8 de julho de 2017
NAVEGAMOS NO ALTO MAR
Vivemos como navegando no mar.
A vida, aqui, não é de brincadeira!
Às vezes, não temos cais pra atracar,
Atrás de nós, só temos a nossa esteira!
O rumo é incerto. Mas temos bússolas!
Olhando o céu, guiam-nos as estrelas.
Muitas vezes, nosso corpo abre pústulas,
Só conseguimos ver o céu pelas janelas...
Quem, na terra, pensa ter assent' os pés,
Ou está a ver as coisas de viés,
Ou é ingénuo, sem ligar à mente.
Quando, apanhados pela tempestade,
Vemos Deus como Caminho e Verdade:
A fé e esperança não nos desmente!
Modesto
sexta-feira, 7 de julho de 2017
O VELEIRO QUE QUER PARTIR
Num porto estranho, num mar de mau aspeto
Há um grande veleiro de formas bizarras.
Há muito flutua nas ondas, inquieto,
À espera que lhe afrouxem as amarras.
Com paciência, vai fazendo esforço,
Sem o vento a passar, ele s' embalsama,
E sonha que vai partir... Empina o dorso...
Bamboleia-se, gentil, como uma dama!
Dentro, a maruja acorda, ao ruído:
deita amarras ao mar, sonda seu ouvido,
Alerta, seu coração bate... Olhar aceso!
Mas o veleiro continua oscilando:
Mas, oh! Quando poderei eu partir, oh! Quando?
Eu que não sou da terra, à terra 'stou preso!
Modesto
quinta-feira, 6 de julho de 2017
CADA DIA MUDAMOS
Como vivemos os dias?
- Com pequenos desejos
Junto com mágoa sombrias,
Momentâneos lampejos...
Com vagarosas saudades,
Silenciosas lembranças.
Com vagas felicidades
E naturais esperanças.
Com coisas que se anseia,
Com pecados e glórias,
Com medo que incendeia
Todas as nossas vitórias.
E dentro deles vivemos,
E fazemos alianças...
Muitas vezes concedemos
Fazer algumas mudanças.
Modesto
quarta-feira, 5 de julho de 2017
SONHO DE PAZ
A gaivota paira no azul do mar,
Transporta nas asas o meu pensamento
E leva, lá longe, este meu pensar
Alado, a voar ao sabor do vento.
É muito bom sentir a brisa no rosto
E com este sonho que eu bem entendo:
Sei que vai longe, até onde eu gosto,
Ao infinito, qu' é o que eu pretendo!
Pla 'strada prateada daquela onda
Foi-se a gaivota, voltou a pomba
Branca, luminosa, a espalhar paz!
Pena! Foi-s' o sonho, com ele a noite!
Recordo a vida de crianç' afoite...
Acordo infeliz dum sono fugaz!
Modesto
terça-feira, 4 de julho de 2017
ALVORECER NO GERÚNDIO
A fresca manhã vai alvorecendo,
As aves no bosque vão acordando
E o mundo vê o sol renascendo
E, mansamente, se vai levantando.
A noite de breu vai-se desfazendo
E as sombras lá se vão afastando,
Ausência de luz esmorecendo,
Eu desperto e vou-me levantando.
A Natureza vai-se clareando,
Tudo espera e vai vigiando
E o orvalho vai-se desfazendo.
As mágoas da noite lá vão fugindo,
Alegre, firme...tudo vai sorrindo,
Pois o sol já está resplandecendo!
Modesto
segunda-feira, 3 de julho de 2017
COMO SOL DE VERÃO
És igual a um dia de Verão,
Mais afável e belo teu semblante:
Vento lev' a flor 'inda em botão,
Que dura apenas breve instante.
Pois, por vezes, a luz do céu calcina
E teu tom também perde a clareza,
No teu rosto, a beleza declina...
É a vida e as leis da Natureza!
Teu Verão é eterno, não acaba,
Se pões uma sombra que não se rasga
E ficas na posse das formosuras.
Enquanto houver gente nesta lida,
Hei-de versejar-te toda avida,
Com bom poema no tempo que duras!
Modesto
domingo, 2 de julho de 2017
DESEJO
Ah! Se o meu livro fosse esplendor,
Se o seu brilho fosse entendido...
Meu coração tão cheio de amor,
Minh' alma era desej' incontido!
Ah! Se tudo em mim fosse primor
E o meu tempo não fosse perdido...
Seria tão nobre o meu labor,
Ah! Seria o poema mais lido!
Mas, tudo isto é louca paixão!
Riso tão displicente e tão vão...
Como quem quer saciar-se num beijo!
Seria a loucura dependente,
D' olhos fechados, beijar tod' a gente,
Se fosse tudo como meu desejo!
Modesto
sábado, 1 de julho de 2017
CHOVE DENTRO DE MIM
Ouço chuva na minh' alma, cá dentro!
Pingos de solidão, de nostalgia
Inundam meu coração de tormento...
É uma chuva turbulenta, fria!
Tenho saudades da paz-alegria,
Da ilusão que traz aquecimento
Nos tempos de Verão com melhoria,
Com aventuras, mas sem sofrimento.
Aumenta a dor, não há alegria!
Há pranto com chuva de cortesia...
Há chuva que cai em compasso lento!
Para mim, nada há mais neste mundo,
Além deste sentir, já tão profundo...
Esperei por ti, à chuva, ao vento!
Modesto
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HORA DAS TRINDADES
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