segunda-feira, 14 de julho de 2025

BALADA DOS AMORES

Escuta, Menina, como as aragens
Trazem do arvoredo à fresca romaria;
Como este sol é rubro de alegria,
Que tons de azul nas límpidas paisagens!

Pois bebe este ar e goza estas viagens
Das brancas asas, sente esta harmonia
Da Natureza e deste alegre dia
Que resplandece e se ri nas ervagens!

Deixa, lá fora, estrangular-se o mundo...
Encara o céu e vê este fecundo
Chão que produz e onde germinam as flores.

Dá, Menina, o braço à Primavera
E numa doce música sincera
Canta a balada eterna dos amores!,,,

Modesto

quinta-feira, 3 de julho de 2025

VAI, PEREGRINO

Vai, peregrino do caminho santo,
Faz da tua alma lâmpada de cego,
Iluminando fundo sobre pego,
As invisíveis emoções do pranto.

Ei-lo, do Amor o Cálice sacrossanto!
Bebe-o feliz, nas tuas mãos o entrego...
És o filho leal, que eu não renego,
Que defendo nas dobras do meu manto.

Assim ao poeta a Natureza fala!
Enquanto se estremece ao escutá-la,
Transfigurado das emoções se vai rir...

Sorrindo aos céus que se vão desvendando,
Ao mundo que se vai multiplicando,
Ás Portas de Ouro que se vão abrir!

Modesto

sábado, 28 de junho de 2025

NA TUA VONTADE ESTÁ A MINHA SANTIDADE

Ó suma Vontade de Deus omnipotente,
Sois meu deleite, minha alegria e fulgor!
Tudo o que me der, Meu Senhor, como presente
Recebo em júbilo, submissão e amor.

Vossa Santa Vontade é a minha mansão.
Nela se encerra toda a minha santidade;
E toda aquela minha eterna salvação;
Maior Glória é cumprir de Deus a Vontade.

Vontade Divina nas mais diversas moções
E a minha alma cumpre-as sem reticências;
Porque tais são Suas Divinas manifestações
Sempre que Deus concede Suas confidências.

Fazei de mim o que Vos aprouver, Senhor!
Não quero pôr obstáculos nem restrições,
Sois a minha felicidade e da alma o amor,
E a Vós agora faço minhas confissões.

                   ( Diário de S.ta Faustina)

sábado, 21 de junho de 2025

AMOR DE VERÃO

Delicado e suave como o vento,
Devastador como um furacão.
Resumido a um belo momento,
Procurado com grande emoção!

Pode durar um infinito segundo
Ou ser breve por um ano inteiro,
Pode parecer o melhor do mundo
E, entre todos, ser o verdadeiro!

Ás vezes vem carregado de dúvida
Ou ser dúvida enquanto durar...
E pode durar pela eternidade!

Se ele durar por toda uma vida,
A vida que se dá para amar...
Então este amor deixará saudade!

Modesto

terça-feira, 10 de junho de 2025

NOITES DE JUNHO

 Noite belas, o luar me seduz,
Reflecte nos meus olhos, cai no peito,
Pois, antes que me conduza ao leito,
Viajo no tempo que me reluz.

Noites belas, asas do pensamento
Voam, de par em par, rumo ao passado...
Cavalgo como cavaleiro alado
E paro no dia do nascimento.

Mas rápido volto ao meu futuro,
Para na alvorada renascer
E aterrar no meu porto seguro.

Qual estrela maior no alvorecer,
Noites silenciosas, noites prateadas...
Noites de Junho com manhas douradas!

Modesto

terça-feira, 27 de maio de 2025

DUAS ROSAS

São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
A viver no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho, 
Do mesmo raio de sol.

Unidas bem como as penas,
Em duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como um bando de andorinhas,
Na tarde dum lindo Véu.

Unidas... Ai quem me dera,
Numa eterna Primavera,
Viver como vive a flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

Modesto

quinta-feira, 22 de maio de 2025

TUDO PASSA

Nasce o sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz segue-se a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.

Se se apaga o sol, porque nasceria?
Se é tão formosa a Luz, porque não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como a juventude... logo se envelhecia...!

Se ao sol e à luz falta a firmeza,
Na formosura não se vê constância,
E na alegria sente-se a tristeza...

Começa-se o mundo pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por Natureza...
Ter firmeza, somente na constância!

Modesto

quarta-feira, 14 de maio de 2025

SOL E JARDIM DE MAIO

O sol ostenta a graça luminosa,
Jardim por luzidio se pondera;
O sol é brilho na quarta esfera,
Brilham flores na esfera formosa.

Fomenta o sol a chama calorosa,
Com flor ao peito, viva chama altera
O jasmim, cravo e rosa ao sol se esmera,
Nasce a flor do jasmim, do cravo e da rosa.

O sol à sombra dá belos desmaios,
Com olhos de floresta a sombra é clara,
Pinta maios de sol -  Flores de Maios.

Mas, desiguais só nisto, se repara:
O sol brilha sempre com seus raios,
A flor de seus raios está sempre avara.

Modesto

segunda-feira, 12 de maio de 2025

TEOREMA

Loucura ou ambição,
Eu vivia procurando
O ser, causa e razão
O como, porquê e quando.

O infinito no zero
E o zero a crescer...
No expoente o quero
Na exactidão do ser.

E fui a multiplicar
Este mundo negativo,
Frente ao espelho mirar
As contas no positivo.

Ao teorema de Tor
Cheguei lá por tal mestria...
E agora sei de cor
Esta lei da simetria!

Modesto

segunda-feira, 5 de maio de 2025

INEFÁVEIS FLORES DE MAIO

Nada há que me domine e que me vença
Quando minh'alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um réu de celestial sentença,
Condensado do Amor, que se recorda
Do Amor que sempre no silêncio borda
D' estrelas todo o Céu em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outras mais serenas madrugadas!

Todas as flores que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim, porque as amo
Na minh'alma volteando arrebatadas!

Modesto

terça-feira, 29 de abril de 2025

O NOSSO MUNDO

Lá vem a bomba de fogo,
Vai a terra destruir!
-Vai avisar todo o Povo
E defesas construir.

Telefona já à NASA,
Pergunta se é verdade,
Se aquele impacto arrasa
Os montes e a cidade!...

E vem a França dizer:
Monsier, como está?
- Mas que havemos de fazer
Ao Planeta e por cá?

- Junta todas as Nações
Num escudo rutilante
E de amor nos corações
Pára esta guerra errante!

Modesto

sábado, 19 de abril de 2025

ORAÇÃO DE SÁBADO SANTO

Esse Corpo, Senhor, nu, inerte mas com Norte
Que 'inda transpira o perfume do unguento...
Esse Rosto sereno e macilento
Como um lírio desgastado pela morte...

Essa oculta tristeza que me adverte
Com Tua boca sumida e sem alento...
Esses Olhos que aguardam o momento
De que amanhã, de novo, os despertes...

- Eu queria, Senhor, gravassem em fogo,
Para evitar que o tempo esquecera
 Essa Imagem  de Paz e de Sossego.

Que nos meu olhos Tua Imagem fosse clara,
Eu queria, depois, quedar-me no gozo
De não esquecer a Paz da Tua Cara...

Modesto


domingo, 13 de abril de 2025

AMAR COM O CRUCIFICADO

Amar é desejar o sofrimento
Sem um suspiro vão nem um gemido
E contentar-se só de ter sofrido
O mal mais doloroso e mais cruento.

É sair desta vida bem isento, 
Amar este mundo já arrependido
E pôr o seu cuidar num só sentido
E todo o seu sentir num só tormento.

É nascer como humilde carpinteiro,
De rudes pescadores rodeado,
Caminhar pró Suplício derradeiro.

É viver sem carinho nem agrado,
É ser, enfim, vendido por dinheiro
E, entre ladrões, morrer crucificado!

Modesto

terça-feira, 8 de abril de 2025

ANJO DA PAZ

Dentre um cortejo de harpas e alaúdes,
Ó Arcanjo sereno, Arcanjo níveo,
Baixas-Te à terra, ao mundanal convívio...
Pois que a terra Te ajude, e Tu me ajudes.

Que Tu me ajudes nas batalhas rudes, 
Que me tragas a flor de um doce alívio
Aos abismos, às brenhas, ao declívio
Deste caminho de ânsias e ataúdes...

Já que desceste das regiões celestes,
Nesse clarão flamívomo das vestes,
Através dos troféus da Eternidade

Traz-me a Luz, traz-me a Paz, traz-me a Esperança
Para a minh´alma que de angústias se cansa,
Errando pelos claustros da saudade!

Modesto

segunda-feira, 31 de março de 2025

HORA DAS TRINDADES

 A noite está a cair sobre as flores.
O céu cheio de Deus e harmonia!
Silêncio! Eu rezo ao fim do dia.
Voz do crepúsculo exala cores.

Névoas de luz criam imagens n´água,
As águias vão esculpindo os céus,
Tarde com relevos húmidos na frágua,
Boa noite, eis-me a rezar a Deus.

Estou a entoar, voz de cinza e ouro,
Anjos vêem as minhas mãos em branco,
Ópera de sol no último arranco!

Hora mística com olhar abraso,
Sol expira nos pórticos do ocaso,
Encho o meu peito na paz do Douro!

Modesto


sexta-feira, 21 de março de 2025

SONETO NO DIA DA POESIA

De bom humor e pensamento claro
Um poema feliz se acaricia...
Com rima, métrica e harmonia
Pró dia não ficar ao desamparo.

O sentimento, quando é nobre e raro,
Veste tudo de cândida poesia...
Um bem celestial dele irradia,
Um soneto não é parco nem avaro.

Um doce bem que se derrama em tudo,
Um segredo imortal, risonho e mudo
Levam-nos a uma grata alegria.

E nossos olhos ficam rasos d' água
Quando rebentos de uma oculta mágoa
Nos trazem o sentido da harmonia.

Modesto

quarta-feira, 12 de março de 2025

AMO-TE COM HUMILDADE

 Amo-Te, Maria, eu amo-Te tanto
Que meu peito dói-me como em doença
E quanto mais me vem a dor intensa
Mais cresce na minha alma Teu encanto!

Ante o mistério da amplidão suspensa,
Como criança que vagueia o canto,
Meu coração é um vaso de acalanto:
Põe em verso uma humildade imensa.

Não é maior o coração que a alma,
Nem melhor a presença que a saudade...
Amar-Te é Divino e sinto calma.

Uma calma tão feita de humildade...
Quão mais Te soubesse pretendida
Mais seria terna a minha vida!

Modesto

terça-feira, 4 de março de 2025

Ó LUZ DA FÉ

Ó Luz que eu adoro, ó Luz que eu amo,
Movimento vital da Natureza, 
Ensina-me os segredos da Beleza
E de todas as vozes por quem chamo.

Mostra-me a força, o pequenino ramo
Dos fortes e dos justos da Grandeza,
Ilumina e suaviza esta rudeza
Da vida humana, onde combato e clamo.

Esta minha alma é solidão de prantos!
Cerca com Teus Anjos de brava crença,
Defende com Teus Guerreiros Sacrossantos.

Dá-me enlevos, deslumbra-me na imensa
Porta esferal, dos constelados mantos
Onde a Fé no Meu Senhor se condensa!

Modesto

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

TENTANDO FLORESCER

 Floresço! Vivo para a Natureza,
Para o Amor Imortal, largo e profundo!
O Bem Supremo de esquecer o mundo 
Reside nesta límpida grandeza.

Floresço para a Fé, para a Beleza
Da Luz, qu' é como um vasto mar sem fundo,
Amplo, inflamado, mágico, fecundo,
De ondas de resplendor e de pureza.

Ando em vão na Terra, a apodrecer
À toa das trevas, a esquecer
A Natureza e os seus aspectos calmos.

Diante da Luz que a Natureza encerra
Ando a apodrecer por sobre a Terra,
Antes de apodrecer nos sete palmos...

Modesto

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

SOZINHO NA MONTANHA

 De alma doce, triste e palpitante...
Que guitarras soluçam solitárias
Pelas montanhas ingremes, visionárias
E com sonho secreto e fascinante?

Quantas fontes de água purificante,
Quantos silêncios, quantas pedras várias,
Esféricas, imortais imaginárias
Falam contigo, ó alma cativante?

Uma chama acende os faróis noturnos
E veste os meus segredos taciturnos
Dos esplendores do arco da aliança!

Por que sou assim, melancolicamente,
Como um arcanjo infante, adolescente,
Esquecido nos altos da esperança?!

Modesto

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

SAUDADES DAQUELE CAMPO

 Quando cheio de gosto e alegria,
Este campo avisto florescente,
Então vem-me uma lágrima ardente
Com mais ânsia, mais dor, mais aginia.

Aquele mesmo campo que desvia
Do humano peito a mágoa inclemente,
Este mesmo em  imagem diferente
Toda a minha tristeza desafia.

E, das flores a bela contextura
Esmalta o campo na melhor fragrância,
Para dar uma ideia de ventura...

Como, ó Céus, para o ver terei constância
Se cada flor me lembra a formosura
Da bela causadora da minha ânsia?

Modesto

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

ESPERAR A HORA...

 Queria repousar desta vida de agora
E esquecer, no silêncio, a dor que me lacera:
Não posso ter em mim o ardor da Primavera,
E dentro do meu peito uma saudade mora...

Há sempre uma lembrança a recordar de outrora
Que me faz sonhador e há sempre uma quimera
Que ainda vive em minh'alma à semelhança da hera
Pregada sobre o muro em ruínas que a vigora...

Queria afastar-me do mundo e a alma selvagem
Repousar bem distante... à beira de um remanso
Entre o beijo do vento e o choro da folhagem,

E esperar, sem ninguém, o prosseguir da vida.
Depois... Chegando a morte, em preito ao meu descanso,
Deixar a minha cruz na solidão perdida!...

Modesto

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

POESIA

 Dormem versos nos rubros corações,
Como sonhos vividos de quimera...
Depois, ao longe, ouvem-se as canções:
A andorinha, a rola, a Primavera...

Dentro do cofre deste coração
Há pérolas, rubis, jaspes, safiras,
Um rouxinol feliz traz a canção
Acompanhada de suaves liras.

A minha seara está madura
À espera do Ceifeiro Diligente.
A mesa do poeta tem fartura
Daquele pão que mata a fome à gente.

Os meus versos são ramos de oliveira
Que alguém num alto mastro colocou...
Quem viu esta pacífica bandeira,
Sorriu e de alegria até cantou!

Modesto

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

VIDA SIMPLES

 Dá-me, Senhor, a alma simples, pura
Para Te amar e para Te servir;
Que o meu olhar vestido de candura
Na luz do sol Te possa descobrir.

Dá-me a tranquilidade segura
E a promessa das flores a abrir;
Que descubra nos outros coisa pura
Através do chorar e do sorrir.

Enche o meu coração de amor perfeito,
Põe uma rosa dentro do meu peito
Pra perfumar a minha humildade.

Que voe pelo céu meu pensamento
Que no sol, na lua, em todo o firmamento...
Veja imagens de simplicidade.

Modesto


quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

VIVA O SILÊNCIO

 O meu silêncio, às vezes, faz-me bem! 
Preciso de pensar um pouco em mim.
Certos silêncios fazem-nos tão bem...
O Inverno é um repouso no jardim!

Gosto de estar sozinho na montanha,
Aprecio o sossego da paisagem,
Vejo o rio feliz que as margens banha
Levando até à foz uma mensagem.

E no silêncio crescem as maçãs,
E no silêncio brilham as estrelas,
E em silêncio formam-se as manhãs
Vestidas como noivas todas belas!

Falta silêncio nesta sociedade
Que vive e se desloca em burburinho...
A agitação constante na cidade
Faz a gente perder-se no caminho!

Modesto

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

ATENÇÃO

 Tu que sofres na vida, não me leias,
Podes, talvez, sentir desilusão;
Antes pensa na vida das colmeias,
Terás no peito mel e uma canção.

Li e reli meus versos e pensei:
Quem irá entender o que escrevi?
Uma alegria e dor neles deixei,
Em todos ri, chorei, amei, sofri.

Tu não queiras seguir os meus caminhos,
Não te iludas com sonhos de poetas:
São roseiras que só têm espinhos
E a vida nada tem de borboletas.

Talvez um dia, alguém descobrirá
Que também tinham alma e sentimento,
Que foram para muitos um maná
E às almas tristes deram alimento.

Modesto

BALADA DOS AMORES

Escuta, Menina, como as aragens Trazem do arvoredo à fresca romaria; Como este sol é rubro de alegria, Que tons de azul nas límpidas paisage...