terça-feira, 30 de maio de 2017
A MUSA
Ela foi um canto de alegria,
Musa do qu' escrevi em seu louvor,
Pôs-me um véu azul na fantasia,
Num sonho impossível ao amor:
Que foi luz, que foi som, beleza, cor...
No meu mundo fugaz de cada dia,
Que foi de tudo perfume e flor...
Deixou vida monótona, vazia!
Está presente no meu pensamento,
Estrela a luzir no firmamento
Que ora vai, ora vem... me deixou!
Passa plo céu num rápido momento...
Foi estrela-cadente, cintilou!
Mas... na sombra da noite, s' apagou!
Modesto
segunda-feira, 29 de maio de 2017
CRESCE E VIVE
Cresce, vive para a Natureza,
Para o Amor Imortal, Profundo.
Reside nessa límpida grandeza
O Bem Supremo que govern' o mundo!
Cresce na boa fé e na beleza
Da Luz que é como um mar profundo,
De ondas de resplendor e pureza,
Amplo, lindo, mágico e fecundo!
Andas na terra a apodrecer
À toa, nas trevas a esquecer
A Natureza, seus aspectos calmos!
Na luz que a Natureza encerra,
Tu podes viver bem sobre a terra,
Antes d' apodrecer nos sete palmos!
Modesto
domingo, 28 de maio de 2017
O JARDIM DE PRIMAVERA

Tenho um jardim com flores,
Lavandiscas, passarinhos,
Borboletas - tantas cores -
E ovos brancos nos ninhos.
Também há um caracol,
Um lagarto entr' a hera,
Gosta dos raios do sol...
Sabe que é Primavera!
Já abriu o formigueiro,
A cigarra com canção...
E o sapo jardineiro,
O grilo canta no chão.
Há essência do ser,
A pureza do amor,
A ternura de querer,
A magia do odor!
E há crianças medrosas,
Pétalas vão desfolhando,
No jardim, parecem rosas,
As roseiras reclamando...
Modesto
sábado, 27 de maio de 2017
RIQUEZA NÃO DÁ FELICIDADE
O pouco que tens, não o vejas com desprezo,
Nem o deites ao lixo dos teus pensamentos.
O sol põe-se hoje, amanhã volt' aceso,
A vida é feita de bons e maus momentos!
Não cobices nada, nem tenhas mil lamentos,
Porque o que é bom, não se mostra indefeso.
Vai! Deixa tudo nos cofres dos testamentos...
Riqueza? Morrendo, não levas esse peso...
Quem tem muito sabe bem aquilo que vale
O suor para conquistar cada detalhe...
Ou o pouco que tem conserva-o com zelo.
Olha em volta, na fria madrugada:
Vê! Vive melhor aquele que não tem "nada"
E o pouco que tem, agradece por tê-lo!
Modesto
sexta-feira, 26 de maio de 2017
SONHO OU PESADELO
Vou morrer de lágrimas de encanto,
Mas só quando a dor tiver cessado.
Quando toda a pena for de pranto,
O amor é canto inacabado.
E a vida traz-nos o desencanto
Com um velho sonho já acabado.
Mas esta luta faz-se sempre canto
E, depois, termina num belo fado.
Não há quem viva sem os pesadelos
- Razão porque branqueiam os cabelos -
Escondidos nas dobras dos lençóis.
É neles que se sonha docemente,
Antes, o sol já se pôs no poente,
O sol que procuram os girassóis.
Modesto
quinta-feira, 25 de maio de 2017
COMO TEU AMOR POR MIM
Há algo em ti que iguala as plumas
Das aves que te visitam nas janelas,
O teu brilho a flutuar nas espumas
Do mar, sempre que te deitas sobre elas!
Há uma luz de ondinhas luminosas,
Pétalas de malvas, seda de libélulas,
Quando tu falas e sonhas com as rosas,
Com algum bocado da ternura delas...
Há algo tão leve e inamovível:
Um aroma de brisa imperecível
Qu' em ti é tão leve que ao imortal junta...
Espírito liberto como as rãs
No seu húmido orvalho das manhãs
luminosas, belas, que não faltam nunca...
Modesto
quarta-feira, 24 de maio de 2017
SÃO MIGUEL DOS AÇORES
Ao olhar extasiado prás flores,
Vejo bela verdura graciosa!
São Miguel é parcela dos Açores,
Lindas paisagens... És bem radiosa!
Santo Cristo, São Miguel, implorei
Que nesta visita, intercedessem,
Mesmo eu, que tão pouco Lhes rezei,
Uma pequena graça concedessem.
Como ave, eu queria voar,
Ao mais alto pico me elevar,
Tão alto como se fosse açor!
Vendo, em redor, por sobre o mar...
Quem os Açores não gosta d' amar,
Para ver bem a Ilha do amor...
Modesto
quinta-feira, 18 de maio de 2017
VIVER A ALEGRIA DAS AVES
A dor que já não me dói, agoniza.
Corrompeu a fundo todo meu eu!
Agora, meu coração ironiza
A dor que, como folha, se perdeu!
Já ouço, no murmúrio da noite,
O canto alegre da cotovia,
Aplacando na alma o açoite
Do vazio diurno que sentia.
Do amor que não me foge, eu sinto,
Como um azul dum céu de jacinto,
Que me invade, sacode e diz:
Abre-te à alegria e canta
Com gosto o soneto que encanta...
Faz como as aves! Serás feliz!
Modesto
quarta-feira, 17 de maio de 2017
SONHO, SIM!
Ainda sonho, sim! Não sou capaz
De pôr freio à imaginação!
Minh' alma tem asas: Forte, audaz,..
Romperei grades de qualquer prisão!
Há horas d' anseio, horas de paz,
Sucumbe fácil o meu coração...
Mantenho a coragem pertinaz
D' abrir as asas e largar o chão!
Entre ódios, guerras, fomes, baixeza,
Sonhos são baluarte de defesa,
Trazem à alma o discernimento.
Não fora o sonho qu' é sal da vida,
Exp'riência cruel, dolorida...
Viver seria frustração, tormento!
Modesto
terça-feira, 16 de maio de 2017
QUE FUTURO?
Quando ponho meus olhos no futuro
Vislumbro uma nesga d' esperança.
Embora me pareça tão escuro...
Com grito de justiça me alcança.
Penso que este canto tão estulto
Proponha para todos nova dança,
Vibrando com força sem nos dar susto...
Lembro que 'inda há amor-criança!
Teima no nosso peito resistir
Beleza, sensação de bom provir,
Trazendo um bom tempo que promete.
Mas, eu sei que pareço sonhador
Promessa de aroma desta flor...
Mas minh' ilusão a nada remete.
Modesto
sábado, 13 de maio de 2017
A MAIS BELA FLOR
Havia uma flor singela e tão frágil,
Sozinha ali, perdida entre as ervas.
Gostei muito dela, pois de forma fácil.
Irradiava beleza tão sem reservas!
Gostei de toda a sua delicadeza
E as suas cores parece que sorriam!
Alegro-me ao ver esta sua beleza...
Até os que passam por ela, assobiam!
Vou guardar-te para ninguém te pisar,
E, por isso, junto de ti, eu vou ficar,
Serei para sempre teu anjo protector!
Dora em diante, tu serás minha vida.
Quero ver-te sempre mui bela e florida,
Junto de ti, envolvo-te no meu amor!
Modesto
sexta-feira, 12 de maio de 2017
NO ADEUS À MINHA TERRA
Adeus... Deixo aqui a minha história
Em lágrimas caídas... Riso não veio!
Levo o ar dos teus montes na memória
E do abrigo das fugas no seu meio.
Vou com o coração partido ao meio,
O amor perdido na luta inglória.
Ser derrotado no amor, não é feio...
Vou à conquista de alguma vitória!
Digo-te adeus e ninguém me diz nada!
Mas levo-te em mim, na minha jornada.
Deixo-te... Não vou sentir tua aragem!
Pelo mundo fora, há céu adiante.
Noutro lugar, colho a flor do instante...
Vou! Mas levo na ment' a tua paisagem!
Modesto
quinta-feira, 11 de maio de 2017
SOLITÁRIO NA MONTANHA
A minha vida é a montanha ideal:
Tem penedos, um precipício sombrio,
Tem pedras de um requinte escultural,
Seus horizontes são vistas de grande brio!
Os pássaros voam e cantam agonias,
Num piadeiro comovido do seu mal.
No decorrer das horas, no correr dos dias,
Seus cantares têm sons de vida final.
Minha vida é a montanha e tem lírios
Daquele roxo macerado de martírios...
Mas tudo tão belo que nunca viu alguém!
E é nesta bela montanha que eu moro:
Todas as noites, lá, rezo, grito e choro...
Mas ninguém me ouve, ninguém me vê... Ninguém!
Modesto
quarta-feira, 10 de maio de 2017
A VIDA DA GENTE
A aurora é como o alvor da vida:
A manhã é como a criança insonte,
A luz do sol é tão branda e comedida,
Campo é alegre, resplendece o monte!
Nove horas, anda gente enfurecida:
Deixa a casa, escolh' outro horizonte,
A senda incerta que vê, desconhecida...
A mocidade corre com vento de fronte!
Meio dia, o calor da actividade.
Três horas, esconde-se na austeridade.
Seis horas, vem uma pausa de esperança!
Retorna a casa com alguma saudade!
É o repouso fatal, ao fim da idade...
E... há o sonho prolongado de criança!
Modesto
terça-feira, 9 de maio de 2017
VISITA AO PASSADO
Est' é o rio, a montanha é esta,
Os mesmos troncos e os mesmos rochedos,
Esta é a mesma escura floresta,
Estes são 'inda os mesmos arvoredos.
Tudo, cheio de amor, se manifesta:
Rio, montanha, vales e os penedos.
Tanta cena alegre - havia festa -
Havia amor com suaves enredos!
Oh, como me lembro de vos ter subido,
Pelo verde vale tão humedecido,
Aqueles montes que se iam baixando!
Esta memória que me tem retido,
Com tantas saudades deste bom ruído...
São recordações que me vão despertando!
Modesto
segunda-feira, 8 de maio de 2017
MANHÃS DE SOL E NUVENS
Vários dias vejo um lindo evento
Na imensidão do céu - e é tão vistoso! -
Vai-se desmanchando com o sopro do vento,
Nuvens que formam desenho misterioso!
Feito criança, fico lá, silencioso
E vou longe, ao sabor do meu pensamento!
Vejo o belo desenrolar amistoso,
Quantas histórias com figuras invento!
São as fadas, são duendes, são os rebanhos...
Toda espécie de bichos e tamanhos,
Aparecem, lá no céu, por algum instante!
Vejo a Cruz, vejo o Cristo Salvador,
Tangendo nuvens, como se fosse Pastor,
dando alento ao meu olhar de infante!
Modesto
domingo, 7 de maio de 2017
O SENHOR É MEU PASTOR
Ovelhas do Bom Pastor,
A divina caridade
Aprendamos, Salvador,
Com universal verdade!!
És o nosso Bom Pastor,
Ressuscitaste, 'stá vivo!
No meu viver, Redentor,
Tua palavra revivo!
Ó santa Humanidade,
Ó vida d' eternidade,
Dá-me a salvação total.
És o nosso Bom Pastor,
Por prados verdes, Senhor,
Salva meu ser integral!
Modesto
sábado, 6 de maio de 2017
VIDA FOLGADA
Todos querem saúde, amor e grana,
Passar o tempo num fogoso corcel,
Fugir... viver o amor numa cabana
E um campo em flor, com favos de mel!
Todos querem ter uma vida cigana,
Andar por aí, numa tenda ao leu,
Trocar a lua por louvores e grana
E piscina cheia , com água do céu!
Num mundo de inveja e falsidade,
São os prisioneiros da liberdade,
Aqueles que querem luxo, apogeu...
O sol, o mar... a infinita beleza,
As formas que compõem a Natureza...
Alguns seguem a senda que Deus lhes deu!
Modesto
sexta-feira, 5 de maio de 2017
FLORES DE MAIO
As flores de Maio são tão formosas,
Iguais a outras que 'stão no jardim!
Todas com espinhos como as rosas,
Nem todas com aroma do jasmim.
Apresentam-se de várias cores,
Todas são vivas e lindas de facto.
'Inda não há árvore que dê flores,
Mas há a mais bela qu' é a do cacto!
Todas me fazem os dias felizes,
Alegram-me com seus lindos matizes,
Lembram minha infância em Maio!
Agora, tenho tempo para tudo:
Insectos voam, já com pé carnudo...
E eu fico no jardim e não saio!
Modesto
quinta-feira, 4 de maio de 2017
VIVE ENQUANTO JOVEM
Tempo é relógio em movimento,
Tudo que é velho teve mocidade!
Vive com intensidade o momento
E cada momento com intensidade.
A vida é fantasia, encantamento,
E cada minuto tem eternidade.
Quem semeia o mal colhe sofrimento,
O amor é fruto da felicidade!
E não te deixes levar nas ondas calmas
Mas que seguem sem rumo no vão das almas
E vive o instante em plenitude!
Cada brilho da vida que nos é dado
É "horas mortas", deixadas no passado...
Vive dia a dia a juventude!
Modesto
quarta-feira, 3 de maio de 2017
VALORES DEGRADADOS
O meu planeta que se nos apresenta
Em tão grande degradação de valores...
Peço um milagre que nos acalenta
Neste mal estar em palco de horrores.
Venha uma Força do céu bem visível
À nossa terra de florestas e mares...
É o vil poder de que nada é crível:
Dissipémo-lo em fumaça nos ares!
Que brotem dum solo já não aguerrido
Nossa oração em soneto sofrido,
Sementes de bênçãos pró que nos compraz.
Haja universo de entes queridos,
Sejamos família, braços 'stendidos,
Juntos e unidos, sigamos em paz!
Modesto
terça-feira, 2 de maio de 2017
UM BELO AMANHECER
Energia da manhã mostra nudez
Esguia, na liberdade de viver.
O dia nasce, vejo-o desta vez
Com' um lindo sonho pod' acontecer!
O mundo renasceu e, por sua vez,
A bela aurora me 'stá a querer!
Mas ela mostra-se com tal altivez,
Qu' eu olho pra ela, não a posso ver!
Beijo este vermelho que me abraça:
Beleza sem igual, um dia com graça,
Cheio de fulgor, ilumina a flor!
Vivo toda a beleza desta manhã,
A tarde vai ter arrebol de romã:
Pela tardinha, vou ver o meu amor!
Modesto
segunda-feira, 1 de maio de 2017
VEM VER O PÔR DO SOL
Queres, daqui, ver o sol se pôr?
Vem depressa, pois vai ser mesmo lindo!
Enquanto vens, distrais a tua dor,
Vendo o céu vermelho, o sol partindo.
Vem! Podes ou não falar dessa dor,
Pensa, porque o dia já está findo.
Vai, num raio de sol pr'onde ele for,
Tudo o que é mau, vai despedindo...
Se tudo é tão triste como dizes,
Repara que há muitos infelizes
Sem poder admirar esta beleza!
Vem ver o pôr do sol, que te evades!
Deita fora tristezas e saudades
E vê com' é bela a Natureza!
Modesto
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