terça-feira, 8 de novembro de 2011

A CHAMA ACESA

Andei pelos campos em largo passo,
Ao de leve, tocava-m' a ramagem,
Musas, adivinhando meu cansaço,
Declamavam poemas da paisagem.

Penetrei num pomar de largos braços,
Saboreei a frescura d'aragem...
A poesia prendeu-me com laços
Que as musas traziam na bagagem.

Sentei-me à sombra da macieira,
Caiu uma maçã de cor... e fria
Pra saciar a sede passageira
E deliciar-me com poesia.

Nessa tarde, repleta de saudade
Em qu'as musas me chamavam Romeu,
Senti, em mim, grande felicidade:
Lembrei-me que meu amor 'ind'era teu!

Minh'alma que por ti palpita amante,
Esqueceu alegrias do frescor,
Rompeu com o perfume 'stonteante...
Libertei-me d'angústias e dor!

Cheguei... Estavas tu entristecida!
Logo um poema me ocorreu,
Declamei-o na noite colorida,
Co'a lua a segredar-te o amor meu.

Modesto

2 comentários:

  1. Que lindo poema, Modesto!
    Como vinham preparadas, as musas, para o enlaçar, a ponto de o incentivar a produzir uma tão bela poesia!
    Parabéns e, obrigada pela partilha, que tão bem sabe, receber, a estas horas tão matutinas!

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  2. Belo!!!Sem palavras, mas sem bloqueios!!! Elas se atopelam e enlaçam em turbilhões desencontrados, preenchendo vazios sem fuga...causando desatinos fora de tempo e espaço!!! Irresistível: pela beleza, pela forma e pelo conteúdo!!!

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