domingo, 20 de novembro de 2011

POEMA AO CORRER DA CANETA

Encontro-te ao vento ameno da Primavera...
Passagem de improviso e fugaz
Que se ouve nos ramos dos pinheiros
E me envolve no teu abraço de paz.

Trazes-me o perfume da minha terra,
Do sol, da paisagem e do Douro,
Do sabor da vida, do nosso miradouro...
Tudo o que a fantasia encerra.

Recordas-me o melancólico voo dos falcões,
Inconscientes das maravilhas do sol-posto,
Do entardecer dos nossos dias folgazões
E do último abraço com gosto.

Como recordo, em pranto,
Aquela partida em silêncio,
Numa ida demorada e sem encanto,
Sem que me dissesses adeus!
Meu olhar perdia-se pela lonjura,
Corria solto ao tempo e ao vento,
Tentando ver-te à janela, por dentro,
Para aliviar a minha amargura,
Repousar os meus olhos nos teus...
Dizer-te o último adeus.

Eu perguntava ao vento
Se sabia de ti...
Logo, uma margarida branca, ali,
Me acenava, serena, e me avisava
Que teu amor por mim não minguava...
E... De pé... Estarias ali!

O fascínio quebrou-se ao toque do sino
E me fez jurar que voltaria,
Apertando no peito a tua fotografia...
Completaríamos o nosso destino.

O nosso mundo era ainda magia
De descoberta da nossa melodia,
Como sonho a despertar ao amanhecer,
Enquanto a fragrância das flores acaricia
E a brisa da manhã afaga o acontecer!

E... Foi tudo como a luz do sol quando amanhece...
Tu esperaste que eu viesse,
Naquela madrugada,
Para que a solidão se desvanecesse,
Na bruma da música sonhada...

Modesto

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