sexta-feira, 7 de novembro de 2025

HORAS SOMBRIAS

Horas de sombra, de silêncio amigo
Quando há o encanto da humildade
E que o Anjo branco e belo da saudade
Roga por mim no seu perfil antigo.

Horas em qu´o coração não vê perigo
De gozar, de sentir com liberdade...
Horas da asa imortal da Eternidade
Aberta sobre o tumular jazido.

Horas da compaixão e da clemência,
Dos segredos sagrados da existência,
De sombras de perdão sempre benditas.

Horas fecundas de mistério casto,
Quando do céu desce, profundo e vasto,
O repouso das almas redimidas.

Modesto

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Ó ALMAS INDECISAS!

Almas ansiosas, trémulas, inquietas,
Fugitivas abelhas delicadas
Das colmeias de luz das alvoradas,
Almas de melancólicos poetas.

Que dor fatal e que emoções secretas
Vos tornam sempre assim desconsoladas,
Na pungência de todas as espadas,
Na dolência de todos os ascetas?!

Nesta esfera em que andais, sempre indecisa,
Que tormento cruel vos nirvaniza,
Que agonias titânicas são estas?!

Porque não vindes, almas imprevistas,
Para a Missão das Límpidas Conquistas
E das Augustas, Imortais Promessas?!

Modesto

terça-feira, 14 de outubro de 2025

MARIPOSA FIEL À CHAMA

Ó tu do grande amor fiel traslado
Mariposa, entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.

Tu de amante o teu fim hás encontrado,
Essa flama gigante apetecida,
Eu girando uma pinha endurecida
No fogo que exalou, morro abrasado.

Ambos, de firmes, anelando chamas,
Tu a vida deixas, eu a morte imploro,
Nas constâncias iguais, iguais nas famas.

Mas, ai!, que a diferença entre nós choro!
Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro sem chegar à Luz, que adoro!

Modesto

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

OUTUBRO

Devagar que 'inda agora era Setembro
De areias tocadas de sol e vento!...
Desse odor a mar, ainda me lembro,
Vem Outubro tão calmo e ternurento...

Caminha misterioso e dourado,
Deixando no ar a melancolia;
O seu passo envolvente e pausado
Escreve em mim mais amor, mais poesia.

Doce Outubro, vindimas e colheitas,
Entre os homens patrões contas são feitas:
Quem bem semeia, bastante há-de colher.

Em tela orvalhado de beleza
Com mil cores vai pintando a Natureza
E meu peito num doce enternecer!

Modesto

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

ÁGUIA, LEVA-ME CONTIGO

Vou contigo por estas cordilheiras!
Põe teu manto e bordão e vem comigo,
Atravessa as montanhas sobranceiras
E nada temas do mortal perigo!

Sigamos para as terras condoreiras!
Vem resoluto, que eu irei contigo
Dentre as águias e as damas feiticeiras,
Só tendo a Natureza por abrigo.

Rasga florestas, bebe o sangue todo
Da terra e transfigura em astro lodo,
O próprio lodo torna mais fecundo.

Basta trazer um coração perfeito,
Alma de prefeito, sentimento eleito,
Para voar de lado a lado o mundo!

Modesto

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

FLOR DE LARANJEIRA

Lembro-me duma antiga companheira
Daquele tempo de feliz adolescente
Que chegou ao pé de mim e de brincadeira
Beijou-me a boca tão discretamente.

Foi nesse dia que pela vez primeira 
Senti em meu corpo algo diferente
Com aquele perfume de laranjeira,
Que ainda hoje o meu olfato sente.

Mas ficou somente nesta única vez
Porque ela mudou-se daí a um mês
Mas sua presença não esqueci jamais.

E agora quando sinto estes odores,
Recordo-me dela junto às flores 
E daquele tempo que não volta mais.


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

FÉRIAS NA NATUREZA

Férias no meio da Natureza,
Cercada por muitos encantos,
Dos pássaros ouvindo o canto,
O vento a bailar com certeza.

Dias de color à beira rio,
Outros com muita neblina,
Noites com roupa bem fina,
Cantando o ralo vadio.

Pela manhã, a lida do gado,
E os pássaros em namoro,
Fazendo cenas sentidas.

Antes do almoço a montaria,
E aquela volta pelos campos,
Sempre em boas companhias.

Modesto

HORAS SOMBRIAS

Horas de sombra, de silêncio amigo Quando há o encanto da humildade E que o Anjo branco e belo da saudade Roga por mim no seu perfil antigo....