segunda-feira, 30 de setembro de 2013
O POETA E A FOLHA EM BRANCO
Com difusos sentimentos,
Mergulho num labirinto...
Inquietos pensamentos,
Não sei dizer o que sinto!
Há pormenores dispersos,
Deserto que me intima
A escrever os meus versos...
Sou impotente na rima!
No silêncio dorido,
Busco luz num cais distante...
De lápis emudecido,
Entre névoa constante...
Teu rosto iluminado
É luz na escuridão.
Teu sorriso bem pensado,
Tira-me da 'stagnação!
Com o papel enrugado,
Busco teu calor amigo...
Num gesto precipitado,
Caio em trevas comigo.
Falta-me inspiração,
Nest' universo sombrio.
De folha branca na mão,
Só há poema vazio!
Modesto
domingo, 29 de setembro de 2013
OUTONO GENTIL
Ó Outono gentil dos meus amores,
Minha arca de ilusões etéreas,
Chove na terra sementes de flores,
Chova do céu cintilações sidéreas!
Acinzenta, Outono, meus fulgores,
Na auréola dos dias risonhos!
Tu ou sorves o fel das minhas dores
Ou retiras o néctar dos meus sonhos!
Chegaste cedo, ó triste Outono,
Com dias a tornarem-se tristonhos...
Queres fazer dormir eterno sono,
Num campo triste sem rosas nem flores,
Arca fria de cerúleo sonho,
Ó Outono gentil dos meus amores!
Modesto
sábado, 28 de setembro de 2013
UM PASSRINHO CANTA

Um passarinho que canta
Pró seu cantar se perder!
Voz tão bela que encanta
E, às vezes, faz sofrer.
O seu canto vai fundir-se
No éter puro, sereno,
Em silêncio 'stá rir-se
Dos homens e seu mistério.
Um passarinho que canta,
Apenas porque é vida.
A vida não é só canto,
Mas é efémera vida!
Modesto
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
NAS MARGENS DO DOURO

Não esqueço a beleza, a poesia
Daquela beira rio, ao sol radiante,
Onde passei dias repletos d'alegria,
N'adolescência em flor e distante.
A menina, n'areia, ligeira corria.
Tinha passado a cheia, era vazante...
A safra da pesca ao sol, nos envolvia
Um ar puro, misterioso e fragrante.
O arvoredo verde-escuro nos ladeia.
A praia é fulva, o canavial ondeia.
A várzea, além, tem suave pendor...
Vejo, com alma fervente e hirtos músculos,
Incendiar no poente belos crepúsculos...
Baixa o luar, no céu, todo esplendor!
Modesto
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
SONHOS AO CREPÚSCULO
Vêm os sonhos dourados ao crepúsculo,
Apenas sonhos encerrando o dia.
Aparece, em sonho, um lindo corpúsculo
Fazendo a tarde parecer magia.
Sonhos, apenas sonhos nos crepúsculos,
Que contam rotas e lembram emoções
Dos dias idos, ocasos em opúsculos,
Coisas profundas de muita afeição.
É único! É um sonho esta vida!
Quando se acaba, já está perdida!
Perdas, sonhos desfeitos, fazem o ser.
Pois são os tons de cinza escurecidos
Que acolhem corações enternecidos...
É amor perfeito ao anoitecer!
Modesto
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
PORQUE HÁ CRIANÇAS...
Senhor, olha que vida desvairada!
Estás tão longe, qual é a razão?
Tenho medo da vida aniquilada,
De ver a infância sem ter pão!
No Céu, ouves a mãe desempregada,
Que Te implora graça, compaixão...
Que a família seja alimentada,
E haja tecto e educação!
Há tanta criança esfomeada
Que grita e treme por não ter pão!
E jovens com vida ameaçada
Pelo tráfico, dor e solidão...
Vê a juventude escravizada
Com baixo salário do patrão...
Se vem chuva fica assustada,
Tem medo de não ter um barracão!
Senhor, muita coisa está errada,
Neste mundo de tanta corrupção...
Vem um pouquinho à nossa morada
Tirar Teus filhos desta podridão!
Modesto
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
ROSA RUIVA DA INFÂNCIA
Trabalhei em pequenino, com cansaços,
Num mundo de amarguras... Solicitude!
As dores? Embalava-as nos meus braços,
À espera que chegasse a juventude!
Brinquei com Rosa ruiva, desbravei 'spaços...
Pra uns era bondoso: Tinha virtude!
Afoguei mágoa, tédios, fracassos...
Mas fiz a todos, todo o bem que pude!
Tive sonhos, deleites, amores vãos,
Saltei amarras, distância, ausência...
Mas, na minha alma, sempre fui feliz!
Escondi-me de castigos temporãos,
De males que fizeram sem consciência...
Minh'infância deu-me tudo o que eu quis!
Modesto
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