quarta-feira, 29 de agosto de 2018
MANHÃS DE VERÃO
Entrei no Verão e senti o calor,
Vesti roupa leve, toquei violino.
Senti que o mundo vivia d' amor,
Fui ao jardim colher rosas sem destino.
Recordei o tempo em qu' era menino,
Senti, inquieto, a 'spuma do mar.
Desenhei um papagaio pequenino,
Dobrei a folha, na praia a brincar.
Reparei nas belas paisagens de cor,
Deparei com uma ilha tod' em flor
E, no meio, pintassilgos a cantar...
Queria vê-los, pô-los na minha mão,
Quando senti confuso meu coração...
Eram manhãs claras, boas pra amar!
Modesto
sábado, 25 de agosto de 2018
ESPERANÇA
A 'sperança não morre e nunca nos cansa,
Ela não sucumbe, é como a crença!
Vêm-se os sonhos a crescer na criança
E vão-s' os sonhos na velhice com esp'rança!
Há, no mundo, gente infeliz que não pensa,
Já qu' o mundo é uma ilusão completa!
É preciso ter a esp'rança por sentença:
O mundo tem corrente que nos manieta!
A mocidade lança-se em alto grito,
Serve-se da crença como banal bendito,
Sua euforia pró futuro avança....
Vem o tempo de s' atrelar ao desalento,
Um tempo em que se vive só de tormento
E ouve-se a voz que sempre diz: Descansa!
Modesto
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
CÂNTICO DO CONVÍVIO EM S. LOURENÇO DO DOURO.

Viemos aqui cantar,
Com alegria, prazer:
A todos queremos dar
Alegria de viver.
Cá 'stá o Zé do Tractor,
Que toca com alegria...
Canta, seja onde for,
Seja noite, seja dia.
Todos nós aqui cantamos
Com amor e com carinho
E o melhor desejamos
Ao novo e ao velhinho.
(REFRÃO)
Senhor Braz é um amigo
Que queremos saudar:
'Staremos sempre consigo
Aqui, em qualquer lugar!
Sempr' unidos cantaremos
Com prazer e alegria.
Qualquer dia cá 'staremos,
Convosco em companhia.
Agora, ao terminar,
Digamos com muit' amor
Foi muito bom cá estar,
Com a graça do Senhor!
Desconheço autor
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
UMA HISTÓRIA VERDADEIRA
Jesus, Meu Senhor,
Ajuda-me, por favor,
A ser verdadeiro,
Como Teu obreiro.
Não por mim, Senhor,
Mas por Vosso amor
E para Vossa glória:
Eu só tenho oito anos!
A morte já tem planos:
Com seus cavalos negros,
Carro de tição aceso,
Com seus olhos de morcegos
E olhar feio e vesgo
E ela quer-me levar,
No seu carro me deitar.
Eu estou com pneumonia:
A testa molhada, fria,
Com linhaça no peito
E meu corpo a seu jeito...
Este corpo pequenino
E leve...
A morte, evidentemente,
Sabe que estou doente,
Serei presa fácil em breve!
_ Ó Meu pequeno menino,
Eu sei que tu és franzino
E estou sempre contigo.
Procura ser Meu amigo,
Pla vida que vais ter longa,
Sem medo e mais delonga,
Prometo estar contigo
Na vitória e no perigo.
Vou-te dar pequenas cruzes,
Vencerás, como as urzes,
Em terreno seco, agreste,
E, mesmo sem forças, veste
A bela túnica branca
Que o teu Anjo te lança.
Conserva-a sempre pura,
Que só na vida madura,
A morte vem à procura...
Agora,
Sabes? Eu não vou embora
E o teu Anjo da Guarda
Tem tua força guardada
E já, já, ta irá dar:
Dá-lh' a mão pra levantar.
Agora vai tomar banho,
Depois, leva teu rebanho,
Pra no verde vale pastar
E tu vai-o guardar
Que Eu também vou contigo,
Como um teu bom amigo...
Era um vale relvado,
Seguido dum mont' elevado,
Com erva grande, acamada.
As ovelhas esfomeadas,
Depressa ficaram fartas!...
Num momento, desmaiei,
Pla encosta rebolei.
Ali fiquei desmaiado!
Mas senti-me afagado,
Por uma mão de conforto
Que me limpava o rosto,
Com um paninho vermelho.
E eu vi, como num 'spelho,
Jesus e mais os seus Anjos,
Não os da Guarda - Arcanjos!
E senti, junto a mim,
Anjos a tratar de mim...
Todas as minhas ovelhas,
Bem 'sticadas as orelhas,
Todas à volta de mim,
Pasmadas a olhar pra mim.
_ O gado já não tem fome!
Leva-o pró seu redil.
Vou dar-te força conforme
E tu estás do varil!...
Mas, ao metê-lo na corte,
A mãe aparece forte,
Quis saber como passava,
Pois estava admirada...
Disse-lhe: Jesus mandou
Que da cama levantasse,
Era bom que passeasse
E as ovelhas soltou.
Levamos o meu rebanho
E pegou-me como anho...
Eu no monte desmaiei,
Pla encosta rebolei...
Mas Jesus que é tão bom
Disse qu' eu estava bom!
A mãe disse: entendi!
Faço comida pra ti...
Vi a minha mãe chorar,
Rezar, graças a Deus dar...
Comi... paisagem fui ver
A brincar e a correr...
Modesto
(Poema escrito em 02 / 10 / 1951 - revisto e melhorado)
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