segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

AINDA QUERIA SER CRIANÇA










Quando eu era criança e tinha cheia
A minh' alma de sonhos bons e fugidios,
Como uma abelha que sai da colmeia
E voa livre pelo silvado bravio.

Quando, à noite, via o luar macio,
Vinha brincar no meu Douro com a areia,
Gostava, cheio d' enlevo, ouvir o pio
Da coruja que cantava lá na aldeia.

Que bendita foi essa primeira idade,
Já com os olhos abertos e felicidade...
Eu vivia como quem andava sonhando!

Ia prá cama e, enquanto não dormia,
A mãe rezava comigo o que sabia
E perguntava-me: «Amas-me até quando?»...

Modesto

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